Felizes os puros de coração

    A festa de todos os santos e santas de Deus é uma festa antiga. Já no segundo século, a Igreja celebrava a memória dos seus mártires para que, tendo presente o seu testemunho, a comunidade se mantivesse fiel ao testemunho de Jesus Cristo. É uma festa para nós! A porta do céu se abre não para nos abstrairmos do mundo, pois aqui é o lugar de vivermos a nossa vocação para a santidade, mas para considerarmos o compromisso próprio do nosso chamado a partir do céu, inspirados pó testemunho daqueles que nos precederam na fé. Em todos os santos e santas de Deus se cumpre a Palavra do Senhor.
    Quando São Pedro diz para Jesus: “Olha, deixamos tudo e te seguimos, que recompensa teremos?”, Ele responde: “Neste vida, perseguições e tribulações. Mas, depois, a vida eterna”.
    As bem-aventuranças fazem parte do longo discurso denominado Sermão da Montanha; fazem parte de um gênero literário bastante usado no Antigo Testamento. A primeira bem-aventurança é o fundamento de todas as demais: “Felizes os pobres no espírito, porque deles é o Reino dos céus.”(Cf. Mt 5,1-12a) Há um espírito dentro do ser humano, ele o recebeu de Deus, que o chamou à existência. A pobreza de espírito é uma pobreza em relação a Deus: diante de Deus, o ser humano se encontra desnudo. Viver essa realidade de maneira concreta é assumi-la com um coração puro, experimentá-la no mais profundo do ser, lá onde aflora a presença de Deus. Nesse sentido, as bem-aventuranças são um apelo ao discípulo a viver a vida em Deus e na confiança nele, num compromisso efetivo com o Reino de Deus e na esperança de que a recompensa vem do alto. O que cada bem-aventurança promete, a realidade escatológica, é o fundamento da vida moral, do modo de agir do cristão.
    O livro do Apocalipse foi escrito com a finalidade de encorajar os cristãos a que, mesmo na perseguição implacável, guardassem a palavra de Cristo, não renunciassem à fé e aos valores da vida cristã. Ele tira para a vida dos cristãos as consequências do mistério pascal do Senhor. O que encoraja a Igreja peregrina é considerar a Igreja triunfante. A multidão numerosa vestida de branco(cf. Ap 7,2-4.9-14)são os que, por Cristo, deram as suas vidas e no Cristo participam de sua gloriosa ressurreição. São os que confiaram plenamente no Senhor: “Todo o que espera nele purifica-se, como também Ele é puro.”
    É preciso, por fim, dizer que o que nos faz santos é a presença de Deus em nos. Acolher esta presença, deixar-se conduzir por ela, é o caminho da santidade. Peçamos a proteção de todos os santos para a nossa vida, particularmente os muitos santos simples anônimos, que nos ensinam pelo testemunho de uma vida misericordiosa que a salvação pertence ao nosso Deus! A Ele, a honra, a glória e poder pelos séculos dos séculos, Amém!

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