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“Para fazer sínodo é preciso ser sínodo!” É o que ressalta o secretário do Sínodo dos Bispos, cardeal Mario Grech, que ao falar sobre a elaboração do documento preparatório sobre o processo sinodal, revela: “Antes de sua publicação, ouvimos os presidentes de todas as assembleias das Conferências episcopais continentais junto com o presidente da Conferência Episcopal dos EUA e o presidente da Conferência Episcopal Canadense”.
O purpurado aprecia “o exercício da colegialidade”, que considera muito frutífero: “Com esta abordagem quisemos comunicar a mensagem de que o envolvimento sinodal de todos é importante também nesta fase do lançamento do projeto”.
O cardeal Grech observa ainda que o tema atribuído pelo Papa à XVI Assembleia ordinária é certamente “complexo”, pois “fala de comunhão, participação e missão”, ou seja, dos “aspectos da sinodalidade e de uma Igreja constitutivamente sinodal”, como sublinhou o próprio Francisco em seu discurso por ocasião do 50º aniversário da instituição do Sínodo. Quanto ao conceito de sinodalidade, o purpurado é claro: “Muitos pensam que se trata de uma ‘fixação’ do Papa. Espero que nenhum de nós compartilhe deste pensamento! Nos vários encontros preparatórios ficou claro que a sinodalidade era a forma e o estilo da Igreja primitiva. É a categoria que melhor abrange todos os temas conciliares, que no período pós-conciliar têm sido muitas vezes opostos uns aos outros. Estou pensando sobretudo na categoria eclesiológica do povo de Deus, que infelizmente”, continua o purpurado, “foi colocada contra a da hierarquia, insistindo em uma Igreja a partir de baixo, democrática, e instrumentalizando a participação como reivindicação, não muito distante da dos sindicatos”.
O cardeal Grech precisa que a sinodalidade “é a forma que realiza a participação de todo o povo de Deus e de todos no povo de Deus, cada um de acordo com seu estado e função, na vida e na missão da Igreja”. De acordo com o purpurado, a “função hierárquica e magisterial” é muito clara. Não igualmente clara a do sensus fidei. “Mas para compreender sua importância basta sublinhar o tema do batismo, e como o sacramento do renascimento não só habilita à vida em Cristo, mas insere imediatamente na Igreja, como membro do corpo”, acrescentando que “o documento preparatório sublinha bem tudo isso: “Se soubermos reconhecer o valor do sensus fidei e como mover o povo de Deus a tomar consciência dessa capacidade dada no batismo, teremos lançado o verdadeiro caminho da sinodalidade. Porque teremos plantado não só a semente da comunhão, mas também a da participação”.
Há quem diz estar assustado com a quantidade de compromisso que o caminho sinodal comportará para as Igrejas locais. Sobre o possível risco de complicar a vida ordinária da Igreja, o cardeal responde que: “Tudo isso não é na verdade um processo que complica a vida da Igreja. Porque sem saber o que o Espírito diz à Igreja, podemos agir no vácuo e até mesmo, sem saber, contra o Espírito. Uma vez redescoberta a dimensão pneumatológica da Igreja, não podemos deixar de adotar o dinamismo da profecia-discernimento, que está subjacente ao processo sinodal. Isto vale sobretudo pensando no terceiro dos termos em jogo: a missão”, conclui Grech. “O Sínodo dos jovens falou em sinodalidade missionária. A sinodalidade é para a missão, é ouvir como a Igreja se torna ela mesma vivendo, testemunhando e levando o Evangelho. Todos os termos propostos pelo título estão ligados entre si: estão de pé ou caem juntos! Peçamos também que nos convertamos profundamente à sinodalidade: isso significa converter-nos a Cristo e a seu Espírito, deixando a primazia a Deus”.
(AT)