Dom Zenari sobre drama dos refugiados na Síria: mundo faça o possível

Domingo passado, no Angelus, o Papa Francisco lançou um novo apelo em favor da Síria, cuja população há quase cinco anos sofre as terríveis consequências do conflito que aflige o país do Oriente Médio, onde as violências não dão sinal de arrefecimento.

Um novo atentado atingiu a periferia de Damasco na manhã desta terça-feira (069/02), deixando um balanço provisório de 3 mortos e 14 feridos. De fato, permanece grave a situação do conflito no país, no qual – segundo alguns dados – milhares de pessoas vivem em estado permanente de assédio.

O Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) fez esta terça-feira um apelo à Turquia a fim de que volte a abrir suas fronteiras aos 30 mil sírios em fuga de Aleppo, norte do país, onde se registra uma das piores situações. A Rádio Vaticano ouviu o núncio apostólico na Síria, Dom Mario Zenari. Eis o que disse:

Dom Mario Zenari:- “Todos nos encontramos com o coração na mão e em estado de apreensão. Nesta situação tão dramática, tocada de modo muito oportuno  pelo Santo Padre com o apelo que dirigiu no Angelus domingo passado, focado no drama dos sírios, da população civil que é a que mais sofre as maiores consequências deste terrível conflito que se arrasta há quase cinco anos. Essa situação é dramática e continuamente evocada: basta ler o Relatório muito, muito preocupante apresentado no Conselho de Segurança pelo subsecretário para as questões humanitárias, O’Brien, que fala de situações humanitárias. Basta ler o último Relatório publicado esta segunda-feira pela Comissão de investigação da Onu sobre as violações dos direitos humanos.”

RV: Fala-se de armas não-convencionais, de detentos em condições desumanas, de execuções de massa…

Dom Mario Zenari:- “Este Relatório será examinado. Naturalmente, todos esses relatórios acerca da situação dos direitos humanos e da questão humanitária são preocupantes, sem falar da suspensão da Conferência de Genebra: também esse é um fato preocupante. Justamente, o enviado especial não somente queria levar as várias partes em conflito à mesa de negociações, mas dizia: “É preciso não somente palavras, mas também fatos”.

RV: Inclusive EUA e Arábia Saudita pediram o cessar-fogo e o acesso às ajudas humanitárias. Qual é a situação da população? O senhor poderia nos contar algo que viveu em primeira pessoa?

Dom Mario Zenari:- “Não podemos saber de modo direto. Temos acesso a essas situações dramáticas, porém, aquilo que testemunhamos e vemos é a preocupante coluna interminável de refugiados em situação de opressão que realmente fere o coração. O que pode ser feito para que não se vejam mais essas intermináveis colunas de refugiados ou estas embarcações que atravessam o mar causando vítimas? Gostaria de recordar também o apelo do Santo Padre à solidariedade, o apelo à comunidade internacional a fim de que redobre os esforços para alcançar uma solução negociada para esta crise. O Papa diz, não por último: “É preciso rezar, rezar muito”. Gostaria de fazer um apelo especialmente a todos os cristãos do mundo porque é preciso oração, é preciso a ajuda de Deus.”

RV: Quanto à questão humanitária, a questão dos migrantes, foi levantada a hipótese de um envolvimento da Otan em apoio à Europa. Poderia representar uma mudança significativa nesta situação?

Dom Mario Zenari:- “Não sou um especialista nesta matéria, nestas coisas técnicas, mas creio que se deva tentar fazer tudo que for possível.”

Fonte: Rádio Vaticano

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