Jesus, eu confio em vós

    Celebramos sempre no segundo domingo da Páscoa a Festa da Divina Misericórdia. Durante todo o tempo da Quaresma, somos convidados a experimentar a misericórdia de Deus através do sacramento da reconciliação e da penitência. Dessa forma, nada melhor que no segundo domingo de Páscoa celebremos a misericórdia de Deus, para agradecê-lo por ser tão misericordioso conosco. Ele está sempre pronto a nos perdoar e, da mesma forma, é o Pai do filho pródigo que sempre espera a nossa volta para casa.

    Podemos dizer que a Divina Misericórdia é o amor infinito de Deus por seus filhos e filhas. Se formos analisar friamente, é quase impossível explicarmos a Divina Misericórdia. Ela não se explica. A misericórdia é uma virtude que vem de Deus e é a sua essência. Ele está sempre pronto a nos dar o seu perdão.

    Normalmente, as paróquias realizam nesse domingo dedicado a Divina Misericórdia ― pequenos retiros, tardes de espiritualidade ou de louvor. Abrindo espaço para atendimento de confissões e terminando com a celebração da Santa Missa. Sempre é tempo de nos abandonarmos na misericórdia de Deus e de deixar com que seu amor misericordioso nos alcance. Esse segundo domingo da Páscoa devemos agradecer o amor de Deus por cada um de nós. Que possamos compartilhar vossa misericórdia com as demais pessoas que conosco se encontrar.

    A misericórdia de Deus se tornou uma grande devoção popular nos dias de hoje, embora encontremos esse conceito desde o início da revelação bíblica, passando por todos os séculos e tradições da Igreja. É proclamada, divulgada e buscada em diversas partes do mundo. A devoção à Divina Misericórdia se difundiu mais no século XX, na região da Polônia, entre os anos de 1930 e 1938, através de uma experiencia vivida por uma religiosa chamada Irmã Faustina. Ela nasceu no ano de 1905 e morreu em 1938. Hoje é canonizada pela Igreja e conhecida como Santa Faustina. Tem um livro conhecido como o “Diário de Santa Faustina”, onde relata sua experiencia com a misericórdia de Deus.

             No Diário de Santa Faustina é relatado a experiencia pessoal que Santa Faustina teve com Jesus misericordioso. Em suas orações, ela pedia a misericórdia de Deus para ela e para o mundo. Em certo dia, Ela teve a visão daquela imagem que conhecemos de Jesus misericordioso. Santa Faustina não guarda somente para si a misericórdia de Deus que ela recebe, mas transmite essa misericórdia para o mundo.

    Santa Faustina diz em um trecho de seu diário sobre a misericórdia: a transmissão de novas formas do culto da Misericórdia Divina, cuja prática haverá de conduzir à renovação da vida cristã em espírito de confiança e misericórdia” (Diário, p. 8–9). Muitos cristãos terão a sua fé renovada a partir da experiência da misericórdia de Deus. Muitos que estavam afastados de Deus e da Igreja ao serem alcançados pela misericórdia, voltarão para o seio da Igreja. O mundo está sedento da misericórdia de Deus.

    O Diário de Santa Faustina é pautado na Sagrada Escritura e nos documentos da Igreja, uma das bases para essa devoção. No Diário, além da experiencia da Santa com Jesus misericordioso, encontramos a explicação do quadro de Jesus misericordioso e seu significado ― o Terço da misericórdia, a Festa da Divina Misericórdia e suas obras.

    A Divina Misericórdia deve ser vivenciada por cada um, de maneira particular. Podemos até ler ou ouvir, mas cabe a cada um vivenciar em sua vida a Divina Misericórdia. Deus nos ama e quer nos alcançar com a sua misericórdia, basta nos abrirmos para essa para essa graça.

    “Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu único Filho para que todos os que Nele crê, não pereça, mas que tenham a vida eterna. Pois Deus não enviou seu Filho ao mundo para condená-lo, mas para que o mundo seja salvo por Ele” (Jo 3, 16–17). Esse é o retrato perfeito da misericórdia de Deus. Jesus morreu por amor a nós e para salvar a humanidade do pecado e, ainda, para mostrar que a morte não tem a última palavra, mas a vida sempre vence.

    Podemos, com essa celebração da Divina Misericórdia, nos questionarmos se estamos longe de Deus. O mundo atual com tantas guerras, polarizações, egoísmo, ódio e violência, provém do coração humano que está longe de Deus. Aproximemo-nos de Deus e de sua misericórdia infinita e rezemos para que a misericórdia divina alcance o mundo inteiro.

    Temos ainda mais dois trechos do livro do Diário de Santa Faustina: As almas se perdem, apesar da minha amarga paixão. Estou lhes dando a última tábua de salvação, […]” (D. 965). Ou, ainda, “A humanidade não encontrará paz enquanto não se voltar com confiança para a minha misericórdia” (D. 300).

    Santa Faustina escreve essas palavras como se fosse o próprio Jesus dizendo. Acabamos de vivenciar o tempo quaresmal, em que a palavra mais dita nesse tempo foi “conversão” ― voltar o coração para a Misericórdia Divina. Mas, muitas vezes a humanidade não se converte e continua longe de Deus. Que possamos nos converter e sermos alcançados pela misericórdia divina. Comecemos a mudança de nós mesmos e assim poderemos anunciar aos outros a conversão.

    Que possamos sempre repetir, junto com Santa Faustina: “Jesus, eu confio em vós”

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