Exemplos em defesa da vida

    UM CRISTÃO MENONITA E O DR. IGNAZ  PHILIPP SEMMELWEIS

    A ilustração acima é uma imagem popular de um refugiado crente Menonita que, sendo perseguido através de um rio congelado, para e retorna para ajudar um dos seus perseguidores que caiu no gelo. O perseguidor é salvo e o Menonita, depois de capturada, é levado à fogueira como herege.
    Esta imagem é um ícone do Evangelho e uma abissal configuração fiel dos ensinamentos do Reino de Deus.
    Só podemos revelar a nossa atitude de filhos de Deus na prática total do respeito pela dignidade da pessoa humana. A defesa, a proteção e a tolerância pelo outro confirma e exalta o amor de Deus e a nossa caridade de verdadeiros servos do Deus da misericórdia. Dizia Santo Agostinho de Hipona: “Todas as obras boas que realizamos nesta vida caem dentro da misericórdia”. As nossas atitudes devem ser misericordiosas para contagiar e converter pessoas para um mundo solidário familiar de autêntica felicidade infinita. Devemos cair sempre com boas obras nos corações das pessoas!
    Nada é mais deplorável, escandaloso e maléfico do que a eliminação do outro por motivos religiosos e em nome de Deus! Essa atitude desumana é a glorificação do mal e o apagão do bem. A maldade humana alimentada por conceito herético da religião não tem limites.
    SALVAR  VIDAS
    Dr. Ignaz Philipp  Semmelweis  nasceu em Buda (atualmente Budapeste), na Hungria. Ignaz se formou em medicina em 1844 pela Universidade de Viena. Dois anos depois, ele começou a trabalhar como assistente de um professor na Primeira Maternidade do Hospital Geral de Viena. Ele ficou chocado com o que acontecia ali. De cada 100 mulheres que davam à luz, mais de 13 morriam de uma doença chamada febre puerperal, ou febre do pós-parto.
    Havia muitas teorias a respeito da causa da doença, mas ninguém conseguia descobrir o mistério. Eles tentavam de tudo para diminuir o número de mortes, só que nada funcionava. Ver tantas mães sofrendo e morrendo lentamente incomodava Ignaz. Por isso, ele decidiu descobrir a causa da doença e como preveni-la.
    O hospital em que Ignaz trabalhava tinha duas maternidades. Por alguma razão misteriosa, o número de mães que morriam na primeira maternidade era muito maior do que na segunda. Havia apenas uma diferença entre as maternidades. Na primeira, trabalhavam os que estudavam medicina. Na segunda, trabalhavam os que faziam um curso só para realizar partos. Mas por que o número de mortes em cada maternidade era tão diferente?   Ignaz pesquisou as possíveis causas da doença, mas não encontrou uma resposta. O mistério continuava.
    No início de 1847, um amigo e colega de trabalho de Ignaz, chamado Jakob Kolletschka, morreu por causa de uma infecção generalizada. Ele se machucou enquanto examinava um cadáver e foi contaminado. Ignaz leu o relatório da causa da morte do seu amigo. Alguns dos resultados eram idênticos aos das mulheres que morriam de febre do pós-parto. Assim, Ignaz percebeu que talvez fosse algum tipo de contaminação que vinha dos  cadáveres que causava aquela doença. Os médicos e estudantes de medicina muitas vezes mexiam com cadáveres antes de examinar as mulheres grávidas ou de auxiliar as que estavam em trabalho de parto. Sem saber, eles estavam transmitindo a doença àquelas mulheres. O número de mães que morria na segunda maternidade era menor porque os alunos do curso de partos não mexiam com cadáveres.
    Ignaz imediatamente deu instruções a todos. Médicos e estudantes deviam lavar as mãos com uma solução de hipoclorito de cálcio antes de examinar as mulheres grávidas. Os resultados foram incríveis. O número de mortes caiu muito. Em abril, de cada 100 mulheres que davam à luz, umas 18 morriam. No fim do ano, esse número caiu para menos de 1.
    Mas a reação de alguns de seus colegas não foi boa. Por exemplo, seu chefe tinha ideias diferentes sobre a doença e achava Ignaz muito insistente. Ignaz acabou perdendo o emprego em Viena. Ele voltou para a Hungria e se tornou o chefe da maternidade do Hospital São Roque, na cidade de Peste. Seus métodos reduziram o número de mortes por febre do pós-parto naquele hospital para menos de 1 por cento.
    Em 1861, Ignaz publicou o resultado do seu trabalho no livro Etiologia, Conceito e Profilaxia da Febre Puerperal. Foi uma pena que demorou alguns anos para outros reconhecerem a importância das suas descobertas. Infelizmente, durante esses anos muitas pessoas morreram dessa doença sem necessidade. Hoje, Ignaz é reconhecido como um dos inventores das técnicas para evitar infecções. Suas pesquisas ajudaram a provar que micróbios podem causar doenças. Ele ajudou a desenvolver a Teoria dos Germes, considerada a descoberta mais importante da medicina.

    “Criei esses procedimentos para eliminar o terror das maternidades, para manter a esposa viva para o marido e a mãe para o filho”,  afirmou Dr. Ignaz.

    CONCLUSÃO

    Para o bem de toda família do mundo inteiro, devemos usar a “profilaxia” para evitar e  erradicar  a proliferação de intolerância, preconceito, discriminação, exclusão e toda forma de radicalismo pernicioso.
    Quem não está em Cristo para salvar a vida do seu semelhante, está contra Cristo. Quem professa a fé em Deus que é amor jamais condena seu próximo por qualquer que seja a sua incompatibilidade. Quem segue uma verdade dita “sagrada”, que julga o outro por seguir diferente da sua e em detrimento disso condena e dizima, é de fato seguidor de uma cultura de morte. A falsidade dessa  “verdade” é um engano, uma grande mentira que discipula para o sacrilégio criminoso.
    A liberdade é um ato sagrado para crer ou não crer e  ninguém deve ser forçado a professar qualquer tipo de fé. O ato da fé, por sua natureza, é voluntário. Recebendo o dom da fé (Ef 2,8), que preste o culto a Deus, o obséquio livre e racional da santíssima fé. O dom da vida tem a sua primazia de continuidade até seu fim por via natural. Nada contra a vida e sim, tudo pela qualidade de vida abundante e sua expressão transcendental.
    Viver e propagar o amor do bom Deus e o amor ao próximo. A nossa missão é de comunhão, de caridade, paz, justiça e de ecumenismo.

    Pe. Inácio José do Vale
    Fraternidade Sacerdotal Jesus Cáritas
    Irmãozinho da Visitação de Charles de Foucauld
    E-mail: pe.inacio.jose@gmail.com

    Referências bibliográficas
    http://ecclesia.org.br/news/2013/wp-content/uploads/2016/08/dirk-willems.jpg
    http://ecclesia.org.br/news/2013/2016/08/11/hereges-e-fieis/
    Thorwald J. O século dos cirurgiões. Hemus Livraria Editora, São Paulo, s/d.
    Semmelweis IP. The etiology, concept, and prophylaxis of childbed fever. (Extract of Carter KC). Madison, The University of Wisconsin Press, 1983.

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