Minhas Palavras não passarão

             Estamos no penúltimo Domingo do Ano Litúrgico, o 33º domingo do tempo comum, que é também o V Dia Mundial dos Pobres. No Domingo próximo, a Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo encerrará este ano litúrgico. Neste domingo a Palavra de Deus, nos recorda que, como o ano, também a nossa vida passa, e passa veloz. Assim, o Senhor nos convida à vigilância e nos exorta a que não percamos de vista o nosso caminho neste mundo e o destino que nos espera. Nossa vida tem um rumo; o mundo e a história humana têm uma direção!

             Todos vamos morrer um dia! É o “fim de nosso mundo pessoal!” E todos seremos julgados por Jesus! Jesus disse: “O céu e a terra passarão, mas minhas palavras não passarão!” Todos seremos chamados de volta: Quem para a vida eterna e quem para o opróbrio eterno! Certeza do fim de todos e de tudo e certeza do julgamento imparcial e definitivo: uns para a glória e outros para as trevas, para o opróbrio eterno!

    A morte é certa e o julgamento também! E nada e ninguém tem poder para impedir o fim de todas as coisas e o fim de nossa vida temporal e carnal (Sl 49,8-9). Deus pagou um alto preço para salvar-nos; a moeda do resgate foi o Sangue de seu próprio Filho, Jesus. Somos salvos pelo Sangue do Filho de Deus! E, não raro, vivemos como se Jesus não tivesse morrido por nós!

    Na primeira leitura – Dn 12,1-3 – o profeta Daniel fala em combate e em tempo de angústia. É o nosso tempo, este tempo presente, que se chama “hoje”. O livro de Daniel retrata a situação das comunidades judaicas que viviam dispersas sob o domínio greco-romano dos dois últimos séculos antes de Cristo. Que o mundo vai acabar, até a Ciência sabe disso! A certeza do Julgamento é inevitável: é Palavra de Deus. Feliz de quem acredita na Palavra de Deus e se prepara para ele!

    Na segunda leitura – Hb 10,11-18 – Jesus fez a sua parte: morreu por nós! Seu Sangue é a moeda do resgate! Agora, é viver como resgatados pelo Sangue de Jesus, como servos pertencentes ao Senhor! Diante dessa realidade, a carta se apresenta como uma reflexão sobre o mistério de Cristo, o sacerdote por excelência, cuja missão é reconstruir a relação dos discípulos com o Pai e inseri-los no povo sacerdotal que é a comunidade cristã. O autor lembra que Jesus, ao entregar sua vida para a remissão de nossos pecados, conseguiu aproximar a humanidade do seu Criador.

    No Evangelho – Mc 13,24-32 – o evangelista apresenta o discurso escatológico de Jesus aos seus discípulos, indicando a missão da comunidade desde sua morte até o final da história humana. Hoje, a Palavra de Deus adverte: tudo estará debaixo do senhorio de Cristo! Por isso, numa linguagem de cores fortes e figuras impressionantes, Jesus diz que a criação será abalada pela sua Vinda: “O sol vai escurecer e a lua não brilhará mais, as estrelas começarão a cair do céu e as forças do céu serão abaladas”. Toda a criação será palco dessa Revelação da glória do Senhor, toda a criação será transfigurada e alcançará a plenitude no parto de um novo céu e uma nova terra onde a glória de Deus brilhará para sempre! O Senhor afirma ainda que também a história chegará ao fim e será passada a limpo. Cristo fala disso usando a imagem da grande tribulação, isto é, as dores e contradições do tempo presente, que vão, em certo sentido se intensificando neste mundo.

             As leituras são muito atuais e consoladoras, sobretudo nos dias atuais, quando vemos o Cristo enxovalhado, o cristianismo perseguido e desprezado, a santa Igreja católica caluniada. Não é de hoje que a Igreja sofre e que os cristãos são perseguidos, ora aberta, ora veladamente. Já no longínquo século V, Santo Agostinho afirmava que a Igreja peregrina neste tempo, avançando entre as perseguições do mundo e as consolações de Deus… O perigo é perder de vista o caminho, perder o sentido do nosso destino, esfriar na vigilância, perder a esperança, abandonar a fé.

             Palavras deste mundo não podem descrever o que pertence ao mundo que há de vir. O que a Escritura deseja é nos alertar a que vivamos na verdade, vivamos na fé, vivamos na fidelidade ao Senhor… vivamos de tal modo esta nossa vida, que possamos, de fé em fé, de esperança em esperança, alcançar a vida eterna que o Senhor nos prepara, vida que já experimentamos hoje, agora, nesta Santíssima Eucaristia, sacrifício único e santo do nosso Salvador que, à Direita do Pai nos espera como Juiz e Santificador. A ele a glória pelos séculos dos séculos.

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