Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor

    “Meu Deu, Meu Deus, porque me abandonaste” (Sl 21/22).

     Irmãos e irmãs, chegamos ao Domingo de Ramos e com essa celebração iniciamos a Semana Maior do calendário cristão, que é a Semana Santa. A celebração do Domingo de Ramos marca a entrada de Jesus em Jerusalém para sofrer a paixão e morte. Com essa celebração, antecipamos aquilo que vamos celebrar na Sexta-Feira da Paixão.

    Convido a vivenciarmos intensamente essa semana, pois essa semana é diferente de todas as outras semanas do ano, essa é uma Semana Santa. Normalmente, as paróquias promovem momentos celebrativos ao longo de toda a semana. Entremos com Jerusalém e passemos com Ele toda a semana, celebrado a Paixão, Morte e Ressurreição. Quem ainda não realizou a confissão sacramental, em preparação a Páscoa, ainda é possível fazer nessa semana.

    Jesus morreu e ressuscitou por nós. Aproveitemos essa semana para agradecer a Deus tamanho presente que Ele nos deu e que por meio da morte e ressurreição de Jesus fomos libertos de nosso pecado. Ao celebrar a paixão, morte e ressurreição de Jesus, antecipamos aquilo que irá acontecer conosco, pois do mesmo modo que Cristo ressuscitou, nós também ressuscitaremos.

    No Domingo de Ramos da Paixão do Senhor, do mesmo modo que na Sexta-Feira Santa, a Igreja se reveste da cor vermelha, lembrando que Cristo doou a sua vida por nós. Outro fator semelhante é que nas duas celebrações é proclamado o Evangelho da narrativa da Paixão de Cristo, a única diferença é que no Domingo de Ramos é proclamado a narrativa do evangelista do ano (em 2023 Mateus) e na sexta, a de São João.

    A celebração do Domingo de Ramos inicia com todos os fiéis ao lado de fora da Igreja para a proclamação do Evangelho da entrada de Jesus em Jerusalém e a benção dos ramos. Após a benção dos ramos, os fiéis, imitando o povo que aclamou o Senhor quando entrou em Jerusalém, entram na Igreja aclamando os seus ramos e cantando: “Hosana ao filho de Davi”.

    Após todos os fiéis entrarem na Igreja, aquele que preside profere a oração da coleta desse dia e tem início a segunda parte da missa, que é a liturgia da Palavra. Desde o domingo precedente, os crucifixos e as imagens sagradas foram cobertos. As imagens veladas, sinal da crescente dor da Igreja à medida em que se aproxima a celebração da morte do Senhor, recordam que os fiéis, ao longo destes dias, não devem se distrair com as suas devoções, mas devem voltar os seus olhares para o grande mistério da redenção realizado no calvário. A cruz, insígnia de nosso triunfo, é também subtraída aos nossos olhos até a vitória da Sexta-Feira Santa, quando será solenemente exposta à adoração.

    O primeiro evangelho da missa desse domingo é de Mateus (Mt 21,1-11). Esse trecho do evangelho de Mateus relata quando Jesus esta para entrar em Jerusalém, com o intuito de celebrar a Páscoa com os seus discípulos e posteriormente sofrer a paixão e morte. Quando chegaram a Betfagé, próximo ao monte das Oliveiras, enviou dois discípulos a sua frente orientando que logo eles encontrariam um jumentinho. Eles deveriam desamarrar esse jumentinho e levar até Ele. Jesus usaria esse jumentinho para entrar em Jerusalém, para que se cumprisse toda a Escritura e ainda por Jesus ser humilde. Enquanto Ele entrava em Jerusalém, a multidão estendia as suas roupas pelo caminho e aclamavam Jesus como rei.

    A primeira leitura dessa missa é do livro do profeta Isaías (Is 50, 4 -7). Esse trecho do livro do profeta Isaías é conhecido como o “livro do servo sofredor”, que se assemelha muito a vida de Jesus. O servo sofredor é aquele que sofre em silêncio e prega a justiça e a verdade que advém do Reino de Deus. Durante essa semana, sobretudo na segunda-feira, terça-feira, quarta-feira e sexta-feira, ouviremos o trecho do servo sofredor na missa. Mesmo em meio as dificuldades e sofrimentos, Deus não abandona os seus servos e faz com que saiam vitoriosos diante dos inimigos.

    O salmo responsorial é o 21 (22), que diz em seu refrão: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes?” Esse é um salmo de angústia e de aflição, em que o salmista clama a Deus por uma resposta. Inclusive, as palavras do refrão desse salmo foram ditas por Jesus no alto da cruz. Mesmo diante dos inimigos e daqueles que desejam o mal dos que trilham o caminho da justiça, o nome de Deus deve continuar a ser anunciado.

    A segunda leitura é da carta de São Paulo aos Filipenses (Fl 2, 6-11). Paulo diz à comunidade de Filipo que Deus se esvaziou totalmente de si e assumiu a condição humana para sofrer a morte e salvar a humanidade do pecado. Cristo é o mesmo ontem, hoje e eternamente, e diante dele todo o joelho deve se dobrar e toda língua proclamar: “Jesus Cristo é o Senhor”, para a glória de Deus Pai. (Fl 2,11).

    Após a segunda leitura, ouviremos a narrativa da Paixão, proclamada no Domingo de Ramos (Mateus) e, na Sexta-Feira Santa, ouviremos a narrativa segundo São João. A narrativa da Paixão desse domingo é segundo Mateus (Mt 26, 14-27,66). Essa narrativa relata desde a prisão, condenação de Jesus, até a sua paixão, morte e posterior ressurreição. Durante a narrativa, a comunidade participa em alguns momentos, além de ter o narrador e dois leitores, o sacerdote proclama as falas de Jesus.

    Tudo acontece após Jesus ter lavado os pés dos discípulos, entoado o cântico dos salmos com eles e realizado a última ceia. Jesus já sabendo que iria sofrer a paixão e a morte, e que ao terceiro dia ressuscitaria, quis ensinar aos discípulos que é necessário se doar e amar ao próximo integralmente do mesmo modo que Ele fez. Jesus ensina que é preciso ir na contramão daquilo que a sociedade da época pensava e que o Mestre não deve ser o maior, mas igual aos seus discípulos. Ao realizar a última ceia, Ele quis que todas as vezes que partirmos o pão e bebermos o vinho, o façamos em sua memória. E através do Espírito Santo, Ele estará todos os dias conosco até o fim dos tempos.

    Iniciemos hoje junto com Jesus a sua trajetória rumo ao calvário e posterior ressurreição. Intensifiquemos durante essa santa semana a nossa oração, participemos dos momentos litúrgicos propostos e celebremos, com muita piedade, o Tríduo Pascal. Passemos pelo calvário junto com Jesus e que possamos ressuscitar para uma nova vida junto com Ele.

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