Dom Arizmendi: o agradecimento do povo indígena ao Papa

Na última segunda-feira, no quarto dia da visita ao México, o Papa Francisco foi a San Cristóbal de Las Casas, onde celebrou a Santa Missa com as comunidades indígenas de Chiapas.

Este Estado, o mais meridional dos Estados mexicanos permanece ainda hoje, apesar de seus grandes recursos naturais, um dos menos desenvolvidos, com uma grande pobreza e analfabetismo. 36% de seus habitantes fala exclusivamente a sua própria língua indígena. Por isso, o Papa entregou um documento que autoriza o uso da língua local nas celebrações eucarísticas

Sobre a visita a Rádio Vaticano conversou com o Arcebispo de San Cristóbal de Las Casas, Dom Felipe Arizmendi.

P. Dom Arizmendi, o Papa dedicou grande atenção aos indígenas. As comunidades locais, como acolheram isso?

R. Os povos indígenas, os povos aborígenes, os originários como queiram chamar, foram visitados pelo Papa Francisco não somente de Chiapas mas também de outras partes do México, e também de uma forma no seu coração, todos os povos aborígenes da América Latina. Este foi um presente de Deus, uma carícia da misericórdia de Deus a esses povos desprezados, esquecidos, marginalizados. Como receberam a sua mensagem… como uma fortaleza para o seu coração, eles mesmos disseram, nos sentimos animados a seguir avante. Obrigado por nos dizer que somos importantes, que valemos, que não somos objetos. O Papa também quis expressar que devemos pedir perdão aos povos, porque muitas vezes foram desprezadas suas culturas, e nossos povos, nativos, originários, aborígenes, como queiram chamar os indígenas, valorizaram muito a presença do Papa que aceitou almoçar com os indígenas e não com cardeais e políticos, esse foi um valor muito evidenciado, que a leituras e os textos e os cantos foram feitos nos idiomas próprios, isso é algo ao qual foi dada muita importância, e damos graças a Deus por essa visita do Papa.

P. A Igreja mexicana está preparada para enfrentar os desafios apresentados pelo Papa?

R. O Papa na sua visita ao México nos fez muitas propostas, recomendações, muitos desafios. Em particular referentes à enculturação da Igreja nas comunidades indígenas. Defender os direitos dos povos, defender a mãe terra, são desafios aos quais estamos preparados para enfrentá-los. Vamos trabalhando. Eu não poderia dizer que somos uma Igreja que responde perfeitamente aos desafios que o Papa nos apresenta, mas nos esforçamos em responder. E neste caso concreto da proximidade aos povos indígenas, nós vivemos com eles, esta é a nossa vida ordinária, o que fazemos de modo ordinário. Não é porque o Papa disse que agora vamos trabalhar, não. Ele veio nos animar a seguir avante, porque ele sabe que já trabalhamos nisso, estamos preparados, estamos trabalhando, não somente nesta Diocese de San Cristóbal. Em muitas partes da nossa América Latina se fazem esforços para responder a essa pastoral com os povo originários. O Papa também nos animou ao nos dizer que a aprovação dos textos litúrgicos de agora em diante não dependerá tanto das instâncias superiores das Congregações vaticanas mas sim das próprias conferências episcopais que estão mais próximas das realidades dos povos. E isso nos animou muito. Ele veio entregar um decreto de aprovação da língua náhuatl, que é a que mais se fala no México, como um idioma litúrgico, e isso nos anima a todos. E que devemos seguir por esse caminho de proximidade às comunidades indígenas. Que o Espírito Santo nos faça sermos fiéis e que essa Quaresma que estamos vivendo seja um tempo de conversão, para que todos em Roma, na Europa, ou em qualquer outra parte, e no México também, nos aproximemos mais destes povos originários, que têm culturas milenares, quais têm muita sabedoria e muita presença de Deus.

Fonte: Rádio Vaticano

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