Palavra que ilumina

    O mês de setembro é um dos meses temáticos no Brasil; é conhecido pelos cristãos, principalmente por nós católicos, como o Mês da Bíblia, sendo comemorado no último domingo do mês o Dia Nacional da Bíblia. Isso tudo por que celebramos no dia 30 de setembro a festa de São Jerônimo, grande tradutor e comentarista da Bíblia Sagrada que, preocupado com sua divulgação e acessibilidade ao povo mais simples, traduziu a Palavra de Deus do hebraico e grego para o latim, o que muito facilitou a Igreja na propagação da Palavra Divina, uma vez que o latim, era, naquela época, conhecido pela maioria da população de então. É a preocupação da Igreja, de tornar acessíveis os textos bíblicos aos cristãos, isso tanto ontem, como também atualmente. Hoje, graças a Deus, encontramos a Bíblia traduzida em todos os idiomas, acessível a todas as pessoas.
    Cada ano o mês da Bíblia tem um tema. Já há três anos que temos trabalhado sobre a locução discípulo missionário. Neste último ano, depois de enfocarmos os evangelhos sinóticos nos anteriores, voltamos nosso olhar e reflexão para o Evangelho de João. Nesse sentido, ao nos convidar para reler neste mês esse Evangelho, a Igreja no Brasil, que quer “formar Discípulos Missionários a partir do Evangelho de João” (tema), coloca como lema: “Permanecei no meu amor para produzir muitos frutos” (cf. Jo 15,8-9). Os encontros propostos para nós neste mês seguem o caminho da “lectio divina” ou leitura orante da Bíblia, que deverá ser o método de nossos encontros nos círculos bíblicos, grupos de reflexão, grupos de estudos, pequenas comunidades. A leitura, meditação, oração e contemplação/ação ilumina nossas vidas e nossas histórias. Deixemo-nos guiar pelo Espírito Santo para podermos cada vez mais amar a Palavra de Deus (cf. Verbum Domini, 5).
    A Bíblia é carta de amor de Deus Pai endereçada a todo humanidade, principalmente aos batizados, a cada um de nós, seus filhos adotivos. Por isso, se quisermos conhecer o Projeto de Deus e o que o mesmo tem a nos comunicar, aprendamos a meditar a Palavra Divina diariamente, e, com certeza, encontraremos forças para conformar nossa vida à vontade de Deus Criador e Salvador, e assim abraçaremos a vida eterna. A Bíblia é, também, alimento para o cristão, pois como nos ensina Jesus Cristo: “Não só de pão vive o homem, mas de toda a Palavra de Deus” (Lc 4,4). Além da abundância da proclamação da Palavra na liturgia, nas celebrações, nos encontros, nas reuniões somos convidados a debruçar sobre ela pessoalmente, a cada instante. A tradição monástica reserva grande parte da madrugada para a “lectio divina”. O Papa Francisco tem distribuído na Praça de São Pedro muitos exemplares dos evangelhos para que o povo traga em seu bolso e leia sempre que for possível. Hoje também com os aplicativos dos telefones celulares torna ainda mais fácil levar a Sagrada Escritura para ser nosso alimento a cada instante de nossa vida.
    A Palavra de Deus é, ainda, luz para a vida, como nos ensina o salmista: “A tua Palavra, Senhor, é luz para o meu caminhar” (Sl 118,105). Todo aquele que a acolhe no seu coração, tem sua vida iluminada, tem uma vida transfigurada, torna-se luz para o irmão.
    Como cristãos, precisamos meditar, acolher, vivenciar a Palavra Divina. Precisamos deixar que a mesma ilumine nossa vida, ilumine nosso coração. Com certeza, se assim fizermos, é sinal de que o Espírito Santo está nos conduzindo; é sinal de que somos verdadeiros discípulos missionários de Cristo Jesus, e, a exemplo da Virgem Maria, Mãe de Cristo e Mãe da Igreja, teremos também frutos benditos para oferecer aos irmãos, e assim glorificaremos também a Deus.
    A Bíblia é o livro da humanidade! Ora, um livro tão procurado e lido por tanta gente deve possuir um segredo muito importante. A Bíblia contém a Palavra de Deus revelada à humanidade. A fé que mora em nós, nos diz que a Bíblia é a palavra de Deus para nós, “Não só de pão vive o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus” (Mt 4,4). Uma palavra tem a força e o valor daquele ou daquela que a pronuncia. A palavra humana pode ser errada, mas a palavra de Deus não erra nem engana. Nela nos sentimos seguros e confiantes para continuar a caminhar e construir nossa vida, nossa vocação, nosso trabalho. E assim nos tornamos romeiros que caminham e saciam a sede na água viva que encontram na Bíblia.
    Jesus é o verdadeiro exegeta que interpreta a vontade do Pai. “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça”, diz Jesus (Lucas 8,). Devemos pedir, com o salmista no Salmo 118,18: “Tira-me os véus dos olhos e contemplarei as maravilhas de tua Lei”.  “Alimentar-se da Palavra para sermos “servos da Palavra” no trabalho da evangelização: que é, sem dúvida, uma prioridade da Igreja ao início do novo milênio. Deixou de existir, mesmo nos países de antiga evangelização, a situação de “sociedade cristã” que, não obstante as muitas fraquezas que sempre caracterizaram tudo o que é humano, tinha explicitamente como ponto de referência os valores evangélicos”. (São João Paulo II, Início do Novo Milênio).
    A Palavra de Deus revelada é o tesouro do coração de Deus, que é todo Amor, para se comunicar aos seres humanos e com eles formar um pacto de amor. “Deus revela ao homem o próprio homem, a sua dignidade, a sua destinação”. O tesouro do nosso coração, que há de preencher todos os nossos anseios, somente Deus pode realizá-lo. “O nosso coração permanece inquieto até que repouse em Deus”.
    Que este Mês da Bíblia nos ajude a tomar consciência da riqueza e necessidade de aprofundar nosso contato e vivência da Palavra de Deus. Assim, poderemos dar razão da nossa fé e esperança em Cristo Jesus.

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