Em Jesus vamos acolher a salvação!

    A liturgia do 3.º Domingo do Tempo Comum lembra-nos que Deus conta conosco para sermos arautos, no mundo, da sua Vida e da sua salvação; e desafia-nos a acolher de braços abertos o chamamento que, nesse sentido, Deus nos dirige.

    A primeira leitura – Jn 3,1-5.10 – diz-nos – através da história do envio do profeta Jonas a pregar a conversão aos habitantes de Nínive – que Deus ama todos os homens e a todos chama à salvação. Jonas, mesmo contra vontade, vai ser o instrumento de Deus para que os ninivitas repensem o caminho que estão a seguir e deem um novo sentido às suas vidas. A insistência no chamamento de Jonas nos mostra que Deus trabalha com a sua graça para além das limitações daqueles que são chamados. Os imperativos são claros: “levanta-te e põe-te a caminho; anuncia-lhe a mensagem que eu vou te confiar”. O projeto de Deus é para todos os povos; ou seja, aponta para a universalidade da salvação.  Lembramos que Jonas chega aos habitantes de Nínive, considerados pagãos, e produz resultados positivos, justamente onde menos se esperava. Jonas nos mostra o desafio da missão nas grandes cidades.

    O Salmista – Sl 24 – suplica ao Senhor que lhe mostre seus caminhos e que seja orientado e conduzido pela verdade. Assim como Jonas e os moradores de Nínive foram alvos da ternura e da misericórdia de Deus, assim também o são aqueles que se colocam a seguir os caminhos do Senhor.

    No Evangelho, Marcos – Mc 1,14-20 – descreve-nos os primeiros passos de Jesus no anúncio do Reino de Deus; e, na sequência, mostra-nos o convite que Jesus deixa a alguns discípulos no sentido de colaborarem com Ele na construção do Reino. Ao contrário de Jonas, que tenta fugir de Deus, os escolhidos e chamados no Evangelho deixam imediatamente as redes e a família para seguir Jesus. Trata-se de fazer a experiência da grandiosa graça de Deus que supre a fraqueza humana e nos faz instrumentos do Reino para a salvação dos homens.

    Devemos deixar claro que o Evangelho faz um forte apelo para a conversão. Após a prisão de João Batista, Jesus entra em cena, anunciando a chegada do Reino de Deus e exortando o povo à conversão ao Evangelho. Já não é tempo de espera, pois Jesus veio instaurar seu Reinado na sociedade: é preciso que este seja assumido par que se torne concreta a sociedade proposta pelo seu projeto. Para auxiliá-lo na missão, o Mestre convida outras pessoas. Os primeiros chamados são pescadores, que não eram bem-vistos na sociedade da época, que prontamente aceitam o convite e seguem a Jesus. Jesus continua nos convidando a segui-Lo e a uma mudança radical de vida!

    A segunda leitura – 1Cor 7,29-31 – convida o cristão a ter consciência de que “o tempo é breve” – isto é, que as realidades e valores deste mundo são passageiros e não devem ser absolutizados. O contexto da leitura é a discussão sobre a “vida celibatária versus a vida matrimonial” na perspectiva do fim dos tempos como evento próximo. As cinco realidades humanas que Paulo elenca não devem ser levadas em conta como absolutas. Diante da brevidade do tempo, é importante discernir o que é essencial da vida do que é relativo, passageiro. O cristão, assim, estará em condições de viver com liberdade a sua vocação. Deus convida cada cristão, em marcha pela história, a viver de olhos postos no mundo futuro – quer dizer, a dar prioridade aos valores eternos, a converter-se aos valores do “Reino”. A missão se dá na brevidade do tempo e da vida sendo este o tempo próprio para a conversão e a fé na Boa-Nova.

    Neste domingo somos chamados a experimentar a graça benevolente do Senhor, encontrando-nos com Ele pela leitura, oração e vivência de seus mandamentos e, a partir dessa realidade, segui-lo e anunciá-lo ao mundo! Ao celebrarmos o Domingo da Palavra de Deus, amadurecendo a nossa consciência de ser Igreja: Casa da Palavra, a qual guia e ilumina os nossos passos, pela conversão e pela fé, somos chamados ao seguimento de Jesus na difusão do Evangelho.

    + Anuar Battisti

    Arcebispo Emérito de Maringá, PR

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