Subindo ao monte para rezar

    Inicia-se, nesta segunda-feira, dia 07 de novembro, mais uma turma do Retiro Anual do Clero da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro. A sua clausura será no próximo dia 11 de novembro, sexta-feira. Estarei unido a este grupo de sacerdotes junto de nosso bispo auxiliar Dom Luiz Henrique da Silva Brito, para subir com o Senhor, Sumo e Eterno Sacerdote, o monte do Sumaré, no Centro de Estudos Superiores, para me retirar do cotidiano da ação pastoral e, buscando o rosto de Deus, ouvir as sábias indicações do pregador, Sua Excelência Reverendíssima Dom João Bosco Óliver de Faria, Arcebispo Emérito de Diamantina, MG.
    Jesus, antes de momentos importantes de sua missão messiânica, se retirava para rezar. Pensemos na oração por ocasião de seu batismo no rio Jordão, nos 40 dias no deserto. A oração, antes de convocar os apóstolos, antes de ensinar os apóstolos a rezarem, antes de sua Paixão no Monte das Oliveiras. Retirava-se também do meio das “multidões” e dos discípulos para pôr-se em oração, para cultivar o colóquio com o Pai, para estar com o Pai.
    Dom João Bosco Óliver de Faria certa vez declarou que: “A voz de Deus se ouve com o coração e não com a inteligência”. Essa será a motivação de nosso retiro. O pregador continuou, dizendo que: “Além daquilo que é seu específico de ser presbítero: a presença de Cristo no meio de nossos irmãos e dos sacramentos que são celebrados pelas suas mãos, eu vejo o padre hoje como o homem da esperança. Quando eu era padre novo, pensava no padre como homem da União, que reúne as pessoas ao redor de Cristo. O homem da Comunhão e, sobretudo, da Esperança. Que com sua alegria, íntima e pessoal, transmite a esperança às pessoas e ao mundo, sobretudo à nossa juventude.  Deus não falta a nós, seus filhos; Ele nos quer todos alegres e felizes e, portanto, quando as coisas humanas parecerem que estão se desmontando, a nossa esperança deve estar fixa em Deus. O padre deve ser, sobretudo, o homem da esperança”.
    Por isso, ao se dirigir aos sacerdotes, Dom João Bosco traçou o perfil do padre como outro Cristo: “Ser sacerdote é seguir os passos de Jesus Cristo. Que nós não tenhamos medo de nos imolarmos com Cristo pelo bem do povo, ajudando cada um a ser feliz na missão que recebeu de Deus. O padre é um homem que se doa total e inteiramente a serviço da Igreja e ao serviço dos irmãos. Isto significa esta disponibilidade para a imolação: abrir mão de seu tempo, abrir mão de suas preferências pessoais para estar de forma total a serviço de seu povo”.
    Muitos perguntam por que o clero deve fazer retiro. Primeiro porque é uma necessidade da vida cristã e muito mais presbiteral; depois, é também uma determinação canônica que durante uma semana do ano, o presbítero, junto de seu Bispo Diocesano, retira-se do cotidiano da ação evangelizadora para revigorar as suas energias, procurando ouvir mais detidamente a voz de Deus e da Santa Igreja. O retiro do clero é um momento importante, quando os presbíteros da Diocese se afastam das atividades pastorais para se dedicarem a uma semana de intimidade com Deus através das várias atividades religiosas: santa missa diária, oração da liturgia das horas, santo terço, adoração ao Santíssimo Sacramento, Via Sacra com o Lucernário e, também, os sacerdotes terão a oportunidade de se confessarem mutuamente.
    O retiro é um momento de intimidade com Deus, libertando-se de todas as amarras de um mundo egoísta, em que quer sufocar a sociedade hodierna, para viver mais intensamente o amor a Deus e ao próximo. O ermo, o silêncio, a solidão, o sair do ambiente cotidiano e subir o Monte com Cristo, longe de todas as agitações do dia-a-dia, das ocupações torna o coração mais livre para ouvir a Palavra de Deus, o Verbo de Deus, Jesus Cristo. No silêncio e no recolhimento o retirante vai entrar na contemplação dos mistérios de Deus, de Jesus Cristo, da Mãe Igreja, revisando a sua vocação, o seu ministério, a sua adesão integral a Cristo e à Igreja.
    Convido todos os meus arquidiocesanos a acompanharem nesta semana e na próxima os retiros do clero da arquidiocese. Já foram três turmas. Agora serão mais duas nestas semanas. Sei que dentro das muitas atividades, os irmãos e as irmãs não têm condições de abandonar as suas ocupações para um retiro como o do clero. Mas faço o convite para que nestas semanas tiremos uma hora de nosso dia, de recolhimento diante do Santíssimo Sacramento ou mesmo no silêncio de nossos quartos, para rezar pela nossa Arquidiocese e pela cidade e Estado do Rio de Janeiro. Neste momento de grave crise social, ética e econômica devemos redobrar nossas orações em favor daqueles que são mais penalizados com as medidas de arrocho que estão sendo anunciadas. Ao manifestar minha proximidade com todos os que passam por dificuldades ou privados da liberdade nos cárceres, aqueles que estão nos hospitais, casas de saúde e casas para as pessoas de terceira idade, recebam a minha proximidade espiritual e minha solidariedade.
    Rezarei pela Arquidiocese e pelo Rio de Janeiro. Espero poder contar com as orações de todos os nossos arquidiocesanos. Ao final do retiro, gostaria de dizer a Dom João Bosco as significativas palavras que o Papa Francisco dirigiu ao pregador do Retiro da Cúria Romana, em 2016: “Nós, agora, voltamos para casa com a boa semente: a da Palavra de Deus! É uma boa semente – O Senhor enviará a chuva e esta semente crescerá – Ela crescerá e produzirá frutos. Agradeçamos ao Senhor por esta semente e pela chuva. Mas quero agradecer também pelo semeador, que soube semear a semente”.
    Que nestas semanas de retiro espiritual, todos possamos tirar um momento para subir o Monte, que é o Cristo Redentor. Rezemos!

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