HISTÓRIA DE UMA ALMA

                Alma de criança, coração de menina apaixonada. Assim podemos resumir a  vida de uma jovem, doutora e mestra da fé pequena, porém grandiosa em sua simplicidade e prática devocional. Uma simples agulha perdida e diligentemente recuperada era um gesto de amor a Deus. Sua via de humildade e santidade provocou não só um sorriso na face serena de uma estátua a representar Maria, como também a tornou conhecida no mundo como a menina das coisas simples. Dotada de muitos dons, dentre os quais a arte da pintura, um dia registrou a inocência de um menino a brincar num belo jardim, povoado por pássaros e rosas e vigiado pela Divina Face. Esse quadro tornou-se sua obra prima a registrar o que poderia ter sido um dia na vida do menino Jesus. Aos quatorze anos foi aceita, por concessão papal, como noviça num convento carmelita, onde viveria durante longos e reveladores dez anos… Longos no sofrimento de uma tuberculose fatal, mas reveladores na alegria de uma fé imortal. Morreu em plena juventude, aos 24 anos. De quem estamos falando?

                De uma doutora da Igreja. Tão auspicioso e raro título foi lhe concedido pelo Papa João Paulo II, em 1997, centenário de sua morte. A razão desse título foi justificada pela preciosa tese sobre a Infância Espiritual, que a tornou conhecida como santa das pequenas virtudes e práticas devocionais capazes de provar seu extremado amor ao Menino Jesus. Dai ser conhecida como Terezinha do Menino Jesus. Esse, sim, seu título primeiro, o nome que escolheu para viver na clausura de um convento carmelita.

                Falamos também de uma grande missionária, a maior delas, a padroeira de todas as missões católicas. Assim a reconheceu o Papa Pio XI, em 1927, que lhe concedeu o título de Padroeira Universal das Missões sem nunca ter saído de sua terra. Como assim?  Toda pessoa que, no lugar onde vive, serve como missionária do amor de Deus. Ela mesma nos diria como, mostrando-nos na prática seu extremado amor pelos sacerdotes e missionários do mundo, pelos quais vivia em perene oração e intercessão, além de lhes enviar cartas de incentivo. Dizia: “O que conta é o amor, só o amor. Ser missionário não é uma questão geográfica, mas uma questão de amor”. Amor pelas causas de Deus.

                Santa das Rosas. Gostava de atirar pétalas quando o Santíssimo passava à sua frente. Amava o perfume das rosas. Um dia ganhou de uma das freiras um pau seco, um estorricado galho de roseira, que plantou no jardim do convento. Não demorou muito e aquele ramo quase morto produziu sua primeira flor. Dizem que continua a florescer até hoje, às vezes até mesmo durante o inverno, como aconteceu no dia de sua morte. Aquele galho ofereceu à jovem moribunda uma bela rosa que encheu de perfume o ambiente de sua agonia final. “Foi como se uma chuva de rosas caísse sobre ela”, testemunhou uma de suas companheiras.

                Hoje, cento e cinquenta anos após seu nascimento, mais um Papa entra nessa história, para dignificar a pureza dessa alma santa. Papa Francisco assina agora mais uma de suas Cartas Apostólicas, relembrando a vida de uma jovem apaixonada. Diz Francisco: ”No ano em que celebramos o 150 aniversário de Santa Terezinha do Menino Jesus, peçamos a graça de amar Jesus como ela amou, de lhe oferecer nossas provações e dores, como ela o fez, para que seja conhecido e amado por todos”. Morreu aos 24 anos. Seu livro de memórias, intitulado “História de uma alma”, tornou-se o maior best-seller religioso dos tempos modernos.

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