Papa: Jesus é mais importante do que todos os Mandamentos

Pope Francis (R) interacts with participants during his weekly general audience at Paul VI hall in The Vatican on August 4, 2021. (Photo by Alberto PIZZOLI / AFP)

“Se puseres de lado o encontro com Jesus e quiseres voltar a dar mais importância aos Mandamentos, isto não é bom”

OPapa Francisco afirmou hoje que devemos o caminho dos Mandamentos, mas olhando para o amor a Cristo rumo ao encontro com Cristo.

Em sua catequese com os peregrinos reunidos na Sala Paulo VI, no Vaticano, o Papa falou sobre a lei de Moisés.

Quando Paulo, na Carta aos Gálatas, fala da Lei – explicou o Papa –, ele se refere normalmente à Lei mosaica, a Lei de Moisés, os Dez Mandamentos.

Segundo vários textos do Antigo Testamento, a Torá – que é o termo hebraico com que se indica a Lei – é a coletânea de todas as prescrições e regras que os israelitas devem observar, em virtude da Aliança com Deus. Uma síntese eficaz do que é a Torá pode ser encontrada neste texto do Deuteronómio, que diz: «O Senhor alegrar-se-á de novo em tornar-te feliz, como se comprazia no tempo dos teus pais, contanto que obedeças à voz do Senhor, teu Deus, observando os seus mandamentos e os seus preceitos escritos neste livro da lei, e que voltes para o Senhor, teu Deus, com todo o teu coração e toda a tua alma» (30, 9-10).

Benefícios da observância da Lei

O Papa Francisco explicou que a observância da Lei garantiu ao povo os benefícios da Aliança e assegurou a sua ligação especial com Deus.

Este povo, esta gente, estas pessoas, estão ligados a Deus e mostram esta união com Deus no cumprimento, na observância da Lei. Estabelecendo a Aliança com Israel, Deus ofereceu-lhe a Torá, a Lei, para que pudesse compreender a Sua vontade e viver em justiça. Pensamos que nessa altura havia necessidade de tal Lei, foi um grande dom que Deus ofereceu ao seu povo, porquê? Porque nessa altura havia paganismo em toda a parte, idolatria em toda a parte e o comportamento humano que deriva da idolatria, e por esta razão o grande dom de Deus ao seu povo é a Lei para ir em frente. Várias vezes, especialmente nos livros dos profetas, constata-se que a não observância dos preceitos da Lei constituía uma verdadeira traição da Aliança, provocando a reação da ira de Deus. A ligação entre Aliança e Lei era tão estreita que as duas realidades eram inseparáveis. A Lei é a expressão de que uma pessoa, um povo, está em aliança com Deus.

O Apóstolo explica aos Gálatas que, na realidade, a Aliança com Deus e a Lei mosaica não estão indissoluvelmente ligadas. O primeiro elemento em que se baseia é que a Aliança estabelecida por Deus com Abraão se fundava na fé no cumprimento da promessa e não na observância da Lei, que ainda não existia. Abraão começou a caminhar muitos séculos antes da Lei. O Apóstolo escreve: «Afirmo, pois: a Lei, que chegou quatrocentos e trinta anos mais tarde [com Moisés], não pode anular o testamento feito por Deus [com Abraão], em boa e devida forma, e não pode anular a promessa. Pois, se a herança se obtivesse pela Lei, já não proviria da promessa. Ora, foi pela promessa que Deus concedeu a sua graça a Abraão» (Gl 3, 17-18).  A promessa existia antes da Lei e a promessa a Abraão, a Lei, chegou 430 anos mais tarde. A palavra “promessa” é muito importante: o povo de Deus, nós cristãos, caminhamos pela vida olhando para uma promessa; a promessa é precisamente o que nos atrai, atrai-nos para o encontro com o Senhor.

Primeiro a promessa, a Aliança

O Papa afirmou que a Lei não é a base da Aliança porque veio mais tarde, foi necessária e justa, mas primeiro houve a promessa, a Aliança.

A Aliança vem antes, é a chamada a Abraão. Com efeito, a Torá, aLei, não está incluída na promessa feita a Abraão. Dito isto, não se deve pensar que São Paulo era contrário à Lei mosaica. Não, ele observava-a. Várias vezes nas suas Cartas, defende a sua origem divina e afirma que desempenha um papel muito específico na história da salvação. No entanto, a Lei não dá vida, não oferece o cumprimento da promessa, porque não está em condições de a poder cumprir. A Lei é um caminho que te leva a avançar para o encontro. Paulo usa uma palavra muito importante, a Lei é o “pedagogo” em relação a Cristo, o pedagogo em relação à fé em Cristo, ou seja, o mestre que te leva pela mão ao encontro. Aqueles que procuram a vida precisam de olhar para a promessa e para o seu cumprimento em Cristo.

Novidade radical da vida cristã

De acordo com o Papa, “esta primeira exposição do Apóstolo aos Gálatas apresenta a novidade radical da vida cristã: todos aqueles que têm fé em Jesus Cristo são chamados a viver no Espírito Santo, que liberta da Lei, levando-a ao mesmo tempo a cumprimento segundo o mandamento do amor”.

Isto é muito importante, a Lei leva-nos a Jesus. Mas alguns de vós podem dizer-me: “Mas padre, uma coisa: quer dizer que se eu recitar o Credo não devo cumprir os Mandamentos?”. Não, os Mandamentos são atuais no sentido de que são “pedagogos”, que te conduzem ao encontro com Jesus. Mas se puseres de lado o encontro com Jesus e quiseres voltar a dar mais importância aos Mandamentos, isto não é bom. E foi precisamente este o problema daqueles missionários fundamentalistas, que se introduziam entre os Gálatas para os desorientar. Que o Senhor nos ajude a seguir pelo caminho dos Mandamentos, mas olhando para o amor a Cristo rumo ao encontro com Cristo, conscientes de que o encontro com Jesus é mais importante do que todos os Mandamentos.

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