HERANÇA DOS SANTOS

    O sonho por renovação espiritual, consagrado no estreitamento da fé com a vida, conduz-nos pelo bom caminho, mas numa vida devotada e lançada nas mãos de Deus. O legado e a herança dos santos nos inspiram e nos encorajam no caminho divino, o mesmo percorrido sabiamente e com rigor contemplativo por aqueles que nos precederam na estrada da santidade. Deus nos quer proporcionar bons corações, insistentes e confiantes na oração. Ele sabe o que mais nos convém, do que mais necessita a criatura humana, espalhada por toda a extensão da terra. Diante da realidade do mistério da vida, Deus propõe para nós uma única coisa: a esperança, a mesma que afugenta da terra a desconfiança, que embaça os olhares mais claros e torna turvos os horizontes mais límpidos, segundo Dom Helder. Viver na turbulência das ondas, na instabilidade do barco da vida, parecendo, muitas vezes, que vai naufragar, é um grande milagre do Deus encantador, a nos deslumbrar com seu dom e sua graça, obras da ação do Espírito Santo em nós.

    Numa densa e consistente sinopse, voltemo-nos para Santa Teresa de Jesus (1515-1582), uma criatura humana exemplar, descomunal e desmedida no amor, um bem que pode ressoar, hoje, na vida dos cristãos como um verdadeiro milagre do inefável mistério de amor. Não tenho nenhuma dúvida de tratar-se de uma mulher fortemente movida pelo Espírito de Deus. Entre seus escritos, engrandeceu nossa civilização cristã: “Castelo Interior” e “Caminho de Perfeição”, ao agraciar obsequiosamente o mundo com sua própria experiência de vida de oração e contemplação, presente na sua lavra literária, externando seu lado místico duradouro e indelével. Ela soube colocar, diante dos olhos, na mente e no coração, o Deus grande, glorioso e esplêndido, sendo a razão de seu viver, indicando-nos, assim, o caminho da santidade e da benevolência divina.

    Que o Espírito Santo de Deus nos ensine o caminho reto, fortalecendo-nos cada vez mais na graça da convivência humana, da proximidade e do afeto pelo nosso semelhante, que encontra sua real concretude, quando procuramos compreendê-lo e dele nos aproximar, ouvindo seus clamores e suas angústias, estendendo-lhe a mão amiga, através de gestos edificantes, fraternos e acolhedores. Só mesmo na vida transformada em oração, na busca da perfeição, se compreende o convite de Deus para o encontro das “eternas alegrias”, no exemplo de Santa Teresa D’Ávila, chamando-nos para participar de sua festa, mas contando com o melhor alimento, dos melhores manjares, insólitos e excepcionais, regados à base de vinhos raríssimos e inusitados. Assim seja!

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