O PERDÃO NÃO TEM LIMITES

                Clássica é aquela pergunta que Pedro fez a Jesus: Quantas vezes devo perdoar? Sete? Ou seja: tomando-se o numeral sete como símbolo da plenitude infinita (são sete os dons do Espírito, sete os Sacramentos da Igreja, sete as principais dores da Cruz, sete os dias da semana, etc.) elevado ao potencial máximo da resposta enigmática que Jesus apresenta ao multiplicar por setenta (70 X 7), temos aí não uma simples questão matemática, mas um estrondoso e infinito desafio de perdão. Setenta vezes sete supera nossa capacidade de perdão, torna-se um desafio infinito. Não tem limites.

                Esse desafio de Cristo vai além das nossas expectativas de perdoar e ser perdoado. Só mesmo no Reino dos Céus encontraremos tamanha misericórdia e capacidade de amor! Exatamente nessa circunstância é que nasce a parábola do Rei Misericordioso, capaz de perdoar “uma enorme fortuna” do empregado prestes a ser vendido como escravo para pagar sua dívida. O mesmo empregado que, agraciado com uma anistia sem igual, não foi capaz de perdoar um pobre companheiro que lhe devia “apenas cem moedas”. Eis-nos aqui, de mala e cuia, sem por nem tirar. Queremos nos ver livres de nossas grandes dívidas, mas não deixamos escapar um mísero centavo do pobre que eventualmente nos deve.  Esse é o padrão monetário que nos governa, a dinâmica mercantilista dum mundo excessivamente materialista. Quanto ganho com isso, quanto perco naquilo? Nossas atitudes estão intrinsicamente ligadas às vantagens que possamos obter a cada passo, a cada decisão ou conquista obtida. Não é o que ganho, mas o que perco que avaliamos com prioridade. Ao passo que na perspectiva do perdão verdadeiro, aquele do qual nos falou Jesus, quem perde em favor do irmão ganha mais do que merece, recebe a plenitude das graças do Reino dos Céus!

                Mas ainda há aqueles que não conseguem visualizar essa lógica, bem presente na compreensão dos sete dons espirituais. Daí a importância do Batismo Pentecostal, a graça derramada nos sete simbólicos dons que devemos pedir sempre ao Pai, se quisermos sair da nossa ignorância (Eles não sabem o que fazem!). Daí também a importância de valorizarmos os sete sacramentos que a Igreja nos oferece em várias etapas da nossa vida, se quisermos assumir em vida as dimensões proféticas, sacerdotais e régias da fé cristã. Daí a necessidade de entender e aceitar como nossa as sete principais dores de Cristo na cruz. E assumir nossas tarefas cotidianas com a certeza de que também merecemos um descanso final: pois “no sétimo dia, Ele descansou”!  Quando isso se der em nossas vidas teremos a alegria de um final feliz. Ou a tristeza da condenação final. “É assim que o meu Pai que está nos céus fará convosco se cada um não perdoar de coração ao seu irmão” (Mt 18, 35). Sem atitudes de perdão não há salvação.

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