Décimo quinto domingo do tempo comum

    O texto do evangelho deste domingo(Lc 10,25-37) é próprio de São Lucas e pode ser dividido em dois episódios:a) questão sobre a vida eterna; b) questão sobre o próximo e como proceder em caso de conflito entre dois mandamentos da Lei.
    Os dois estão estreitamente relacionados pela observação do narrador: “…e, querendo experimentar Jesus…” e a pergunta do legista: “E quem é o meu próximo?”  Este trecho tem um tom de controvérsia: “Um doutor da Lei se levantou e, querendo experimentar Jesus, perguntou:…”
    A resposta de Jesus com uma pergunta faz com que o doutor da Lei responda citando os mandamentos fundamentais da Lei mosaica. A apresentação unitária destes mandamentos é uma leitura da Lei: “Que está escrito na Lei Como lês? (interpretas?). Segundo Lucas, Jesus encontra nas próprias palavras da Escritura o conselho, o mandamento fundamental para a vida do cristão: “Faze isto e viverás”, isto é, ajudando dessa maneira, poderás herdar a vida eterna. O amor é o caminho para herdar a vida eterna.
    Motivado pela pergunta do legista, Jesus conta a parábola do “bom samaritano”. Tal parábola é uma discussão precisa e legal acerca do conflito entre a Lei da pureza e o amor ao próximo. Numa situação como a que a parábola nos apresenta, qual dos dois mandamentos tem precedência sobre o outro? Se a resposta, hoje, é evidente para nós, cristãos, não o era, certamente, para os contemporâneos de Jesus.
    Se o ouvinte e/ou o leitor julga que o sacerdote, mesmo obrigado pela Lei da pureza, deveria ter ajudado o moribundo, pois, neste caso, o mandamento do amor ao próximo te precedência sobre a Lei da pureza, a consequência não é que as leis de pureza são inválidas ou podem ser ignoradas, mas que a Lei do amor ao próximo é mandamento-chave que precisa ser escolhido entre qualquer outro mandamento, em caso de conflito. O amor ao próximo é uma exigência primordial da Torá. A presença do samaritano na parábola confirma que a questão é a da correta obediência à Lei de Moisés. O samaritano, não aceito pelos judeus, conhece a mesma Torá que o judeu e está obrigado a obedecer a todos os mandamentos. Ajudando o homem quase morto, ele está obedecendo ao mandamento. Sua compaixão não é uma alternativa ao legalismo; ela é o que o mandamento do amor ao próximo exige dele.
    Ele ilustra o que significa obedecer a este mandamento nesta situação concreta. Quem cumpre o mandamento do amor cumpre a Lei plenamente.

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