O dogma da Imaculada Conceição foi definido em 1854 pelo papa Pio IX, na bula INEFFABILES DEUS, em que, resumidamente, ele afirma: “Declaramos, pronunciamos e definimos como doutrina revelada por Deus, o quanto segue: A Beatíssima Virgem Maria, no primeiro instante da sua concepção, por singular graça e privilégio de Deus, onipotente, em vista dos méritos de Jesus Cristo, Salvador do gênero humano, foi preservada imune de toda mancha de pecado original”.
O dogma da Imaculada Conceição está em função da encarnação do Verbo de Deus. O texto do evangelho proposto para esta festa é o anúncio do anjo Gabriel a Maria Este relato faz parte de um conjunto de textos denominado de “evangelho da infância”. Lucas relaciona o anúncio do nascimento de Jesus à gravidez de Isabel: “… no sexto mês… o anjo Gabriel foi enviado por Deus… a uma virgem…” Isto se explica porque os evangelhos da infância, em Lucas, estão construídos num paralelismo constante entre João Batista e Jesus, com a finalidade de mostrar que Jesus é maior que João. João Batista é o precursor, Jesus, o Messias. O relato enfatiza a iniciativa absoluta de Deus na encarnação de seu Filho.
Maria é a que recebeu o favor de Deus, isto é, a que foi especialmente favorecida por Deus. O favor de Deus a Maria se manifesta na sua eleição para ser a mãe do Filho de Deus. A iniciativa de Deus na encarnação do Verbo conta com a colaboração do ser humano: “Como acontecerá isso Ser eu não conheço homem?”
Se a idade e a esterilidade de Isabel e Zacarias foram divinamente superadas na concepção de João Batista, a dificuldade humana da virgindade de Maria deve ser superada pelo poder divino na concepção de Jesus. E, segundo Lucas, o foi pela intervenção do Espírito Santo, o “poder do Altíssimo”.
Na sua resposta: “Eis aqui a serva do Senhor! Faça-se em mim segundo a tua palavra”, Maria identifica-se com Ana, mãe de Samuel. Na sua visita a Isabel, ela será caracterizada por aquela que acreditou: “Bendita aquela que acreditou, pois o que lhe foi dito da parte do Senhor se cumprirá!”
Dogma é uma verdade evidente, que não se discute. Não somos obrigados a acreditar. Simplesmente acreditamos, para sermos coerentes com a nossa fé. Assim é o dogma da Imaculada Conceição. Aquela que acreditou só pode ser uma pessoa imaculada. Não há como discutir. Pelos méritos de Jesus Cristo, ela já nasceu salva por Ele.