O fariseu e o publicano

    Jesus conta uma parábola muito interessante, onde mostra a postura de dois jovens, um era fariseu e o outro publicano, (cf Lc 18,10). Os dois entram no templo para orar e pedir perdão de suas faltas. O fariseu, escrupuloso e observador das leis de seu tempo, não saiu perdoado. Nas suas preces revelou um coração orgulhoso, julgou o publicano e se viu como o mais correto de todas as pessoas.

    O publicano, um importante cobrador de impostos e de tributos, dava graças a Deus pela sua vida, sem fazer nenhuma comparação em relação aos demais. Esse sim saiu justificado, porque teve atitude profunda de humildade, batia no peito arrependido e de reconhecimento das próprias faltas. E Jesus acrescenta: “Quem se exalta será humilhado, e quem se humilha será exaltado” (Lc 18,14).

    Na dinâmica do Reino, Deus acolhe todas as pessoas que experimentam e fazem o processo de conversão, até mesmo os que praticam erros hediondos, mas se arrependem. O arrependimento é a prática de um dom divino, que sai de dentro do coração e refresca a mente conturbada pelo erro. É uma experiência positiva na vida das pessoas, porque pode ser um caminho de libertação individual.

    Deus acolhe todos os pecadores arrependidos, mas será que faz isso da mesma forma com um opressor e com um sofredor? O perdão não depende de grau do mal feito e nem de valores, mas está intimamente ligado à prática da justiça, do ressarcimento e da abertura para novos padrões de vida. O opressor normalmente causa grande sofrimento para muita gente que é por ele ofendida.

    Mesmo com a realização do perdão, o mal não deixa de ocasionar consequências ruins para os envolventes. O ressarcimento, condição fundamental dentro do processo do arrependimento, pode não curar totalmente as feridas abertas. A cura da mente depende também da abertura do bolso para a prática da justiça. Deus perdoa o penitente injusto mediante a devolução do que deve.

    O fundamental agora é tirar proveito da forma de agir do publicano e do fariseu. Eles foram ao templo para rezar, mas com o intuito de apaziguar o peso de suas consciências. Estavam com plena ciência do mal que haviam praticado e das consequências individuais de uma mente sobrecarregada pela desonestidade. Perseverar no mal pode influenciar na qualidade de vida humana e espiritual da pessoa.

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