Novo Ano, Maria Mãe e Paz ao mundo

    É tempo de recomeço! Um ano novo se inicia! Chegamos a 2020. Damos graças pelos dons recebidos e pedimos as graças necessárias neste ano que se inicia. Nasce um novo ano cronológico, marcado pela sucessão do tempo: desde os segundos até os meses que o formam. No Ano Novo vem um tempo diferenciado, que nos convida a fazer de cada minuto o tempo oportuno da graça de Deus, o Kairós. O tempo é o dom básico para a nossa santificação; é nele que nós nos perdemos ou nos salvamos. Seja 2020 um ano de muita fé e paz, apesar das tantas dificuldades que nos cercam, mas com Deus as venceremos! O Novo Ano será bom se procurarmos corresponder ao Plano de Deus a cada dia. Em meio ao caos do mundo de hoje, os cristãos são chamados a serem sinais de esperança, pois estamos alicerçados na fé em Cristo que morreu e ressuscitou e está vivo entre nós.

    Neste primeiro dia do ano civil, temos três motivos de celebração: A celebração de Santa Maria Mãe de Deus encerrando a oitava de Natal, o dia mundial da paz e o dia da fraternidade Universal. No passado também se celebrava a circuncisão do Senhor e o Santíssimo Nome de Jesus.

    A Igreja celebra a Solenidade da Virgem Maria, Mãe de Deus, título mariano de grande importância para nós cristãos. Nós nos colocaremos na escola de Maria, a discípula perfeita, a primeira missionária do Pai. Nesta solenidade, vemos o sentido do “sim” de Maria, a abertura para Deus que a coloca numa disponibilidade ao horizonte da fé voltado para a ação da Graça em sua vida.

    Neste dia a Igreja volta-se para a Virgem que gerou em seu seio e deu à luz o verdadeiro Deus feito homem. Chegou a plenitude dos tempos e Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher, aquela mesma que os pastores encontraram velando o recém-nascido deitado na manjedoura. Somos gratos à Virgem Santa e, contemplando o seu Filho, reconhecemos nele o Deus perfeito e a proclamamos verdadeiramente Mãe de Deus: Salve, ó Santa Mãe de Deus! Vós destes à luz o Rei que governa o céu e a Terra pelos séculos eternos! – assim canta a Igreja hoje, saudando a Toda Santa Virgem Maria.

    Há um segundo aspecto deste dia de hoje. O primeiro dia do ano é também chamado de Dia da Confraternização Universal, início do ano civil. A pedido do Papa Paulo VI, a ONU transformou esta data em dia festivo para todas as nações. É dia da paz, dia da confraternização entre os povos, nações, culturas. Ora, nós cristãos sabemos que a paz não é uma ideia, um sonho, um desejo; a paz é uma pessoa. São Leão Magno dizia, no século V: O Natal do Senhor é o Natal da Paz. Cristo é a nossa paz”! Não foi a respeito Dele que o profeta afirmou: “Ele será chamado Admirável, Deus, Príncipe da Paz, Pai do mundo novo”? (Is 9,2-6) Não foi Ele mesmo quem disse: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos sou; não vo-la dou como o mundo a dá”? (Jo 14,27). Que tenhamos cada vez mais sólida esta convicção: a paz que almejamos, a paz tão sonhada, a paz para o mundo e para a nossa vida somente no Cristo poderá ser encontrada de modo definitivo e pleno! Nele, nem as tristezas, nem as desilusões, nem as angústias, nem as provações, poderão nos fazer perder a paz! Cristo, nossa Paz!

    Hoje também celebramos o dia mundial da paz. Ao iniciar mais um novo ano, renovamos nosso compromisso com a busca e manutenção da paz entre todos os homens, pedindo que o Senhor faça de nós instrumentos de sua paz. O dia mundial da paz deste ano tem como tema: “A paz como caminho de esperança: diálogo, reconciliação e conversão ecológica”. Na mensagem que o papa envia todos os anos por esta ocasião, o Papa Francisco assim nos diz: O mundo não precisa de palavras vazias, mas de testemunhas convictas, artesãos da paz abertos ao diálogo sem exclusões nem manipulações. De facto, só se pode chegar verdadeiramente à paz quando houver um convicto diálogo de homens e mulheres que buscam a verdade mais além das ideologias e das diferentes opiniões. A paz é uma construção que «deve estar constantemente a ser edificada, um caminho que percorremos juntos procurando sempre o bem comum e comprometendo-nos a manter a palavra dada e a respeitar o direito. Na escuta mútua, podem crescer também o conhecimento e a estima do outro, até ao ponto de reconhecer no inimigo o rosto dum irmão.

    Nesta mensagem, o Papa Francisco apresenta alguns tópicos específicos para nos ajudar na compreensão do tema: A paz, caminho de esperança face aos obstáculos e provações; paz, caminho de escuta baseado na memória, solidariedade e fraternidade; A paz, caminho de reconciliação na comunhão fraterna; A paz, caminho de conversão ecológica e a paz obtém-se tanto quanto se espera.

    A paz terrestre é imagem e fruto da paz de Cristo, o Príncipe da paz messiânica (Is 9,5). Pelo sangue de sua cruz, Ele “matou a inimizade na própria carne, reconciliou os homens com Deus e fez de sua Igreja o sacramento da unidade do gênero humano de sua união com Deus. Ele é a nossa paz (Ef 2,14). Bem-aventurados os que promovem a paz (Mt 5,9).

    Diante desse mundo dilacerado por discórdias de toda ordem, a Igreja propõe a Boa Nova de Cristo, sempre antiga e sempre nova, por isso nunca velha, que leva a paz interior a transbordar para o exterior e ser capaz de produzir uma nova convivência entre todas as pessoas de diferentes classes sociais, religiões e culturas. O Evangelho propõe aquilo que deve ser o norte de cada ser humano, especialmente dos cristãos, chamados, em primeiro lugar, a dar o exemplo de pessoas pacíficas e pacificadoras, como se espera dos seguidores de Nosso Senhor.

    O convite do Papa é eloquente e deve calar profundamente na população da cidade e do Estado do Rio de Janeiro para construirmos e vivermos a tão sonhada paz urbana. Contemplando o Cristo Redentor, que de braços abertos acolhe a todos, vamos construir a paz, fruto da nossa ação de não-violência diária, numa cultura de diálogo e de tolerância. A paz vem do alto e brota no coração da pessoa. Quem a acolhe semeará a mesma ao redor. Ao contemplarmos tão bela cidade, deixemo-nos conduzir pela Graça e que contagie nosso coração para a bondade de fazer o bem aos outros. Ao mudarmos o calendário, a agenda ou dígito do ano, se não mudarmos o coração para viver a não-violência, por mais que desejemos um “feliz ano novo” em grandes festas, essa novidade feliz nunca chegará. Ao nos cumprimentarmos, estamos justamente desejando que sejamos construtores da paz porque a experimentamos no amor de Deus, presente em Cristo entre nós.

    Paz a todos os homens e mulheres de boa vontade! Iniciemos este novo ano iluminados pelo Senhor e abertos para contagiarmos, com a paz e a esperança, este novo tempo cronológico que está à nossa frente.

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