O dom do pão do céu!

                A palavra dom resume bem a liturgia deste domingo e a vocação ao ministério ordenado. Os textos bíblicos de Êxodo 16,2-4.12-15; Efésios 4, 17.20-24 e João 6,24-35 ressaltam a gratuidade de Deus. É o maná que chove do céu. É o homem novo, com novo espírito, nova mentalidade, revestido de justiça e santidade que se forma a partir de Deus. “É meu Pai que dá o verdadeiro pão do céu (…) e dá vida ao mundo. Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim não terá mais fome e quem crê em mim nunca mais terá sede”.

                O mês vocacional celebrado na Igreja, no mês de agosto, lembra dos dons concedidos a cada batizado. Neste primeiro domingo celebramos o ministério ordenado: o dom do episcopado, do presbiterado e do diaconado. Estes escolhidos e enviados proporcionam que o “pão descido do céu” chegue aos que o desejam.

                É muito prazeroso receber presentes, como também oferecê-los aos outros. A troca de presentes ou dons constrói pontes e desencadeia ocasiões para cultivar amizades e aprofundar o intercâmbio de vida. Não falamos de presentes dados com “segundas intenções”, pois estes resultam em aprisionamento. Falamos de dons marcados pela liberalidade e gratuidade que geram comunhão e vida.

                Jesus fala da bondade de Deus já manifestada no maná, na multiplicação dos pães e, agora, com a sua presença no mundo. O pão se torna oportunidade e ao mesmo tempo símbolo do pão que dura para a vida eterna. É o pão que não se procura, mas é dado gratuitamente e multiplicado por Deus através de Jesus Cristo.

                Depois de saciar a fome da multidão com os pães e peixes multiplicados, Jesus deseja abrir novos horizontes na multidão que o procura. As preocupações das necessidades imediatas do comer, vestir, são urgentes, mas não podem limitar a busca. “Esforçai-vos não pelo alimento que se perde, mas pelo alimento que permanece até a vida eterna, e que o Filho do Homem vos dará”. Convida a irem ao seu encontro não para receber alguma coisa, mas para se encontrar com Ele, estabelecer relações, conviver e alimentar-se dele, pois, ele “é o pão da vida”. Porque o novo alimento é dom, o homem pode usufruir da medida em que o acolhe. Tal dom leva o discípulo à experiência da vida mesma de Deus.

    A Igreja entende que a vocação e a missão do diácono, do padre e do bispo nasceram da livre escolha divina que necessita uma livre e total resposta do escolhido. Eles se tornam personagens da sociedade. A vida, principalmente do padre e do bispo, concentra-se em oferecer Jesus Cristo ao mundo, “o verdadeiro pão descido do céu (…) que dá vida.”.

    Alguém poderia perguntar sobre a utilidade do padre na sociedade. Certamente não é nesta direção que deve ir o questionamento, mas a pergunta deve ser sobre a importância deles. Eles lembram que o céu e a terra se tocam, mesmo que a percepção não seja imediata e nem sempre evidente. Ao realizarem cerimônias sagradas unem os dois mundos. “O sagrado é uma categoria da mente que expressa a necessidade de ter uma resposta imediata, se remeter a outro, como muitas vezes acontece para a ciência e o raciocínio. (…) O sacerdote é, um homem religioso que, através de gestos, liturgias, cerimônias, dá respostas às necessidades do sagrado que todo ser humano experimenta”. (Vittorino Andreoli – psiquiatra italiano).

    A nossa homenagem e gratidão a todos os padres.

    Artigo anteriorPão da vida
    Próximo artigoXVIII DOMINGO DO TEMPO COMUM
    Arcebispo de Passo Fundo, dom Rodolfo Luís Webber ingressou em 1976 no Seminário Menor São João Vianney. Foi ordenado diácono em 17 de junho de 1990 e presbítero no dia 05 de janeiro de 1991, e bispo, em 15 de maio de 2009, para a prelazia de Cristalândia no Tocantins. Possui pós-graduação em Psicopedagogia e mestrado em Filosofia pela Universidade Gregoriana de Roma. Durante a 53ª Assembleia Geral da CNBB, dom Rodolfo Weber foi eleito secretário do regional Centro-Oeste.

    DEIXE UMA RESPOSTA

    Please enter your comment!
    Please enter your name here