Os cristãos podem retornar?

Começa a se traçar planos de realocar os cristãos em áreas até então ocupadas pelo grupo Estado Islâmico: “A Igreja está fazendo um intenso trabalho em vista de recuperar o seu lugar numa região onde – até 2014 – havia uma sólida presença cristã, que remonta o início do cristianismo.” – Neville Kyrke Smith

Se Mossul fosse reconquistada do grupo Estado Islâmico (EI), possibilitaria o retorno dos cristãos à sua terra natal, nos arrededores de Nínive – é o que afirmam os bispos e outros líderes da Igreja, que buscam uma medida com o governo para que isso ocorra.

Uma delegação formada por parlamentares e membros do clero, liderada pela Ajuda à Igreja que Sobre (ACN), encontraram outros líderes e figuras da Igreja no Iraque que estão desenvolvendo propostas para possibilitar o retorno dos cristãos às cidades e povoados de Nínive, sitiada pelos extremistas dois anos atrás. Em meio a relatos de um iminente e considerável ataque do EI sobre Mossul e Nínive, o Patriarca Caldeu Louis Raphael I Sako, de Bagdá, chefe da maior comunidade cristã no Iraque, informou a ACN que o retorno dos fiéis a Nínive é crucial para que a Igreja sobreviva no Iraque a longo prazo.

Neville Kyrke-Smith – diretor do escritório inglês da Ajuda à Igreja que Sofre – que no início deste mês voltou com uma delegação da ACN em Erbil, a capital regional curda no norte do Iraque, declarou que os bispos e líderes cristãos estão esperançosos a respeito do retorno à Nínive, tendo em vista a “proteção internacional”.

Neville, que estima o envio de uma nova ajuda de emergência para 100.000 cristãos deslocados na região curda, disse: “Senti muito mais esperança entre os líderes e fiéis da Igreja nessa viagem do que na minha visita no ano passado. Há planos bem arquitetados para a libertação de Mossul e Nínive, planos precisos para realocar as pessoas hoje deslocadas. A Igreja está fazendo um intenso trabalho em vista de recuperar o seu lugar numa região onde – até 2014 – havia uma sólida presença cristã, que remonta o início do cristianismo.”

Estabelecendo o plano de retorno dos cristãos, o Patriarca Sako afirma que “libertar Mossul e Nínive do EI significaria uma grande esperança para os nativos daquela terra voltarem para casa, tendo em vista a garantia de proteção legal para eles, garantindo também o tempo necessário para reconstruir o convívio de confiança com seus vizinhos. Caso contrário o ‘hemorrágico’ fluxo de migração (dos cristãos) vai continuar, mesmo a partir de áreas consideradas seguras, o que é um sinal muito sério.”

A população cristã no Iraque caiu de mais de um milhão, antes da queda do presidente Saddam Hussein em 2003, para menos de 250.000 hoje. Mais da metade dos cristãos que ainda estão no Iraque são aqueles deslocados de Mossul e Nínive e que estão vivendo no norte curdo. Ainda se teme que muitos, se não a maioria destes, acabarão por buscar sair do país, a menos que um bom plano entre em vigor para que possam retornar à sua antiga terra.

Neville, cuja delegação em Erbil inclui os parlamentares britânicos Chris Green, Mark Menzies e Jim Shannon, Co-Presidente do All-Party Parliamentary Group for International Freedom of Religion or Belief (Grupo de Todos os Partidos Parlamentares para a Liberdade Internacional de Religião ou Crença), disse: “Durante a nossa visita, fomos a antiga vila Alqosh, cem por cento cristã, talvez há 10 minutos da linha de frente com o EI, e todos que encontramos ali nos disseram sobre sua determinação de permanecer e ajudar a salvar a vila e a Igreja. É vital que seja dada a oportunidade para este povo de voltar à vida.”

O arcebispo caldeu Bashar Warda de Erbil, um importante parceiro no projeto de distribuição de ajuda de emergência da ACN para os cristãos deslocados, disse: “Por quase 2.000 anos os cristãos têm estado presentes nas planícies de Nínive e para retornar precisamos de proteção internacional. O exército iraquiano precisa ser uma força única; a Peshmerga (força militar curda) vai ajudar com apoio externo. A ação militar e o trabalho de reconciliação precisam ser feitos juntos. Como cristãos, não temos nenhum envolvimento com violência – sofremos com ela – mas podemos ajudar na reconstrução.”

 

Fonte: ACN

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