Celebração comunitária

    Após ter mostrado que a comunidade vive conflitos que vêm de fora e também de dentro, São Paulo passa à exortação. Para ele, a celebração comunitária da Eucaristia é momento importante para enxergar com clareza a caminhada e buscar juntos a paz.
    O texto da segunda leitura do vigésimo sétimo domingo do Tempo Comum inicia-se recomendando que os Filipenses não se angustiem com nada, mas, em qualquer situação, apresentem a Deus suas necessidades por meio da oração comunitária, no momento da súplica, com sentimentos de gratidão pelo que Deus tem feito às pessoas. Parece ser esse o sentido do versículo 6. Fica claro, portanto, que Paulo está falando da celebração comunitária como espaço para a serenidade, apesar dos conflitos. E acrescenta: “E a paz de Deus, que vai além de todo entendimento, guardará os seus corações e pensamentos em Cristo Jesus”. Paulo não tem dúvidas disso. Ele próprio, estando preso, está cercado de conflitos. Apesar disso, consegue transmitir a serenidade, mostrando-nos que é possível conjugar luta e ternura numa comunidade conflituosa. Confirmação disso é o fato de a carta aos Filipenses transmitir alegria e paz de ponta a ponta. Trata-se de carta de um presidiário. Se os conflitos brutalizam as pessoas, é sinal de que alguma coisa está certa. Isto vale também para nós: deixamo-nos brutalizar pelos conflitos? Onde está a ternura? Não podemos ter ideia fixa de perseguir as pessoas apenas para destruí-las para ter prazer em ver o seu desafeto defenestrado.
    Em seguida, Paulo apresenta uma série de coisas boas a serem aprendidas em comunidade: “Ocupem-se com tudo o que é verdadeiro, respeitável, justo, puro, amável, honroso, tudo o que é virtude ou de qualquer modo mereça louvor”. E conclui: “Pratiquem o que aprenderam e receberam de mim, ou que de mim viram e ouviram.”
    A celebração comunitária é, pois, o espaço onde nos reforçamos diante dos conflitos e nos abastecemos de ternura; é o lugar onde descobrimos muitas coisas boas e nos animamos na caminhada; onde reavivamos a catequese para a prática cristã.
    Podemos perceber que Paulo não transmitiu aos Filipenses uma catequese abstrata, pelo contrário, suas mensagens eram acompanhadas de ações em que as pessoas podiam constatar na vida dele o que ele estava transmitindo.
    Na minha vida, desde cedo em casa, aprendi a rezar: “Deus providenciará!” Que nós meditemos nisso, lembrando que as nossas ações ensinam muito mais do que nossas palavras.