O caminho da fé

    O cristão que procura  progredir no caminho da perfeição realiza a ordem de Cristo: ”Sede perfeitos como o Pai celeste é perfeito” (Mt 5,48). Além, é óbvio, de observar fielmente os preceitos do Decálogo e estar continuamente na presença de seu Senhor, mostra-se atento para nunca contar consigo mesmo, com suas luzes e seu próprio julgamento. Por isto implora sem cessar o auxílio divino a fim de pensar e agir com sabedoria de acordo com os desígnios divinos. Desconfia de si mesmo, reveste-se de humildade e reza com simplicidade e total sinceridade. Evita as ilusões advindas da soberba interior e presta toda a atenção à ação do Espírito Santo que sopra onde quer e quando quer. Não impede jamais a operação divina e, por isto mesmo, não se deixa abater ante as provações permitidas pela Providência. Deste modo, se verifica o domínio soberano de Deus que almeja levar seu seguidor a uma imolação contínua da vontade humana numa adesão ininterrupta a Ele. Para não se deixar enganar e desanimar, cumpre ao cristão total abandono à graça e absoluta confiança naquele que é a fonte da luz sobrenatural. Deus passa então a governar toda a vida daquele que Lhe é fiel.  Quem assim consegue avançar na vida espiritual há de batalhar contra a presunção, o desânimo, as tentações do demônio. Não faltando, porém, generosidade, a união com Deus se robustece e os momentos de reflexão solidificam o desejo de agradá-lo em tudo, apesar dos obstáculos da fragilidade humana. A abertura para o Transcendente é a porta aberta para que não haja retrocesso, mesmo ante as naturais fraquezas de um ser humano. O anseio da auto superação coloca o cristão em condições de cooperar com o auxílio celeste rumo à conquista da maturidade cristã. Esforços contínuos conduzem a um desenvolvimento integral dentro dos planos divinos, segundo “a medida da estatura da plenitude de Cristo”.(Ef 4,13). Mediante sua inserção na vontade divina o fiel tem acesso ao desenvolvimento pleno de sua personalidade, ideal a ser perquirido com constância e firmeza interior.  É o que São Paulo falou aso Coríntios: “Por isso é que não nos deixamos abater, mas ainda que o homem exterior se vá desfazendo em nós, o nosso homem interior vai se renovado de dia para dia” (2 Cor 4, 16). Para isto, é preciso estar conectado com a Terceira Pessoa da Santíssima Trindade, pois está na Carta aos Hebreus “Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais os vossos corações, como no lugar da exasperação, no dia da prova no deserto” (Hb 3,7). Neste empenho para atingir a maturidade espiritual o cristão vai assim dia a dia desenvolvendo  plenamente t as potencialidades da graça em todos o níveis do organismo espiritual. É o caminho da fé iluminado pela esperança e alimentado pela caridade.  O crescimento das três virtudes teologais dão vitalidade ao fiel na busca da santidade. Eis o que   São Paulo observava nos tessalonicenses: “Recordamos continuamente a vossa fé operosa, a vossa caridade paciente e a vossa esperança constante em nosso Senhor Jesus Cristo, sob o olhar de nosso Deus e Pai” (1 Ts 3). Os germes de vida nova recebidos no Batismo precisam ser desenvolvidos numa ascensão ininterrupta.  Para Roberto Zavalloni, professor  de psicopatologia religiosa em Roma, estes são os sinais da maturidade espiritual: convicção profunda que gera uma espécie de vidência da existência de Deus; a transformação e a renovação da mente e do coração; a docilidade ao Espírito Santo; a capacidade espiritual de penetrar  até o fundo no mistério de Cristo e aceitá-lo; o comprometimento  de forma radical e total com Deus e com a salvação do mundo; a estabilidade da conversão da mente e do coração; a integração da própria personalidade em Cristo;  “o compromisso com a Igreja e com o mundo, superando os estreitos limites do próprio “eu” e de entrar em relação  construtiva e criativa com os outros”. Através  da correspondência às inspirações do divino Espírito Santo o cristão, seja onde for o lugar onde Deus o colocou, pode e deve atingir a maturidade espiritual. Quando isto acontece, cresce também a espiritualidade de toda a Igreja. Trata-se da participação efetiva de cada um nas implicações do Evangelho na salvação de toda a humanidade. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

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