Missa Vespertina da Ceia do Senhor

    Tríduo Pascal

    O cálice por nós abençoado, é a nossa comunhão com o sangue do Senhor” (Sl 115)

    Iniciamos com essa celebração da missa da ceia do Senhor e o rito do lava-pés o Tríduo Pascal. A partir de hoje até às vésperas do Domingo de Páscoa, culminando no sábado, na Vigília Pascal celebramos o ápice de nossa liturgia e nossa fé. De quinta à noite à bênção no final da vigília pascal é uma única missa. Na quinta-feira santa à noite ao final da missa não tem a benção final pois com a transladação do Santissimo Sacramento toda a comunidade se recolhe para a adoração e permanece em silêncio. Na Sexta-Feira Santa, à tarde acontece a celebração da Paixão (inicia no silêncio e se conclui no silêncio) e no sábado à noite a grande Vigília Pascal, e, ao final da vigília terminará a “missa” iniciada na Quinta-Feira com a benção final.

    Somos convidados a partir de hoje a viver com intensidade o Tríduo Pascal e devemos participar de todas as celebrações. Essas celebrações são o centro da nossa fé e nos alimentam espiritualmente. Nesta Quinta-feira Santa celebramos a razão de ser da Igreja, a instituição da Eucaristia, pois sem Eucaristia não haveria razão da Igreja existir. E consequentemente, na Sexta e no Sábado celebramos o mistério da paixão, morte e ressurreição de Jesus.

    Ao longo da Semana Santa e sobretudo no Tríduo Pascal temos que participar de todas as celebrações, ou seja, fazer Páscoa, passar com Jesus da morte para a vida ou seja, passar do calvário para a ressurreição, participando de todos os momentos da vida de Jesus, desde a prisão, condenação, paixão, morte e ressurreição.

    Com a instituição da Eucaristia, conhecida por nós como a última ceia que celebramos na quinta-feira santa à tarde/noite, fazemos memória daquilo que Jesus fez e repetimos esse momento em todas as missas atualizando a entrega de Jesus por nós. Em todas as missas fazemos memória do mistério pascal de Cristo e cremos por meio da fé que Ele está presente no meio de nós e que aquelas espécies do pão e do vinho se tornaram no Corpo e Sangue de Jesus.

    O mistério da Eucaristia não conseguimos explicar, mas temos que vivê-lo dia a dia, contemplamos o mistério Eucarístico com o olhar da fé, por isso o padre após consagrar o pão e o vinho diz “mistério da fé”, pois somente com o olhar da fé é possível compreender que o pão e o vinho consagrados se tornam o Corpo e Sangue de Cristo. Somente na eternidade esse “mistério” será totalmente revelado para nós.

    Façamos o esforço de participar da missa vespertina da ceia do Senhor iniciando bem o nosso Tríduo Pascal. Após a comunhão, não tem a benção final como dissemos, e ficaremos em adoração diante do Santíssimo Sacramento que será o nosso alimento na sexta-feira santa quando não teremos missa.  A Eucaristia tem tamanha importância para a Igreja que toda Quinta-Feira é dia votivo a Eucaristia, ou seja, dia dedicado para a exposição do Santíssimo e a missa pode ser celebrada com paramentos brancos e orações próprias referentes a Eucaristia caso a liturgia permita.

    Nessa missa da Quinta Feira Santa, além de recordar a instituição da Eucaristia, recordamos um gesto nobre que Jesus fez nessa mesma noite antes da ceia. Jesus lava os pés dos discípulos ensinando que nós devemos fazer o mesmo, no sentido de que devemos nos doar ao próximo e amar o nosso semelhante sem esperar nada troca. Conforme nos motiva a Campanha da Fraternidade desse ano: “Fraternidade e amizade social”. Ainda com esse gesto Jesus nos ensina a humildade e que ninguém deve se achar melhor do que o outro. Esse gesto é recordado após o evangelho, antes do ofertório.

    A primeira leitura da missa de hoje é do livro do Êxodo (Ex 12,1-8.11-14), nessa leitura recordamos como era celebrada a Páscoa no Antigo Testamento, a data recordava, antes de tudo, a passagem do povo judeu da escravidão no Egito até entrar na Terra prometida. A Páscoa para o povo judeu significa a passagem da escravidão para a liberdade. Para celebrá-la era necessário imolar o “cordeiro pascal”, que era um animal. Hoje o cordeiro Pascal é Cristo e na Páscoa agradecemos a Deus por ter permitido o seu filho “imolar-se” por nós. A Páscoa para o cristianismo ganha um novo sentido, que é celebrar a Paixão, morte e ressurreição de Jesus e é a passagem da morte para a vida. A Páscoa cristã que nós celebramos advém da Páscoa judaica, porém não é mais necessário imolar o “cordeiro”, hoje em dia pois o “Cordeiro Pascal” é o próprio Cristo.

    O salmo responsorial é o 115 (116B), que diz em seu refrão: “O cálice por nós abençoado, é a nossa comunhão com o sangue do Senhor”. Quando o sacerdote consagra o pão e o vinho e pela ação do Espírito Santo eles se transformam no Corpo e Sangue de Cristo, ao comungarmos entramos em comunhão com o Senhor, uma comunhão eterna e de amor, que viveremos de maneira plena na eternidade.

    A segunda leitura dessa missa é da carta de São Paulo aos Coríntios (1Cor 11,23-26), Paulo diz à comunidade de Corinto aquilo que ele recebeu de Deus e do Espírito Santo, ele faz a narrativa da última ceia, e que a partir do momento que comungamos do Corpo e Sangue do Senhor devemos partilhar os nossos bens entre os membros da comunidade. Ao participar da ceia do Senhor anunciamos a morte do Senhor e proclamamos a sua ressurreição.

    O evangelho desta Quinta-Feira é de João (Jo 13, 1-15), o Evangelho de João sempre aparece nas solenidades e festas, sobretudo quando se trata da Eucaristia. João é aquele que fala do amor e a Eucaristia é a maior prova de amor de Deus por nós. Deus se doa a nós e nós devemos nos doar aos irmãos. O Verbo se fez carne e habitou entre nós, precisou Deus se fazer homem para ensinar a humanidade o caminho do amor.

    João relata nesse Evangelho que estava próxima a Páscoa dos Judeus, e que o Diabo já havia colocado no coração de Judas o desejo de trair Jesus. Durante a última ceia Jesus diz que um dentre os doze o haveria de trair. Eles ficaram inquietos e se perguntando quem deles seria capaz de tal coisa. Jesus diz que é aquele que põe a mão no prato com Ele, e que Ele der um pedaço de pão embebido no molho. Após Jesus molhar o pão no molho e dar a Judas, Ele diz: “Faça logo o que tem que fazer”, Judas sai correndo e vai ao encontro daqueles que deveriam prender Jesus.

    Jesus, com a última ceia, instaura a nova Páscoa, ou seja, não seria mais necessário imolar o “cordeiro”, Ele mesmo seria o cordeiro dali por diante. Em toda missa recordamos a memória dessa ceia e o mistério pascal de Cristo. Por isso, Ele mesmo disse: “Fazei isto em memória de mim”.

    Celebremos com o coração confiante essa Quinta-feira Santa e iniciemos com o coração cheio de fé o Tríduo Pascal. Participemos do Tríduo todo e lembremos sempre, Cristo se entregou por nós livremente, em vista da nossa salvação. Sem Eucaristia não haveria razão da Igreja existir, ao comungarmos do Corpo e Sangue de Cristo nos preparamos para aquilo que iremos viver na eternidade.

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