O trecho da carta de São Tiago que lemos como segunda leitura do vigésimo quinto domingo do Tempo Comum nos apresenta uma comunidade gravemente dividida. Dentro dela, há grandes conflitos, a ponto de seus membros se matarem uns aos outros. A carta já revelara a opressão dos ricos sobre os pobres, Agora, tem-se a impressão de que há outros focos de conflito, não menos graves que os anteriores.
A tônica do texto é a sabedoria cristã, que não depende de erudição acadêmica, mas do bom-senso com que as pessoas se relacionam comunitariamente.
O autor distingue dois tipos de sabedoria: a que é dada por Deus e se traduz no bom-senso, e a que se aprende nas escolas. Uma é boa e conduz a relações fraternas e justas; a outra se converteu e serve de suporte para que sejam cometidas injustiças.
Ele descreve “a sabedoria que vem do alto”, com sete qualidades: pura, pacífica, indulgente, conciliadora, cheia de misericórdia e bons frutos, sem parcialidade, sem fingimento. Temos aí o retrato da pessoa sábia: não é quem estudou, mas quem possui bom-senso nas relações com as pessoas. Sábia é a pessoa autêntica e leal, que promove a paz, é indulgente, procura conciliar, é bondosa, imparcial e transparente, sem duas caras. Quem semeia discórdia na comunidade não é pessoa sábia, pois está semeando vento para colher tempestade.
Tiago ajuda a comunidade a descobrir as raízes das divisões comunitárias. A ganância é a fonte de todos os males da comunidade. Por causa dela, as pessoas matam e se entregam à luta e à guerra. A ganância gera a cobiça e esta, por sua vez, mata para possuir, sem se saciar.
Isso tudo acontecia dentro de comunidades cristãs. Note-se que são comunidades que rezam. Mas Deus não as atende porque os pedidos são interesseiros, feitos “com a finalidade de esbanjarem nos seus prazeres”, Deus não freqüenta comunidades insensatas, nem as atende, porque sua prática nega a sinceridade de suas preces.
Articulistas
