Este é o maravilhoso acontecimento que a cristandade em festa jubilosamente comemora. Nasceu entre nós o próprio Filho de Deus. O nascimento do Senhor Jesus proporciona o jubilo de todo natalício por se tratar de uma nova vida que surge. Em se tratando do natal do Redentor da humanidade este gaudio é ainda mais intenso e expressivo, porque veio a esta terra o Príncipe da Paz, o Deus-Forte, o Unigênito do Pai, a Luz verdadeira que ilumina toda a trajetória humana. Ele abriu as portas da eternidade feliz para todos que O acatarem e seguirem. Trata-se de uma novidade inaugurada na história, mas novidade definitiva, dado que aquela criança nascida em Belém é a verdade absoluta e a salvação perene. O próprio Jesus explicou a razão de ser de sua vinda entre os homens “Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10,10). Isto seria a prova definitiva do imenso amor que o Deus Todo-poderoso devota a suas criaturas. Como, porém, o nascimento provoca encontros beatificantes, embora nascendo na pobreza de uma manjedoura, em torno do Menino Deus estavam exultantes não apenas seus pais José e Maria, mas também anjos do céu a proclamarem a glória divina, pastores jubilosos da redondeza e, depois, até Magos vindos do Oriente. É que sua luz atravessaria as fronteiras religiosas e sociais e, através dos séculos todos deveriam se pronunciar acatando-o, se transformando, ou desprezando-o e se imergindo definitivamente nas trevas do erro. Com efeito, felizes seriam os que o recebessem, pois Ele veio quebrar todas as falsas imagens de Deus. Quem tivesse a felicidade de acolhê-lo não diria nunca que Deus não o ama que Deus está ausente de sua vida por ser Ele um Ser longínquo. Razão teve Santa Terezinha de Lisieux ao escrever: “Eu não posso temer um Deus que se fez por mim tão pequenino, Eu o amo porque Ele não é senão amor e misericórdia”. A ternura divina é a chave do mistério do Natal. Sua mensagem é um convite para que cada um se deixe tocar pela graça de Deus. O Menino Jesus estende sua mão a todos de boa vontade para que todos experimentem que sua misericórdia é infinita. A vida do cristão deve ser um contínuo renascimento para receber a vida de Deus oferecida por Jesus. Ele é a imagem do Deus invisível, como proclamou São Paulo aos colossenses (Col 1,15). Aliás, Jesus mesmo dirá: “Quem me viu, viu o Pai” (…) Eu e o Pai somos um” (Jo 10,30). Eis porque Ele pôde também declarar: “Eu vim ao mundo como luz, para que todo aquele que crê em mim não permaneça nas trevas”. (Jo 12.46). Trata-se de uma luz que deve atingir o mais profundo do ser humano, podendo então se dizer do verdadeiro cristão que ele é lucífero, portador da luz que é o próprio Deus. Donde fulgir no Natal uma profunda paz, aquela que jorra de Deus e não está sujeita ao frágil equilíbrio das forças humanas. De fato, foi na noite de Belém que a luz da esperança e da vida se levantou sobre a terra. Um Salvador nasceu para todos os homens. Seu esplendor brilha nas trevas e as trevas não o ofuscaram, porque a luz de Cristo passa através da história, não obstante a negação daqueles que o contradizem com suas más ações. Ela continuará sempre vivificando todos aqueles que lhe abrem o coração. Aos que recusam a Deus com suas inconsequências, feridos pelo materialismo ou imersos na depravação dos vícios, o Ser Todo-poderoso estará sempre apresentando o Verbo, a Palavra que dá sentido a tudo e que a todos pode salvar. Para acolher este seu amor é preciso escutar sua voz e se despojar dos erros e ser humilde. O nascimento de Jesus revela o oposto dos critérios terrenos. Por isto é preciso ano a ano penetrar no mistério do Natal e aprofundar as mensagens que fluem de um presépio, mensagem de um amor de Deus que quer a felicidade daqueles que têm a ventura de viver intensamente o significado da encarnação do Verbo divino que habitou entre nós. Ele vem a cada um de nós para uma obra revigorada de misericórdia, de cura e de perdão. Trata-se de um convite para uma renovação de cada um, seja qual for o estágio espiritual no qual se encontre. Natal nos convida, como outrora a José e Maria, aos pastores e aos magos, a nos engajar em uma aventura espiritual ainda mais profícua, a um encontro especial com o Filho de Deus que se fez carne e habitou entre nós.