Finados – Rezar pelos mortos

    No dia em que celebramos os mortos, tudo nos fala de vida, de modo que podemos afirmar, com toda certeza e alegria, que morrer é viver. A razão disso tudo é a pessoa de Jesus Cristo, morto e ressuscitado, primeiro fruto dentre os que ressuscitam dos mortos, nosso irmão mais velho e vendedor da morte.
    De algum modo, a ressurreição de Jesus foi preparada na fé e na esperança do povo, em meio ao qual está o autor do livro da Sabedoria. Ele afirma que a luta do justo pela justiça é cheia de imortalidade. Jesus, aquele para quem a morte não interrompe o amor, por amar sem limites e sem barreiras toda a humanidade representada por Lázaro, ressuscita-o: “Lázaro, vem para fora!” E Ele nos convida a entrarmos nessa ciranda da vida que vence a morte, desamarrando todos os que estão impedidos de viver.
    São Paulo rompe o circuito fechado do fatalismo, apontando para o horizonte luminoso, para onde caminha toda a humanidade.
    Os versículos 38-44 do capítulo 11 do Evangelho de São João se torna extremamente dinâmico, fazendo com que o túmulo de Lázaro se abra, o morto saia e caminhe. E a força que movimenta tudo isso se chama amor, que não termina com a morte; chama-se também comunhão perfeita com o projeto do Pai, que é vida e liberdade.
    Essa última expressão compromete todos os que acreditam em Jesus e no Pai que O enviou. Jesus é sem dúvida o pastor que conduz suas ovelhas para fora dos currais, como tirou Lázaro do túmulo.
    Mas Ele compromete os que lhe dão sua adesão. Segundo o evangelho, os presentes têm de desamarrar Lázaro e deixar que ande. Precisamos atualizar o episódio da ressurreição de Lázaro e descobrir quais as amarras que os cristãos têm de desfazer hoje para que muitas pessoas comecem a caminhar.
    Para alguns, finados é um feriado gostoso. Principalmente neste ano de 2016, em que o dois de novembro é na quarta-feira, e para muitos interrompe a semana de trabalho. Muitos estão preocupados apenas em diversão, esquecem-se de que o dia de hoje é de recolhimento, de oração, de intimidade com o Senhor, lembrando que somos pó e ao pó voltaremos. Para muitos, infelizmente, é ocasião para sair e refrescar a cabeça.
    Para outros, é dia de lembrar tudo, menos a morte ou as pessoas que já faleceram. Para outros, é dia trágico, pois, de certa forma, antecipa a cada ano, o que seremos todos um dia.
    Mas, graças a Deus, para muitos é um dia de esperança e de comunhão com quem amamos s continuamos a amar, apesar de termos perdido sua presença física. É quando devemos rezar por nossos entes queridos que já se foram, para que Deus os receba em seus braços, na esperança de que, um dia nós os encontraremos na eternidade.
    O melhor modo de se celebrar o dia de todos os fiéis defuntos é participando da missa. A Celebração Eucarística é a melhor ajuda espiritual para dar às almas, especialmente às mais abandonadas. O fundamento da piedosa oração pelos defuntos está na comunhão do Corpo Místico pois, como diz o Concílio Ecumênico Vaticano II, “a Igreja peregrina sobre a terra, bem ciente desta comunhão de todo o corpo místico de Jesus Cristo, desde os primeiros tempos da religião cristã, tem honrado com grande piedade a memória dos mortos”. “A memória dos defuntos, o cuidado pelas sepulturas e os sufrágios são o testemunho de confiante esperança, enraizada na certeza de que a morte não é a última palavra sobre o destino do ser humano, porque o homem está destinado a uma vida sem limites, que tem a sua raiz e a sua realização em Deus”.
    Com o Papa Francisco, rezemos por todos os fiéis defuntos, particularmente pelos nossos entes queridos já falecidos, pelos nossos padrinhos, parentes, amigos, catequistas e, uma prece especial pelos padres que nos batizaram, casaram, fizeram a primeira eucaristia e pelo bispo que nos crismou, que já estejam na eternidade: “Deus de infinita misericórdia, confiamos à tua imensa bondade aqueles que deixaram este mundo para a eternidade, onde Tu aguardas toda a humanidade redimida pelo sangue precioso de Cristo Teu Filho, morto para nos libertar dos nossos pecados. Não olhes, Senhor, para as tantas pobrezas e misérias e fraquezas humanas quando nos apresentarmos diante do Teu tribunal, para sermos julgados, para a felicidade ou a condenação. Dirige para nós o teu olhar misericordioso que nasce da ternura do teu coração, e ajuda-nos a caminhar na estrada e uma completa purificação. Não se perca nenhum dos teus filhos no fogo eterno do inferno onde já não poderá haver arrependimento. Te confiamos, Senhor, as almas dos nossos entes queridos, das pessoas que morreram sem o conforto sacramental, ou não tiveram ocasião de se arrepender nem mesmo no fim da sua vida. Que nenhum tenha receio de te encontrar depois da peregrinação terrena, na esperança de sermos recebidos nos braços da tua infinita misericórdia. Que a irmã morte corporal nos encontre vigilantes na oração e carregados de todo o bem realizado ao longo da nossa breve ou longa existência. Senhor, nada nos afaste de Ti nesta terra, mas tudo e todos nos apoiem no ardente desejo de repousar serena e eternamente em Ti. Amem”.
    Que as almas dos fiéis defuntos pela misericórdia de Deus descansem em paz, amém!

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