Jesus segue nos amando!

    Quem é esse Deus em quem acreditamos? Qual é a sua essência? Como é que o podemos definir? A liturgia da Solenidade do Sagrado Coração de Jesus diz-nos que “Deus é amor”. Convida-nos a contemplar a bondade, a ternura e a misericórdia de Deus, a deixarmo-nos envolver por essa dinâmica de amor, a viver “no amor” a nossa relação com Deus e com os irmãos.

    Desde a época dos Padres da Igreja, a água e o sangue do Coração de Jesus são símbolos dos Sacramentos, do Batismo e da Eucaristia. A própria Igreja, como a nova Eva, é vista como nascida do lado aberto de Cristo na Cruz, o novo Adão. A contemplação do Coração de Jesus, jorrando sangue e água, sempre foi na Igreja fonte de piedade, oração, fé, graça. No entanto, uma festa propriamente dita do Coração de Jesus foi celebrada pela primeira vez em 20 de outubro de 1672 pelo Padre São João Eudes. Pouco tempo depois, as revelações de Santa Margarida Maria Alacoque – em 1675 – contribuíram imensamente para a difusão desta devoção. A característica própria desta solenidade é a ação de graças pela riqueza insondável de Cristo e a contemplação reparadora do Coração Transpassado. O Papa Pio IX em 1856 estendeu a festa a toda a Igreja Latina.

    A primeira leitura (Dt 7,6-11) é uma catequese sobre essa história de amor que une Deus a Israel. Ensina que foi o amor – amor gratuito, incondicional, eterno – que levou Deus a eleger Israel, a libertá-lo da opressão, a fazer com ele uma Aliança, a derramar sobre ele a sua misericórdia em tantos momentos concretos da história… Diante da intensidade do amor de Deus, Israel não pode ficar de braços cruzados: o Povo é convidado a comprometer-se com Deus e a viver de acordo com os seus mandamentos. O povo de Deus, hoje, constituído não só por Israel, mas por todos os que, em todas as nações, professam e vivem a fé no Senhor Jesus, Filho de Deus.

    A segunda leitura (1Jo 4,7-16) define, numa frase lapidar, a essência de Deus: “Deus é amor”. Esse “amor” manifesta-se, de forma concreta, clara e inequívoca em Jesus Cristo, o Filho de Deus que Se tornou um de nós para nos manifestar – até à morte na cruz – o amor do Pai. Quem quiser “conhecer” Deus, permanecer em Deus ou viver em comunhão com Deus, tem de acolher a proposta de Jesus, despir-se do egoísmo, do orgulho e da arrogância e amar Deus e os irmãos. O grande amor de Deus por nós se revelou pelo Coração transpassado de Jesus. Pelo Coração de Jesus, Deus nos amou primeiro e espera que o “recompensemos” com nosso amor, que se demonstra no amor ao próximo. Ora, “quem não ama, não chegou a conhecer Deus, pois Deus é amor”. “Nisto consiste o amor: não fomos nós que amamos a Deus, mas foi ele que nos amou e enviou o seu Filho (…), se Deus nos amou assim, nós também devemos amar-nos uns aos outros”.

    O Evangelho (Mt 11,25-30) garante-nos que esse Deus que é amor tem um projeto de salvação e de vida eterna para oferecer a todos os homens. A proposta de Deus dirige-se especialmente aos pequenos, aos humildes, aos oprimidos, aos excluídos, aos que jazem em situações intoleráveis de miséria e de sofrimento: esses são não só os mais necessitados, mas também os mais disponíveis para acolher os dons de Deus. Só quem acolhe essa proposta e segue Jesus poderá viver como filho de Deus, em comunhão com Ele.

    No primeiro momento, Jesus em prece ao Pai, demonstra seu grande e insondável amor aos pequeninos, pobres e humildes: os preferidos do Senhor. Deus revelou os seus mistérios, pelo Filho, aos pequenos e não aos sábios e letrados. Os pequenos são mais abertos ao amor e capazes de entender e de se deixar amar, sem soberba e arrogâncias. Em um segundo momento, Jesus, com seu Santo e Amoroso Coração, convida afavelmente: “Vinde a mim todos vós que estais cansados e fatigados sob o peso dos vossos fardos, e eu vos darei descanso. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração, e vós encontrareis descanso. Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve”.

    Os pobres são os privilegiados de Jesus, porque têm condições de entender o projeto de Deus, que propõe vida com dignidade para todos. Eles descobrem a mensagem de Jesus, que é justiça para os desfavorecidos e libertação de todo peso que impede o florescimento da vida. Só acolhe e entende o projeto de Jesus e seu Reino quem se despoja de sua arrogância e se dispõe a ser solidário com os pequeninos. O Coração de Jesus reflete o coração de Deus. Jesus segue amando como foi amado pelo Pai.

             Neste dia somos chamados a rezarmos pela santificação de todo o Clero, particularmente pelos padres doentes, perseguidos, marginalizados e privados de seu ministério.

             Sagrado Coração de Jesus, rogai por nós!

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