Fátima: «Para o povo, Lúcia já é santa» – vice-postuladora

Fase diocesana do processo de canonização chega ao fim, seguindo para Roma

Lisboa, 13 fev 2017 (Ecclesia) – A fase diocesana do processo de canonização da Irmã Lúcia de Jesus (1907-2005), uma das três videntes de Fátima, chega hoje ao fim, passando agora para a competência direta da Santa Sé, procurando confirmar a santidade reconhecida popularmente.

“Aliás muita gente não entende porque se tem de fazer este processo, porque, para o povo, Lúcia já é santa”, frisou a vice-postuladora da causa, em entrevista à Agência ECCLESIA.

A sessão de clausura do inquérito diocesano do processo de beatificação e canonização da Irmã Lúcia vai realizar-se no Carmelo de Santa Teresa de Coimbra, onde a vidente de Fátima faleceu.

O processo diocesano da Irmã Lúcia de Jesus (1907-2005) teve como objetivo “recolher as provas necessárias para mostrar que, ao longo da sua vida, a vidente de Fátima praticou as virtudes heroicas que se esperam de um santo canonizado, de alguém que pode ser modelo para os outros irmãos na fé”.

Como salienta a irmã Ângela Coelho, nesta fase diocesana não houve a preocupação em identificar um milagre, até porque neste âmbito “é a Santa Sé que se pronuncia”.

Isto não quer dizer que não tenham sido encontradas, ao longo da investigação, “graças importantes em termos de conteúdo, que poderão eventualmente dar milagres”, salientou a religiosa.

O foco esteve em mostrar em primeiro lugar que Lúcia de Jesus, ao longo da sua vida, deixou no meio das pessoas, do povo de Deus, uma “fama de santidade”.

Outro conceito essencial nesta fase é a “fama dos sinais”, ou seja, provar que através da intercessão da vidente de Fátima “muitas graças foram alcançadas”.

De acordo com a irmã Ângela Coelho, as evidências encontradas foram “muitas” e até “mais do que as necessárias” para comprovar as virtudes da Irmã Lúcia.

A fase diocesana da causa de canonização da Irmã Lúcia de Jesus envolveu a análise de dezenas de milhares de cartas que a vidente trocou com pessoas que a questionaram acerca da mensagem de Fátima, nas décadas posteriores às Aparições de Nossa Senhora em 1917 e quando já estava no Carmelo de Coimbra.

Esta troca de correspondência começou entre 1930 ou 1940 e até à sua morte, a 13 de fevereiro de 2005, a Irmã Lúcia “recebeu mais de 70 mil cartas e respondeu praticamente a todas”, destaca a irmã Ângela Coelho.

Segundo a religiosa do Instituto Aliança de Santa Maria, tratavam-se sobretudo de “pessoas que dela se aproximavam e às quais ela respondia”.

“Ela tinha autorização para responder às cartas que chegavam, aliás era aconselhada, davam-lhe até esta indicação, de conservar as cartas que vai recebendo, que faz a partir dos anos 70”, explica aquela responsável.

Antes disso, muitas cartas recebidas foram destruídas, “também por uma questão de proteção de confidencialidade do autor da carta”.

Os dados analisados nesta fase disseram não só respeito à “documentação epistolar da Irmã Lúcia“ mas também ao conteúdo do seu “diário” pessoal.

“Depois ela recebeu a visita de muita gente”, revela a irmã Ângela Coelho, frisando que foram “pelo menos 48 cardeais, muitos bispos, sacerdotes, religiosos e leigos”.

Muitos obtinham autorização através do núncio apostólico (representante da Santa Sé) em Portugal, da Secretaria de Estado do Vaticano ou mesmo do Papa, e a nível mais diocesano através do bispo de Coimbra.

Além de toda esta documentação, a irmã Ângela Coelho recorda que “já está à disposição a edição crítica das memórias da Irmã Lúcia, algo precioso para aprofundar o mistério de Fátima e o seu impacto na vida social em Portugal e no mundo”.

 

Fonte: Agência Ecclesia

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