“Onde Deus me colocou, eu vou fazer a diferença”, sugere dom Joel Portella Amado

Para quem olha para as histórias de Santa Mônica, cuja memória a Igreja celebra hoje, e as dos bispos dom Helder Camara, dom Luciano Mendes de Almeida e dom José Maria Pires, falecidos em 27 de agosto (de 1999, de 2006 e 2017), pode questionar-se diante de tamanha doação e sentir-se pequeno diante daqueles que marcaram a vida da Igreja no Brasil e no mundo. Em sua homilia na missa desta terça-feira, o bispo auxiliar do Rio de Janeiro (RJ) e secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Joel Portella, destacou que cada um é chamado a fazer a diferença onde quer que esteja e “marcar a história da vida”.

“Vida não é só respirar, andar, abrir os olhos a cada dia. Isso é importante, mas vida é o sentido que a gente dá para ela”, ensinou.

Dom Joel destacou a primeira leitura, extraída da primeira carta de São Paulo aos Tessalonicenses, na qual o apóstolo fala à comunidade de Filipos, a qual tanto bem querer reservou, que desejou dar “não somente o evangelho de Deus, mas até, a própria vida; a tal ponto chegou a nossa afeição por vós”. E relacionou com as histórias de Santa Mônica e dos bispos cujas histórias foram recordadas no início da celebração e também no início da homilia.

“Em outras palavras vai dizer, eu tenho para vocês cada uma dessas histórias que ouvimos aqui, desde Santa Mônica, que chorou pelo filho até o fim e nunca perdeu a esperança; o quanto dom Helder sofreu com a morte daquele que amava tanto, o padre Antônio Henrique [Pereira Neto, sequestrado, torturado e morto no período da Ditadura Militar no Brasil] – uma das piores formas de castigar não é matar a própria pessoa, mas matar quem a pessoa ama. Quantas vezes dom Luciano, de madrugada, abrindo a casa acolhia os meninos, as meninas, quem precisasse, também aqui nesta casa ele não esquecia um pedido de socorro” – Dom Joel Portella.

Voltando-se para a assembleia reunida, dom Joel questiona: “E nós?”. E prosseguiu:

“Claro que nenhum de nós talvez seja chamado por Deus para algo que marque tanto a história da Igreja e do mundo. Mas nós somos chamados a marcar a história da vida. E ninguém de nós passa por esta vida por descuido, como a folha velha que entra pelas nossas janelas, jogada pelo vento”, exortou.

“Seja onde for que Deus me colocou, eu vou fazer a diferença. E fazer a diferença significa não pensar apenas em nós mesmos, como esses mascarados hipócritas”, afirmou lembrado dos fariseus a quem Jesus repreende no Evangelho de hoje. “A alegria maior é a alegria de quando a gente pensa nos outros”, refletiu.

Dom Joel encerrou a homilia propondo um dia de festa para a Conferência Episcopal, para os presentes, “agradecendo a Deus o dom da vida e dizendo: ‘Senhor, me dá a graça de fazer da minha vida um sentido grande, por onde eu passar, através do amor, através do respeito ao próximo, que no serviço à vida e aos próximos, que eu possa fazer da minha vida diferença”.

A celebração desta terça-feira contou com a presença dos padres jesuítas que atuam em Brasília, alguns que trabalharam com dom Luciano Mendes de Almeida, que foi religioso da Companhia de Jesus. Também estiveram presentes padre José Ernanne Pinheiro (à esquerda), que trabalhou por quase duas décadas com dom Helder Camara, e o atual secretário executivo do Centro Nacional de Fé e Política Dom Helder Camara (Cefep), padre Paulo Adolfo Simões, que sucede padre Ernanne Pinheiro depois de algumas décadas à frente do organismo. O ecônomo da CNBB, monsenhor Nereudo Freire Henrique (à direita na foto), que é do clero da arquidiocese da Paraíba (PB), recordou o chamado para o sacerdócio que recebeu de dom José Maria Pires.

 

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