Dar testemunho

    Na celebração eucarística que acontece todas as manhãs de sábado em nossa arquidiocese, mesmo neste tempo de distanciamento social sempre é possível buscar a unidade e nossa abertura ao Espírito santo. Estamos concluindo hoje, a Novena de Pentecostes e iremos celebrar a Vigília nesta noite e, com muita alegria, a Festa de Pentecostes neste final de semana.

             Estamos também concluindo a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, que iremos concluir também com uma vigília ecumênica de longa tradição em nossa arquidiocese. Nesta semana fomos iluminados, mesmo de maneira digital, com várias celebrações durante este tempo com o lema “gentileza gera gentileza!”.

             Hoje nós celebramos a memória facultativa de Nossa Senhora Rainha dos Apóstolos, padroeira do nosso Seminário Propedêutico. Nestes dias teríamos, em tempos normais fora da pandemia, as missas na Capela do Seminário Propedêutico Rainha dos Apóstolos. Nós nos alegramos com cada seminarista do propedêutico, que estão unidos a nós, mesmo em suas casas, e pedimos para que sejam futuros apóstolos abertos à ação do Espírito Santo como Maria. Que continuem testemunhando o Ressuscitado e usando as mídias sociais para testemunharem a alegria do serviço ao Evangelho.

    Chegamos praticamente ao final do Tempo Pascal. Com o domingo de Pentecostes, nós encerramos tempo pascal, o 50º dia depois da Festa da Páscoa. Na segunda-feira, com a memória de Maria Mãe da Igreja, nós retomaremos o Tempo Comum durante o ano. Recordamos hoje o momento do Cenáculo onde Maria e os discípulos reunidos estavam rezando, aguardando o prometido dom do Espírito Santo: por isso celebramos hoje a Rainha dos Apóstolos. E a nossa intenção é rezar pelo nosso querido Seminário Propedêutico.

    A palavra de Deus que nos acompanhou durante todo esse tempo da Páscoa, com raríssimas exceções, sempre foi o Atos dos Apóstolos, inclusive aos domingos, onde nós não tivemos a leitura do Antigo Testamento, e sim do Atos do Apóstolos e, também, o Evangelho de João, que neste dia chegam aos seus versículos finais (cf. Jo 21,15-19).

    De um lado Paulo (cf. At 25,13b-21), depois de todas as suas viagens apostólicas, vai a Jerusalém e ali ao ser acusado e para ser julgado ele apela para César e acaba chegando a Roma, como nós vimos hoje. Paulo já em Roma, em prisão domiciliar, mas com a liberdade de conversar tanto com os judeus, como também com os outros, que iriam conhecer a Jesus Cristo. E no Evangelho de João (cf. Jo 21,15-19), também chegando a final, João vai ser o último dos apóstolos que vai morrer, ele ficou para testemunhar quem é Jesus Cristo e que se fosse para contar tudo, nem os livros do mundo todo dariam. Mas ele chega e diz que ele foi colocado para que se possa crer e aceitar Jesus Cristo.

    A revelação, enquanto tal, se conclui com a morte do último apóstolo. Depois disso, justamente, a morte de Paulo, a morte de João e todos os demais acontecimentos é a história quem vai contar os passos seguintes, a tradição da Igreja, iluminada pela ação do Espírito Santo. Ao concluir a leitura dos Atos e, também, do Evangelho de João, nós vemos que é a ação do Espírito Santo que vai conduzir – já estava conduzindo –a história da Igreja no mundo, na sociedade. E olhando e a inspirado na palavra de Deus, nós vemos, meus irmãos e irmãs, que como João nós somos chamados a testemunhar quem é Jesus até o fim da nossa vida. Quem é Jesus Cristo a quem nós seguimos a quem nós anunciamos. E que não somos diferentes, teremos que passar também pelas cruzes e perseguições como o Senhor passou. Não há discípulo maior que o mestre. E ao mesmo tempo, no entanto, anunciar a salvação de todas as pessoas que tanto necessitam.

    Para isso também queremos que os nossos seminaristas do Seminário Propedêutico estejam preparados para essa fidelidade e amor a Jesus Cristo. E é isso que João salienta sempre. O discípulo amado por Jesus, ou seja, sentir-se amado pelo Senhor e, consequentemente ame ao Senhor, e possa levar também a todos aqueles vocacionados o chamado para a vida sacerdotal. Não só sentir-se amado, mas também amar a Jesus Cristo Nosso Senhor, como também ontem Jesus pedia a São Pedro.

    Paulo tinha consciência que, além do testemunho do Senhor em Jerusalém, é necessário que dê testemunho também em Roma. E ali mesmo preso e, depois mais tarde, martirizado, Paulo também dará testemunho de Jesus Cristo. E vai testemunhar aos irmãos judeus que ele está ali por causa da esperança de Israel no Messias, que ele vai anunciar que chegou e ao mesmo tempo, anunciar às pessoas a salvação em Jesus Cristo.

    Essa é nossa inspiração também, porque levados pela ação do Espírito Santo, de um lado nós somos chamados a ver em todos os sinais e acontecimentos a continuar anunciando Jesus Cristo. Quantas e quantas situações nós somos colocados no mundo de hoje, em toda a sociedade, em tantas situações, mas mesmo aí com todas as dificuldades, como Paulo agora em prisão domiciliar, continua anunciando Jesus Cristo, continua falando da sua esperança de Israel, sua esperança e a sua certeza do salvador Jesus Cristo, que está presente e ressuscitado no meio de nós.

    Tantas palavras que de uma certa forma conclui esse Tempo da Páscoa abrindo para a Festa de Pentecostes, que não só encerra o Tempo Pascal, mas abre todo o tempo da Igreja, o tempo dessa presença do Espírito Santo a conduzir a Igreja. Por isso, é simbólico na última missa do Domingo de Pentecostes, quando apagamos o Círio Pascal e dizer aquelas palavras. Esse símbolo do Círio Pascal que nos acompanhou durante todo o Tempo da Páscoa é apagado para que a luz de Cristo brilhe na vida de cada cristão no mundo. E isso vai também ser significativo porque ele vai somente ser aceso nos batizados e nas exéquias, ou seja, de nós pedirmos cada vez mais que sejamos aqueles novos cristãos que recebem o batismo que levem até o fim da vida essa fé que ilumina os povos e brilhe em nossa existência.

    Peçamos a Deus que nós façamos a experiência de João, de sermos amados e amarmos a Jesus Cristo, de sermos testemunhas dele, na nossa vida. Sabendo que por mais que escrevamos, todos os livros não comportam. Mas que seja a nossa vida, o nosso modo de ser, a testemunhar em que nós cremos. E ao mesmo tempo, seja lá em qual circunstância que nós formos conduzidos, como Paulo, que nós saibamos continuar levando e anunciando aquele em quem nós cremos e que realmente nós devemos a nossa vida.

    Essa é a ação do Espírito Santo na nossa vida hoje e na Igreja, desde sempre. E que nós pedimos que se renove em nós esse dom e essa graça, com as dores e sofrimentos que nós trazemos em nossa vida e que nós passamos, seja sempre o anúncio daquele que nós cremos e a quem nós anunciamos, Jesus Cristo Nosso Senhor. Amém!

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