Jesus, Rei do Universo!

    Chegamos ao fim do ano litúrgico chamado B celebrando a Solenidade de Jesus Cristo, Rei e Senhor do Universo. A Palavra de Deus que nos é proposta neste último domingo do ano litúrgico convida-nos a tomar consciência da realeza de Jesus; deixa claro, no entanto, que essa realeza não pode ser entendida à maneira dos reis deste mundo: é uma realeza que se concretiza de acordo com uma lógica própria, a lógica de Deus.

    O Evangelho(cf. Jo 18,33b-37), especialmente, explica qual é a lógica da realeza de Jesus. O Reinado de Cristo se evidencia na sua “hora”(cf Jo 17,1), a hora de sua Paixão e morte de Cruz, que culminará com a resssurreição. O Evangelho deste ano nos insere na declaração de Jesus diante de Pilatos: “Tu o dizes: eu sou rei”(cf. Jo 18,37). Esta autorrevelação de Jesus coloca Pilatos numa situação estranha, pois o acusado reivindica realeza e reino(cf. Jo 18,36). Jesus criou, com estas palavras, um conceito absolutamente novo de reino e realeza, pois o fundamento deles é a Verdade: “Eu nasci e vim ao mundo para isto: para dar testemunho da Verdade. Todo aquele que é da Verdade escuta a minha voz”(cf. Jo 18,37). Verdade e mentira, no mundo, estão continuamente misturadas. A Verdade, como tal, fica obscurecida. A Verdade é incômoda para o homem, mas é o guia mais seguro para que este saia da prisão de si e para a verdadeira liberdade. O mundo só experimentará a Verdade à medida que refletir Deus: a fonte e origem de toda a criação, a razão eterna de onde tudo brotou. A missão de Jesus é a de “dar testemunho da verdade”, isto é, manifestar a realidade de Deus e da sua vontade diante dos interesses e dos poderes do mundo. Deus é a medida, a razão, o sentido de tudo o que existe. Neste contexto, a Verdade é o verdadeiro “Rei” que dá a todas as coisas a sua luz e a sua grandeza. Toda a vida e a pregação de Jesus foi o anúncio do Reino de Deus. O centro da mensagem de Jesus é a cruz, é o Reino de Deus, instaurado com o seu sacrifício e que se torna presente na sua Pessoa. A realeza anunciada por Jesus diante de Pilatos é a realeza da Verdade: “Se permanecerdes na minha palavra(…) conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”(….) Se, pois o Filho vos libertar, sereis, realmente, livres”(cf. Jo 8,31s.36). Assim, o Reino de Jesus é o “Reino da Verdade e da Vida, Reino da Santidade e da graça, Reino da Justiça, do amor e da paz!”.

    A primeira leitura(cf. Dn 7,13-14) anuncia que Deus vai intervir no mundo, a fim de eliminar a crueza, a ambição, a violência, a opressão que marcam a história dos reinos humanos. Através de um “filho de homem” que vai aparecer “sobre as nuvens”, Deus vai devolver à história a sua dimensão de “humanidade”, possibilitando que os homens sejam livres e vivam na paz e na tranquilidade. Os cristãos verão nesse “filho de homem” vitorioso um anúncio da realeza de Jesus.

    Na segunda leitura(cf. Ap 1,5-8), o autor do Livro do Apocalipse apresenta Jesus como o Senhor do Tempo e da História, o princípio e o fim de todas as coisas, o “príncipe dos reis da terra”, Aquele que há-de vir “por entre as nuvens” cheio de poder, de glória e de majestade para instaurar um reino definitivo de felicidade, de vida e de paz. É, precisamente, a interpretação cristã dessa figura de “filho de homem” de que falava a primeira leitura.

    O Evangelho(cf. Jo 18,33b-37) apresenta-nos, num quadro dramático, Jesus a assumir a sua condição de rei diante de Poncio Pilatos. A cena revela, contudo, que a realeza reivindicada por Jesus não assenta em esquemas de ambição, de poder, de autoridade, de violência, como acontece com os reis da terra. A missão “real” de Jesus é dar “testemunho da verdade”; e concretiza-se no amor, no serviço, no perdão, na partilha, no dom da vida.

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