O Papa: caminhemos juntos com a oração e com as obras de caridade

O Papa Francisco com os membros da Comissão de Diálogo Católico-Discípulos de              Cristo (Vatican News)

Não tenhamos medo de trilhar os caminhos da concórdia que o Espírito indica: não os do mundanismo espiritual, que quer nos adequar às necessidades e às modas do tempo, mas os caminhos da comunhão e da missão: disse Francisco aos membros da Comissão Internacional de Diálogo entre a Igreja Católica e os Discípulos de Cristo – Igreja protestante radicada nos EUA e Canadá -, recebidos em audiência pelo Pontífice na manhã desta quarta-feira, 28 de junho

Raimundo de Lima – Vatican News

Precisamos sempre começar e recomeçar a partir do Espírito, memória e guia que abre caminhos novos e impensados, onde pensávamos que as estradas estavam impedidas ou bloqueadas. Não tenhamos medo de trilhar os caminhos da concórdia que o Espírito indica: não os do mundanismo espiritual, que quer nos adequar às necessidades e às modas do tempo, mas os caminhos da comunhão e da missão.

Foi a premente exortação do Papa ao receber em audiência na manhã desta quarta-feira, 28 de junho, na sala adjacente à Sala Paulo VI, no Vaticano, os membros da Comissão Internacional de Diálogo entre a Igreja Católica e os Discípulos de Cristo, Igreja protestante radicada nos EUA e Canadá. Um diálogo que procede desde 1977 e que na sexta fase de trabalhos tem como tema “o ministério do Espírito”.

O Espírito é memória e guia

Como é belo ser também hoje, como no tempo dos Apóstolos, “aqueles que anunciam o Evangelho por meio do Espírito Santo, enviado do céu”, ressaltou Francisco aos presentes.

O Santo Padre havia iniciado seu discurso expressando-lhes sua satisfação ao tomar conhecimento de que, reafirmando o objetivo da plena unidade visível que os caracterizou desde 1977, nesta sexta fase de seus trabalhos, eles têm se dedicado a explorar “o ministério do Espírito”.

Como bem afirmais em um documento anterior, “o Espírito Santo não só dá à Igreja a memória que lhe permite permanecer na Tradição Apostólica, mas também está presente na Igreja guiando os cristãos e toda a comunidade dos batizados para aprofundar o mistério de Cristo”. O Espírito é, portanto, memória e guia, ressaltou o Pontífice.

Espírito Santo, o verdadeiro protagonista da missão

Mas o Espírito Santo, além de ser memória viva, é um guia. Como afirma o Concílio Vaticano II, “pela força do Evangelho, faz rejuvenescer a Igreja; renova-a continuamente e a conduz à perfeita união com seu Esposo; impele-a a cooperar para que o plano de Deus se cumpra na plenitude da verdade; unifica-a na comunhão e no ministério; a provê-a e a dirige com diferentes dons hierárquicos e carismáticos, e a embeleza com seus frutos”.

Francisco continuou destacando que o Espírito Santo mantém a comunidade cristã jovem, e que Ele é o verdadeiro protagonista da missão. “Não se esqueçam disso: o verdadeiro protagonista da missão é o Espírito Santo”, frisou.

Queridos irmãos e irmãs, um olhar de fé sabe reconhecer, na vida e na realidade, a presença e a semeadura do Espírito Santo, sabe ver sua obra mesmo além dos confins de nossas comunidades. Se lhe formos dóceis, Ele saberá harmonizar até mesmo o que nos parece difícil de conciliar, porque Ele, em si mesmo, é a harmonia.

Unidade dos cristãos é alcançada caminhando juntos

Também a este ponto de seu discurso, Francisco fez questão de destacar que que o Espírito Santo é harmonia, “não nos esqueçamos disso”, evidenciou, ressaltando que a harmonia não é uma negociação de equilíbrio. “A harmonia vai além. E este é o caminho do Espírito”, precisou.

No caminho da comunhão eclesial, mas também do diálogo com outras Igrejas e outras comunidades cristãs, há uma coisa que sempre me fez pensar. O que o Patriarca Atenágoras disse, em tom de brincadeira, a Paulo VI: “Mandemos todos os teólogos para uma ilha e nós caminhemos juntos”. A unidade dos cristãos é alcançada caminhando juntos. Os teólogos são necessários, certamente: que estudem, que falem, que discutam. Mas, enquanto isso, nós caminhemos: juntos com a oração e com as obras de caridade. Para mim, esse é o caminho: que não decepciona. Não decepciona.

Francisco concluiu agradecendo-lhes pelos passos à frente que estão dando, sob a guia do Espírito, e desejando-lhes que continuem com coragem o caminho.

O Papa Francisco com os membros da Comissão de Diálogo Católico-Discípulos de Cristo (Vatican Media)
O Papa Francisco com os membros da Comissão de Diálogo Católico-Discípulos de Cristo (Vatican Media)

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here