Deus providente!

    Na véspera do terceiro domingo de novembro a família Barnabita celebra o dia de Nossa Senhora Mãe da Divina Providência. Ao presidir esta solenidade, aproveitamos para celebrar em mais um vicariato o ano dedicado à vida consagrada que, em âmbito diocesano, coincidiu também com a 32ª. Assembleia da Catequese Arquidiocesana. Tivemos, portanto, a graça de encontrar com os consagrados do Vicariato Jacarepaguá, com seus religiosos e religiosas, presbíteros e diáconos, agradecendo a Deus pelo dom da vida consagrada na Arquidiocese, particularmente neste vicariato, para que vivam com entusiasmo a sua vida, e, com coragem possamos testemunhar que há uma grande história a ser construída, principalmente dando exemplo da unidade em Cristo e com a Igreja, levando o Evangelho a todos aqueles e aquelas que estão afastados da prática religiosa.
    Na 32ª. Assembleia da Catequese Diocesana de Iniciação Cristã de toda a Arquidiocese, que se prolonga por todo o dia, o tema de trabalho foi sobre o documento do Papa Laudato Si’, ou seja, a preocupação com a nossa casa comum, todo o ecossistema. Isso também nos ajuda a preparar a Campanha da Fraternidade do próximo ano, que versa sobre o assunto que faz parte da grande preocupação do Santo Padre Francisco. Como a vivência cristã nos leva a preservar o que é nosso, toda a criação, obra de Deus.
    Ao celebrar estes acontecimentos na casa dos padres Barnabitas, aproveitamos para agradecer sua padroeira, Nossa Senhora Mãe da Divina Providência! Que ela interceda por todos eles, pelas vocações e pelas missões. Que Maria seja sempre a certeza daquela que disse seu Sim ao Senhor, que gerou a verdadeira Providência de Deus. Uno-me aos padres e a todos os fiéis da Paróquia em Roma, dedicada à Mãe da Divina Providência, da qual sou o Cardeal Titular, e uno-me espiritualmente a todos os que hoje celebram esta solenidade.
    Tivemos duas intenções particulares para rezar. A primeira intenção é muito urgente e toca diretamente a todo o provo brasileiro: rezamos pelo povo das cidades na Arquidiocese de Mariana, devastadas com o rompimento de duas barragens no Subdistrito de Bento Rodrigues. A Caritas da Arquidiocese do Rio de Janeiro já enviou uma contribuição e continua recolhendo nos depósitos as doações para Mariana. Enviei também com carinho uma carta de solidariedade, da qual já recebi a resposta do querido irmão D. Geraldo Lírio Rocha. A Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro exorta para continuar a campanha para arrecadar recursos para os atingidos pelo rompimento das barragens em Minas Gerais. Os recursos, além dos já enviados, serão disponibilizados pela Caritas do Rio para a Arquidiocese de Mariana. As doações podem ser feitas na conta da Caritas Rio: Bradesco Conta 48.500-4, Agência 814-1.
    A segunda intenção é para rezamos pela paz no mundo, diante do trágico atentado em Paris, na França, em que por volta de 130 pessoas foram assassinadas barbaramente. Recebi do presidente da Sociedade Beneficente Muçulmana do Rio de Janeiro a nota de repúdio e de solidariedade, recordando que “muitos muçulmanos já perderam as suas vidas em decorrência das ações do mesmo grupo extremista”. De minha parte, já me solidarizei com o meu irmão, Cardeal de Paris, manifestando minha proximidade a todos quantos choram pelos seus entes queridos e pedindo proteção e paz para toda a França e para a Europa. Com carinho, ele já respondeu e pediu orações por esse momento difícil por que passa a França. Neste final de semana o monumento ao Cristo Redentor esteve iluminado com as cores da bandeira francesa, demonstrando nossa solidariedade com esse povo irmão.
    Por isso, além de rezarmos nessas intenções, somos chamados também a fazer penitência, jejum e colocar a nossa generosa doação. Diante de tantas perseguições e situações, somos convidados a, de um lado sempre recordar nossas raízes cristãs e, de outro, as consequências e responsabilidades sociais dos cristãos no mundo atual, em especial na questão ecológica. Além disso, precisamos de um mundo transformado para o bem, no caminho da santidade na sociedade.
    A Providência de Deus na vida de cada um de nós: Maria, que nas bodas de Caná, quando faltou vinho foi a Jesus. Ele é a providência para que as coisas se transformem da água para o vinho. Maria, ao mesmo tempo em que disse Sim para Deus, que nasce de Maria, que traz a vida para salvar-nos de nossos pecados. E o caminho é: escutam o que “Ele diz”. Estamos nos braços de Deus como criança nos braços da mãe. Essa presença de Deus nos acalenta, como nos traz a imagem de Maria com a imagem de Jesus nos braços. O Senhor nos conduz com esta Providência de Deus que nos acaricia, que nos aquece, e que as coisas se transformam.
    Maria, Mãe da Divina Providência, é uma oportunidade para aprofundarmos a nossa espiritualidade. Num mundo complexo como o nosso, é necessário que nós nos sintamos acariciados por Deus, pois o Senhor não nos esquece: quando chegou o tempo certo, Ele enviou o seu Filho nascido de Maria.  Que na proteção de Maria não falte a verdadeira alegria, simbolizada pelo vinho nas bodas de Caná.
    Deus nos dá o dom de enxergar os sinais dos tempos. Diante de fatos tão difíceis como os atuais, vem a responsabilidade de todos nós pela nossa casa comum, que é nosso planeta. Nesse sentido, vem o trabalho da catequese, que, em relação à terra, ao clima e à água, nós, como cristãos, devemos conviver com responsabilidade. Somos responsáveis, desde crianças até nosso desenvolvimento humano, no momento do trabalho e do lazer, por cuidar da humanidade. De outro lado, em tempos de tantas violências, guerras e mortes, como assistimos estarrecidos em Paris, na França: somos chamados a estar abertos à presença de Deus que não se esquece de nós no meio da maldade humana. A maldade humana e as guerras acontecem ao nosso redor e vemos que é necessário termos gestos concretos, como Igreja, estarmos presentes quando a maldade humana deixa Deus de lado e pratica o mal contra os outros.
    Além de nossos gestos de solidariedade, é importante também que tenhamos gestos de reeducação com o nosso trato com a casa comum e a nossa solidariedade comum com o mundo. Devemos ter preocupação com a casa comum e o anúncio de que o Senhor vem ao nosso encontro para que façamos tudo que Ele nos ensina. Assim, obedecendo à voz do Senhor, as coisas se transformam de água para o vinho. O mundo pode ser diferente quando mais se ouvir essa voz do Senhor que nos mostra o caminho da verdadeira vida, ouvir a voz de Deus, buscando a paz e a reconciliação.
    Estamos para iniciar o Ano Jubilar da Misericórdia, tempo de graça e de compaixão. Apesar dos comportamentos na sociedade e das dificuldades que os cristãos vivem para anunciar o Evangelho, também as dificuldades de falar de Deus na sociedade que vai perdendo as suas raízes, num mundo em que Deus vai perdendo terreno, pedimos a Maria, Mãe da Providência, mostrando ao mundo a misericórdia de Deus, que não nos esquece, que nos carrega no colo.
    Jamais desanimemos diante dos problemas. Quanto mais vermos as dificuldades e a maldade humana mais devemos confiar Naquele que nasceu de Maria, que é o Salvador e o Providente. Assim teremos tempos novos para a nossa sociedade, com a missão de discípulos missionários do Senhor de levar a paz e a concórdia providente que só Cristo pode dar a cada um de nós! Deus é providente com todos os que são fiéis à sua palavra! Vamos exercitar a confiança em Deus em gestos concretos!

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