Jesus Cristo, Rei do Universo

    Por três coisas devemos dar graças a Deus, nosso Pai: 1) por nos ter tirado do domínio das trevas; 2) por nos ter transladado para o Reino de seu Filho amado; 3) por nos ter feito compartilhar da herança do povo santo na luz.
    Somos filhos da luz. Filhos do dia. O pecado traz as trevas e invalida aquela preciosa ordem do Criador: faça-se a luz! Tudo em nós se tornou tenebroso. Deus enviou seu Filho. Entrou em nossas trevas. Com seu sangue nos remiu, iluminou nossa vida, acabou com a escuridão que nos impedia de ver, crescer, viver.
    Somos seres transladados a um novo reino, o reino da luz. Aqui há um ser que tudo ilumina e centraliza: é o Filho querido. A própria imagem do Deus invisível, a primeira criatura desenhada e gerada, o modelo de toda a criação. Tudo foi criado por ele e para ele. Deus Pai disse: “Faça-se a luz”. E seu Filho começou já então a ser a luz do mundo. E tudo se encheu com as centelhas de sua luz. Sem luz, não teria havido criação. Sem Jesus, luz do mundo, nada existiria. Tudo existe graças a ele. Seu reino é cósmico. Nada se livra da sua luminosidade e de seu calor. Ele é a luz do mundo.
    Mas, também, é a cabeça do corpo, da Igreja. Em sua comunidade, Jesus é a cabeça, nele reside a plenitude do poder, nele se estreou a vida da ressurreição. Ele, cabeça da Igreja, é o princípio de reconciliação de todos os seres: os do céu e os da terra. Tudo nele se pacifica.
    É bom confessar a liderança de Jesus, a centralidade de nosso Senhor, para que ninguém o suplante em nosso coração e em nossa vida. Celebrar Jesus, rei do universo é uma ótima oportunidade para reafirmar a única liderança de Jesus.
    É preciso tornar-se simples como as crianças  para entrar no reino do Filho de Deus, Jesus de Nazaré.
    Desde os tempos de Jesus, sempre houve aqueles que ridicularizam a salvação que Jesus traz. Eles tinham querido uma salvação espetacular. Teriam se envolvido em um movimento com características imperiais.
    Só uma pessoa entendeu o Mistério. Sofreu junto de Jesus. Quis solidarizar-se com sua morte. Quis morrer como Jesus: o bom ladrão. Disse palavras preciosas: ”Este não cometeu falta nenhuma”. Declarou a inocência de Jesus. Além disso, dirigiu-se a ele com palavras vindas do íntimo, palavras de amigo do coração: não o chamou de Senhor, nem de Messias. Dirigiu-se a ele com familiaridade: “Jesus, Jesus”. E acrescentou: “Recorda-te de mim quando estiveres em teu reino”. O malfeitor compreendeu que, através desse acontecimento tão terrível da crucificação, se abriam as portas do Reino. O bom ladrão quer que Jesus não o esqueça, porque o ama. Ele morreu olhando para Jesus, sofrendo com Jesus, sentindo pesar por Jesus, compartilhando a esperança de Jesus.
    E a resposta de Jesus é: “Eu te asseguro: hoje mesmo estarás comigo no paraíso”. No dia da máxima dor, abrem-se as portas do paraíso e ali chega Jesus com seu companheiro de cruz.
    É Reino de Deus tudo aquilo que se adapta ao mistério da Cruz. O Crucificado é o critério que nos indica como vem o Reino, o que é o Reino. Não nos diz que o Reino de Jesus é o sistema do Templo de Jerusalém, não nos mostra o sistema imperial que Pilatos representava. Quem nos mostra o Reino é o bom ladrão, que o ouviu de Jesus. E este. O Rei do universo veio para nos assegurar de que podemos participar do seu Reino de amor. Ao encerrar o ano da fé, rezemos pelo Papa Bento XVI, que o convocou e agora, como eu na emeritude continua a rezar pela Igreja; e pelo Papa Francisco que insiste na misericórdia contra a mentalidade principesca, para vivenciarmos o Evangelho da Vida!