Galeria dos Candelabros recupera antigo esplendor

Depois de um meticuloso trabalho de restauração, que durou mais de dois anos, voltou a resplandecer no coração dos Museus Vaticanos a Galeria dos Candelabros, atravessada diariamente por milhares de pessoas que se dirigem à Capela Sistina.

Além da restauração, que deu nova vida às pinturas do século XIX deste corpo arquitetônico construído a partir da segunda metade do século XVI, foram solucionadas as problemáticas existentes pela heterogeneidade da execução das pinturas, devolvendo assim a integridade estética à Galeria.

Inteiramente restaurada, a galeria foi apresentada no último dia 10 de maio pelo Diretor dos Museus Vaticanos, Antonio Paolucci, pelo curador da Coleção de Arte Contemporânea Micol Forti, pela responsável pelo Canteiro de restauração, Francesca Persegati e pelo Padre Mark Haydu, dos Patrons of Arts in the Vatican Museums, que financiaram os trabalhos.

Foram necessário cerca de 700 mil euros para completar os trabalhos de restauração. O trabalho – não fácil de ser realizado, como explicou Micol Forti – exigiu uma organização capaz de concluir os trabalhos sem fechar os ambientes sempre lotados por visitantes e sobretudo uma sinergia de numerosas, diversas especializações e competências.

A Galeria dos Candelabros, quando foi projetada e realizada, apresentava-se como um espaço aberto e somente em 1785, Pio VI fez com que fosse fechada para preservar da melhor forma possível as esculturas da época romana ali colocadas.

O corredor, de 70 metros de largura, foi dividido em seis vãos com a inserção de arcadas apoiadas por duas colunas dóricas e aberturas laterais, onde encontraram lugar grandes Candelabros em mármore branco, que acabaram por conferir o nome à Galeria.

O ambiente permaneceu inalterado até que o Papa Leão XIII (1878-1903) decidiu decorá-lo com pinturas que deveriam ter o papel de desenvolver as linhas programáticas de seu pontificado aberto às transformações da época, recordou Forti .

Os trabalhos, assim, tiveram início em 1883, com a realização de um novo pavimento em mármore, enquanto para a vasta decoração pictórica foram chamados artistas como Anibal Angelini, Domenico Torti e Ludovico Seitz, que pintou as esplêndidas cenas do quarto vão, o maior da Galeria, assim como as monocromias da quinta e da sexta. São as suas mais belas pinturas, ricas de reminiscências de Rafael, porém atualizadas por um sentimento romântico e por uma cuidadosa apresentação. Não faltam, além disto, verdadeiras preciosidades, como a paisagem de uma Roma ideal, atrás das duas elegantes personificações da Arte pagã e da Arte cristã. Assim, o Coliseu e a Colina Palatina, a Basílica de São Pedro e São João de Latrão, até o Pátio da Pinha dos Museus Vaticanos, são unidos por uma atmosfera leve e crepuscular.

A visão do Pontífice que proclamou a Rerum Novarum – explicou Forti – pretendia também definir o papel da Igreja em concordância com o desenvolvimento das ciências e da arte. Desta forma, as pinturas de Seitz imortalizaram as artes maiores e as menores, entre as quais, aparece também a fotografia, que havia começado a se desenvolver há poucos decênios. Uma decoração sem sombra de dúvida refinada aquela desejada por Leão XIII, que porém, acabou sofrendo com as graves degradações nos últimos decênios.

As mudanças climáticas dos últimos tempos – explicou por sua vez Francesca Persegati – aliadas à falta de uma impermeabilização do teto e a contínua exposição aos raios solares, acabaram determinando problemas estruturais às pinturas. Assim, para limpar as amplas superfícies decoradas com monocromia – prosseguiu a restauradora – foram experimentados muitos materiais, com a escolha recaindo em uma espuma de make-up, que permitiu limpar sem manchar as superfícies, restituindo assim à Galeria dos Candelabros seu antigo esplendor.

 

Fonte: Rádio Vaticano

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