CNBB celebrou os 2 anos da morte de dom José Maria Pires, arcebispo emérito da Paraíba

Neste dia 27 de agosto, quando a Igreja celebra a memória de Santa Mônica, no Brasil se recorda a data de falecimento de três bispos que escreveram histórias importantes e ocupam um lugar em destaque na luta pelos direitos humanos, dos pobres e negros.

Na manhã desta terça-feira, em uma celebração eucarística, na sede da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, em Brasília-DF, fez-se memória dos 20 anos do falecimento de dom Helder Câmara, 13 anos de dom Luciano Mendes de Almeida e dois da morte do arcebispo emérito da Paraíba, dom José Maria Pires, o ‘dom Pelé’ ou ‘dom Zumbi’, como ficou carinhosamente conhecido.

A missa foi presidida pelo bispo auxiliar do Rio de Janeiro (RJ) e atual secretário-geral da entidade, dom Joel Portella Amado e concelebrada pelos padres assessores da casa e jesuítas. A homenagem a dom José Maria Pires ficou a cargo do ecônomo da CNBB, monsenhor Nereudo Freire Henrique que conviveu com ele quando ainda em era estudante no Instituto de Teologia do Recife (ITER).

Monsenhor Nereudo Freire Henrique. Foto: Assessoria de Comunicação da CNBB/Daniel Flores,

“Meu propósito inicial era ser estudante, era concluir o curso como leigo. Mas um dia dom José me chamou e disse ‘você vai ser parte do nosso seminário. Você vai ser nosso seminarista’ e no final do curso me convidou para trabalhar no propedêutico e eu aceitei o desafio”, disse.

O Monsenhor lembrou que, em vários momentos, teve a oportunidade de ir, já como seminarista, para o interior da Paraíba por conta de alguns conflitos de terra, os quais eram marcados por assassinatos de trabalhadores. “Dom José Maria sempre estava junto defendendo os trabalhadores, acolhendo as famílias. Depois da experiência na capital, ele tinha um olhar para a periferia de João Pessoa. Lá ele conseguia se fazer presente na vida do povo levando muita esperança”, recorda-se.

De acordo com o ecônomo, dom José é um homem muito respeitado na Paraíba por seu legado, por ter sempre buscado a verdade, vivenciado a palavra de Deus com olhar especial de esperança para os empobrecidos.

“Alguém que conseguiu traduzir o Vaticano II, conseguiu acolher os pequenos, sempre procurou viver a justiça e marcou a esperança. E esse testemunho está enraizado até hoje na Igreja da Paraíba”, ressaltou.

Dom José Maria Pires. Foto: Matheus Oliveira/CNBB

Dom José Maria Pires, que foi um dos primeiros bispos negros no Brasil, fez a sua passagem aos 98 anos deixando o exemplo de como ser Igreja, de como estar à frente do Povo de Deus. Ele sofreu preconceito por causa da cor de sua pele e transformou essa dor em luta pelos direitos dos negros. Por causa dessa luta, ele foi apelidado por dom José Vicente Távora de ‘dom Pelé’ e por dom Pedro Casaldáliga de ‘dom Zumbi’. Ele lutou contra a discriminação e o racismo, incentivando a organização e a luta dos afro-brasileiros.

Foi também membro da Comissão Central da CNBB, o que seria equivalente nos dias atuais ao Conselho Permanente da entidade, no anos de 1960 e presidente do Regional Nordeste 2 da Conferência, que compreende as dioceses nos estados do Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Alagoas. Ele foi um dos bispos brasileiros que participou do Concílio Ecumênico Vaticano II (1962-1965).

Um legado une esses três bispos na data em que se celebra a páscoa destes homens que foram profetas na luta pelos pobres e discriminados.

Dom Helder Câmara, arcebispo emérito de Olinda e Recife (PE), foi um dos fundadores da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), à qual serviu como secretário-geral (1952-1964). Já o jesuíta dom Luciano Mendes de Almeida, foi secretário-geral da CNBB por dois mandatos (1979-1987) e presidente da entidade, também por dois mandatos (1988-1995).

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