A Ucrânia está no centro das orações do Papa Francisco, que recordou no Angelus do último domingo o drama vivido no país. As notícias que chegam do leste ucraniano são muito graves. Três civis mortos em Donetsk e 12 militares mortos nas últimas 24 horas é o último boletim do conflito armado entre as tropas governamentais e milicianos filo-russos. Segundo as Forças Armadas ucranianas, teriam sido mortos 247 milicianos separatistas.
Na tarde desta terça-feira teve início em Minsk um encontro entre líderes da Rússia, Belarus, Kazaquistão, Ucrânia e representantes da União Européia, ocasião em que poderá ocorrer um encontro bilateral entre Poroshenko e Putin. Mas quem denuncia o sofrimento da população pedindo solidariedade internacional é o Arcebispo Mor da Igreja Católica Ucraniana de Rito Bizantino, Sua Beatitude Sviatoslav Shevchuk, entrevistado pela Rádio Vaticano:
Dom Schevchuk: “Infelizmente, a situação está se agravando, especialmente na parte oriental da Ucrânia, na região de Donetsk e Lugansk. A cada dia temos notícias da chegada de armas pesadas, de novos soldados que estão atravessando a fronteira entre Ucrânia e Rússia. A cada dia, são mortos cerca de 50 civis. Povoados onde não está o exército ucraniano são arrasados. Morrem fiéis pertencentes a diversas confissões religiosas, a tantas Igrejas: ortodoxos, católicos, protestantes, judeus, muçulmanos…..”
RV: O senhor escreveu ao Papa Francisco. O que, em particular, sua carta gostaria de contar a ele?
Dom Schevchuk: “Antes de tudo, eu queria apresentar ao Santo Padre a dor profunda do nosso povo. A dor de tantos civis feridos, a dor de tantos militares ucranianos que foram feitos prisioneiros: a cada dia dezenas deles são torturados, a dor das mães que perdem os seus filhos, a dor da Igreja mãe, que está sofrendo junto com seus filhos. Isto foi o que eu escrevi ao Santo Padre, contando também os fatos concretos da nossa Igreja na região de Donetsk: o pequeno mosteiro das Irmãs Servas de Maria Virgem (‘Servas da Bem-aventurada Virgem Maria Imaculada’) foi ocupado pelos militantes russos. O nosso bispo de Donetsk foi expulso de sua sede e a sua chancelaria foi seqüestrada com todos os documentos. Muitos sacerdotes foram obrigados a deixar as suas igrejas. Por isto, as pessoas gritam. Gritam ao céu por justiça, por paz, gritam por solidariedade internacional, pois somente se for apoiada por uma solidariedade internacional, a Ucrânia será verdadeiramente capaz de resistir a esta agressão”.
RV: As pessoas tem sofrido muito, mas também estão muito desorientadas com esta situação confusa….
Dom Schevchuk: “Certamente, porque ninguém nos declarou guerra, não existe um estado de guerra na Ucrânia. Justamente hoje o nosso Presidente participa de um encontro de cúpula em Minsk, onde encontrará o Presidente da Federação Russa, o Presidente da Belarus, do Kazaquistão. Estarão presentes, como nos dizem, também os representantes da União Européia. Por um lado, as relações diplomáticas existem, não tem uma guerra declarada. Mas por outro lado, os carros armados de fora entram no país…”.
RV: Uma oração…..?
Dom Schevchuk: “Eu gostaria de pedir a todos os cristãos, a todos os homens de boa vontade que nos ouvem através da Rádio Vaticano, para que rezem pela paz na Ucrânia: rezem para que isto não se transforme num conflito armado aberto entre Rússia e Ucrânia. Este é o nosso apelo. Peçamos ao Senhor, a Virgem Maria, que é a Rainha da Paz, a paz na Ucrânia”.
Fonte: Rádio Vaticano
Local: Kiev