A liturgia do 3º Domingo da Páscoa convida-nos a descobrir esse Cristo vivo que acompanha os homens pelos caminhos do mundo, que com a sua Palavra anima os corações magoados e desolados, que se revela sempre que a comunidade dos discípulos se reúne para “partir o pão”. Apela, ainda, a que os discípulos sejam as testemunhas da ressurreição diante dos homens. O episódio de Emaús é uma síntese do que vivenciamos em cada Eucaristia: celebramos a presença de Jesus em nossa vida, ouvindo a sua Palavra e participando da partilha do pão.
O Senhor Ressuscitado caminha conosco e nos convida a formar comunhão com Ele ao redor da sua Palavra e da partilha do Pão da vida. Que nós sejamos iluminados pela ressurreição do Senhor, reconhecendo sua presença entre nós na partilha da Palavra e do Pão!
É no Evangelho (Lc 24,13-35), sobretudo, que esta mensagem aparece de forma nítida. O texto que nos é proposto põe Cristo, vivo e ressuscitado, a caminhar ao lado dos discípulos, a explicar-lhes as Escrituras, a encher-lhes o coração de esperança e a sentar-Se com eles à mesa para “partir o pão”. É aí que os discípulos O reconhecem. São Lucas faz uma página exemplar para nos mostrar como o Senhor Ressuscitado está presente ainda hoje na nossa via de fiéis e como podemos encontrá-lo. Os dois peregrinos são figura da Igreja. Esta muda de coração, rosto e caminho quando, na dúplice mesa da Palavra e do Pão, experimenta o Vivente e se une à proclamação de fé de Pedro, pelo qual foi visto.
A primeira leitura (At 2,14.22-33) mostra (através da história de Jesus) como do amor que se faz dom a Deus e aos irmãos, brota sempre ressurreição e vida nova; e convida a comunidade de Jesus a testemunhar essa realidade diante dos homens. A comunidade apostólica levanta a voz e proclama a ressurreição e a exaltação-glorificação de Jesus à direita do Pai. Jesus, que recebera o Espírito Santo prometido pelo Pai, derrama o mesmo Espírito sobre seus apóstolos. E é pelos dons do Espírito Santo que a comunidade ergue a voz e realiza pela primeira vez sua ação missionária.
A segunda leitura (1Pd 1,17-21) convida a contemplar com olhos de ver o projeto salvador de Deus, o amor de Deus pelos homens (expresso na cruz de Jesus e na sua ressurreição). Constatando a grandeza do amor de Deus, aceitamos o seu apelo a uma vida nova.
Ao mesmo tempo em que nos alimentamos do pão material para fortalecer o corpo físico para a labuta diária, não podemos dissociar o alimento da Páscoa do Pão que Jesus nos oferece de nossa missão diária. Qual a nossa missão? Sem sombra de dúvida proclamar a mesma fé que os apóstolos, cheios do Espírito Santo, transmitiram: Jesus ressuscitou e fomos resgatados pelo precioso sangue de Cristo, cordeiro sem mancha nem defeito!
A Eucaristia é a memória do que Jesus falou e fez dois mil anos atrás, que tornamos realidade quando partilhamos a Palavra e o Pão, de modo que em nós Jesus continue falando e agindo. Manifestemos pela comunhão, de maneira comunitária, a urgência da partilha do pão e do amor. E só quando partilhamos que reconheceremos o Ressuscitando caminhando conosco!