Em Macau preocupa estado de preservação do patrimônio religioso

Em Macau, a queda de um telhado da Igreja de Santo Agostinho, classificada patrimônio da Unesco, está a gerar preocupações sobre o estado de preservação do patrimônio cultural e religioso, e sobre o que aí vem. A época de tufões está a começar e o temor de acidentes aumenta,  conta de Macau Carlos Picassinos

São já cinco os locais em risco de acidentes, a maior parte igrejas classificadas patrimônio mundial da Unesco.

Na semana passada, o inesperado aconteceu na Igreja de Santo Agostinho, contígua ao Colégio dos Jesuítas, numa das áreas nobres da cidade. Parte do telhado ruiu. Foi também um fim de semana, particularmente, fustigador devido ao primeiro sinal de tufão da época.

As grandes chuvadas e os ventos fortes acabaram por fazer desabar o telhado da nave lateral da igreja que faz parte do lote dos edifícios classificados patrimônio mundial.

Este incidente já levou o Instituto Cultural de Macau a criar um grupo especializado para combater ameaças ao patrimônio cultural durante a época de tufões.

Numa análise preliminar,  o grupo verificou pilares de madeiras e telhados mais precários e, nessa radiografia, veio a concluir que , pelo menos, cinco monumentos e edifícios classificados podem vir a sofrer mais danos ao longo desta temporada que agora se inicia – são eles o Seminário de São José, nas imediações da Igreja agora afetada, a Ermida de Nossa Senhora da Penha, a Igreja de Santo Antônio, a primeira Igreja a ser edificada, de novo a Igreja de Santo Agostinho e, ainda, o Armazém do Boi, um espaço convertido em galeria e centro de artes.

Este episódio em Santo Agostinho está a causar grande alarme entre agentes políticos, culturais e religiosos locais.

Numa reunião com o Instituto Cultural, o cônego João Evangelista Lau fez notar que a salvaguarda do patrimônio cultural é uma responsabilidade conjunta do governo de Macau, dos proprietários dos imóveis e da população.

No Conselho do Patrimônio Cultural, um órgão de aconselhamento do Governo, houve já vários elementos que consideraram a queda do telhado como um facto grave – isto porque  que a igreja está situada numa zona de turistas e de residentes. Houve também criticas ao Instituto Cultural e aos empreiteiros que fizeram as obras naquel local ainda nem sequer há um ano. Uma deputada da Assembleia Legislativa local pediu ao governo mais atenção aos monumentos  e a quem entrega as obras de preservação dos edifícios. É óbvio, disse ela, também há carências na fiscalização dos monumentos.  O presidente da Associação para a Reinvenção dos Estudos do Patrimônio Cultural afirma, na imprensa local, que este tipo de episódios vai enfraquecer e prejudicar a imagem de Macau como cidade de cultura e religião.

Esta semana, o secretário da Cultura veio falar sobre este assunto. Alexis Tam, fluente em português, lamentou  este acontecimentos sucedido mas há fenômenos naturais que são impossíveis de prever.

 

Fonte: Rádio Vaticano

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