Criar filhos gritando pode ter consequências devastadoras que muitos pais desconhecem. Muitos pais não sabem que gritar faz parte do conglomerado de tipos de violência que podem ser exercidos contra outra pessoa. Gritar com crianças pequenas deteriora sua frágil autoestima, entre outros efeitos indesejáveis. O grito deixa marca psicológica danosa no inconsciente da criança. Não importa quantos beijos ou abraços venham após o grito, pois a criança ficará emocionalmente ferida e isso será inserido em suas memórias posteriormente. Gritar não é educar! Gritar é um espancamento emocional. Falar gritando e alterar a voz de forma autoritária à criança configuram abuso e atitude de péssima educação. A excelente pedagogia educativa se contempla no exemplo de convivência dos pais de comportamento manso, suave, diálogo com a voz serena, ação amorosa, acolhedora, coerência no falar conectada nas atitudes, inteligência nas realizações de simples brincadeiras à compromissos sérios e mostrar para o filho o cumprimento de responsabilidade com respeito e delicadeza.
Muitos pais pensam que alguns gritos não farão nada, mas há evidências científicas de que criar filhos gritando pode ser devastador.
Na verdade, um estudo publicado pela Universidade de Pittsburgh e pela Universidade de Michigan mostrou uma análise de diferentes famílias e descobriu que gritar com crianças, ou adolescentes, pode ter os mesmos efeitos negativos que a disciplina física e até mesmo, pode levar à agressão ou depressão. Muitas dessas crianças que cresceram em ambientes em que receberam gritos, tornaram-se adolescentes que discutem com os colegas, mau desempenho escolar, discutem nas escolas, mentem para os pais, podem incorrer em roubos e até apresentar sintomas de tristeza e depressão.
Segue abordagem das consequências de educar crianças com gritos e o que pode ser feito para educação sem gritos da especialista Isbelia Farias, Graduada e Mestre em Filosofia (Universidad del Zulia), Psicologia Positiva (Universidad Metropolitana de Caracas), diploma em Logoterapia e Análise Existencial, Orientação do Comportamento e Psicologia Forense.
Consequências de educar crianças com gritos
Além do exposto acima, existem 10 outras consequências de educar crianças com gritos, tais como:
- Eles não são ensinados sobre respeito;
- É um exemplo terrível;
- Não é educado para o bem-estar da família;
- Eles não aprendem a se conectar corretamente com os outros;
- O relacionamento com a mãe ou o pai só piora;
- Eles não aprendem a regular suas emoções;
- Então, eles não sabem como exercer o autocontrole;
- Eles podem estar com medo;
- Eles podem sentir conflitos entre sentimentos em relação aos pais;
- Não há nada de positivo em gritar.
O que pode ser feito para evitar a educação aos gritos?
A primeira coisa é banir da mente a ideia de que o grito educa, porque isso é falso. Ao contrário, se a educação for desprovida desse tipo de abuso, as crianças serão mais capazes de aprender comportamentos para seu futuro.
- Os limites podem ser gerenciados;
- Dê-lhes um reforço positivo; que os faz sentir compreendidos;
- Estabeleça regras e explique o que é para a vida familiar;
- Ensine-lhe que em todas as circunstâncias existem aspectos positivos;
- Seja empático e procure verificar se a criança carece de afeto;
- Evite punições e fale mais em ‘negociar’;
- Sempre demonstre amor para que cresçam em um ambiente positivo, entre outros.
Deve-se ter em mente que toda vez que um adulto grita, ele perde o controle e não pensa com clareza. Além disso, pode ser necessário um treinamento prévio para agir com calma antes de ceder aos gritos. Educar as crianças sem gritar formará o caráter de um adulto com autocontrole e boa autoestima.
Para uma profunda reflexão
Dois grandes pesquisadores sobre como as mães se relacionam com seus bebês, os renomados médicos pediatras americanos: Dr. Marshall H. Klaus, e Dr. John H. Kennell afirmam: “Que o desenvolvimento e sobrevivência do bebê dependem do vínculo formado com seus pais. O apego que o bebê desenvolve ocorre devido às respostas da mãe aos sinais da criança, que, tendo suas necessidades satisfeitas, desenvolve um sentimento de confiança básica”.
“A saúde mental do indivíduo é construída por um ambiente facilitador fornecido por uma “mãe suficientemente boa”, isto é, por uma mãe que reconhece a dependência inicial do filho e se adapta ativamente às suas necessidades”, disse Dr. Donald W. Winnicott (1896-1971), foi um médico pediatra e psicanalista inglês, célebre no campo das teorias das relações objetais e do desenvolvimento psicológico. Ele é mundialmente famoso pelas pesquisas sobre os pais “suficientemente bons”.
O fundamento educacional se encontra no amor, no respeito, na virtude, na dignidade de falar, agir e seguir no autoaperfeiçoamento. Daí caminhar colhendo frutos gloriosos na companhia da arte, da poesia, da literatura clássica, na busca do conhecimento, do lazer, do lúdico, da espiritualidade e da terapia.
Dr. Inácio José do Vale
Psicanalista Clínico, PhD
Qualificado em Psicologia Clínica e Educacional
Pós-graduado em Psicologia nas Organizações com Habilitação em Docência no Ensino Superior pela Faculdade Educamais de São Paulo-SP.
Psicologia, Educação e Desenvolvimento pela Faculdade Metropolitana do Estado de São Paulo-SP.
Doutorado em Psicanálise Clínica pela Escola de Psicanálise da Sociedade Brasileira de Psicanálise Contemporânea. Rio de Janeiro-RJ. Esta é reconhecida e cadastrada na Organização das Nações Unidas – ONU (United Nations Department of Economic and Social Affairs).
Autor do livro Terapia Psicanalítica: Demolindo a Ansiedade, a Depressão e a Posse da Saúde Física e Psicológica
Fontes:
https://www.psicoactiva.com/blog/educar-a-los-ninos-con-gritos/
PRESTES, Irene Carmem Piconi.; MINETTO, Maria de Fátima Joaquim. Psicologia da educação. 3. ed. Curitiba, PR. IESDE Brasil, 2018.
