Jubileu da Misericórdia

    “O Ano Jubilar terminará na solenidade litúrgica de Jesus Cristo, Rei do Universo, em 20 de novembro de 2016. Naquele dia, ao fechar a Porta Santa, animar-nos-ão, antes de tudo, sentimentos de gratidão e agradecimento à Santíssima Trindade por nos ter concedido este tempo extraordinário de graça. Confiaremos a vida da Igreja, a humanidade inteira e o universo à sua misericórdia, como orvalho da manhã, para a construção de uma história fecunda com o compromisso de todos no futuro próximo”. Estas são palavras do papa Francisco, retiradas da bula “O Rosto da Misericórdia”, que promulgou o jubileu extraordinário da misericórdia.
    Para a vivência do ano jubilar foram propostas várias celebrações, rituais, símbolos e, acima de tudo, obras de misericórdia para que o objetivo fosse alcançado, tornando as pessoas e as estruturas “misericordiosas como o Pai”. Em outro momento o papa Francisco disse: “podemos não só palpar a misericórdia do Pai, mas somos impelidos a tornar-nos nós mesmos instrumentos da sua misericórdia. Falar de misericórdia pode ser fácil; mais difícil é tornar-se suas testemunhas na vida concreta. Trata-se dum percurso que dura toda a vida e não deveria registar interrupções”.
    Um rito marcante foi a abertura da “Porta da Misericórdia” realizada no dia 08 de dezembro de 2015 e que será fechada neste domingo dia 20. O significado da porta está nas palavras de Jesus: “Eu sou a porta. Quem entrar por mim será salvo; poderá entrar e sair, e encontrará pastagem” (João 10,9). Jesus é a porta que faz entrar e sair. A casa de Deus é abrigo e a porta se chama Jesus. Passar pela porta é ouvir e se deixar conduzir. Esta passagem pela porta da misericórdia, vivenciada por muitas pessoas de fé, recordava este convite de Jesus de entrar por Ele para ter vida plena.
    Outra ação concreta foi a insistência na vivência das obras de misericórdia corporais e espirituais. As obras corporais são: a preocupação de matar a fome, a sede, o vestir, a acolhida, a visita aos doentes e presos e o enterro digno dos mortos. As obras de misericórdia espirituais são: aconselhar, ensinar, corrigir, consolar, perdoar, sofrer pelas misérias do próximo e rezar pelos vivos e falecidos. São pequenos gestos de cuidado, solidariedade e preocupação com os outros. Realizados por amor gratuito e não por interesse. Estão acessíveis a todas as pessoas e quando realizadas estabelecem laços fraternos.
    Ao final do Ano Jubilar da Misericórdia é tempo de colher frutos e os sentimentos são de “gratidão e agradecimento à Santíssima Trindade por nos ter concedido este tempo extraordinário de graça”. É preciso ser grato a Deus e a todas as pessoas que se empenharam em divulgar e organizar o ano jubilar. A gratidão e o agradecimento são a resposta necessária para quem fez o bem. É impossível quantificar todo bem realizado neste período e quantas pessoas se sensibilizaram diante da fraqueza corporal e espiritual do próximo.
    Como o papa Francisco nos recorda que o Ano da Misericórdia não termina, mas continua na “construção de uma história fecunda com o compromisso de todos no futuro próximo”. Sim, o mundo precisa de muitas e profundas mudanças estruturais para ter mais igualdade, justiça social e inclusão dos que estão nas periferias das cidades e da existência. Enquanto há o empenho nestas áreas, não podem ficar esquecidos os pequenos gestos cotidianos de atenção com as misérias humanas que necessitam de atenção, perdão e misericórdia.

    Dom Rodolfo Luís Weber
    Arcebispo de Passo Fundo
    18 de novembro de 2016

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