CARAVANA FLUVIAL EM DEFESA DO RIO TOCANTINS PASSA POR 11 MUNICÍPIOS E COMUNIDADES QUE DEVEM SER AFETADOS COM A CONSTRUÇÃO DA HIDROVIA ARAGUAIA TOCANTINS

Itupiranga (PA) foi o município que recebeu a última parada da caravana fluvial que percorreu 11 municípios e comunidades ao longo do Rio Tocantins, numa atividade de mobilização das populações e comunidades pesqueiras, quilombolas, de agricultores familiares, juventude e mulheres organizadas, em defesa do rio diante dos problemas socioambientais que devem ocorrer com as obras de construção da hidrovia Araguaia Tocantins e durante seu funcionamento.

Foto: Lucivaldo Sena/ Comunidade Amazônica

A expedição teve início em Barcarena (PA), no dia 30 de janeiro e terminou no último dia 5 de fevereiro, com um encontro de lideranças das comunidades a jusante e montante da Usina Hidrelétrica de Tucuruí – a 350 km ao sul de Belém.

A hidrovia integra o chamado corredor Arco Norte que trabalhará de forma multimodal no transporte de cargas (soja e minério, principalmente) através de ferrovia, rodovia e hidrovia desde os estados da região Central do país até o Porto de Vila de Conde, em Barcarena (PA), de onde seguirá pelo oceano aos mercados internacionais.

Uma das coordenadoras da Caravana e secretária da CUT nacional, Carmen Foro, diz que a experiência da troca de informações com população local trouxe otimismo e esperança.

“Quase inexplicável a experiência da caravana, nós ficamos muito alegres, otimistas e cheios de esperança. Conversamos sobre o que essa hidrovia e seus impactos na vida da população local. Saímos com a ideia de que a caravana vai continuar nos municípios com o trabalho local da comunidade na divulgação do significado da caravana”, disse.

Carmen falou também que o grupo já está pensando nos próximos passos que é a formação de liderança jovem, mulheres, pescadores e agricultores sobre a caravana. “Viemos pensando também em que ações jurídicas podemos fazer enquanto organizações que estavam juntas nessa expedição”.

Segundo a coordenação da Caravana, as obras previstas para o rio Tocantins têm como objetivo torná-lo navegável o ano inteiro. Envolve processos de dragagem e derrocamento, em trechos tanto a montante quanto à jusante do reservatório da Hidrelétrica de Tucuruí.

Pedral do Lourenço no rio Tocantins. Foto: Agencia Pará

O projeto atende principalmente ao transporte de commodities, como a soja e o minério.

“Nós fizemos uma visita até o Pedral do Lourenço, mesmo com as pedras sua grande maioria, submersas, nós fomos conhecer o local para ter uma ideia e dialogar com a comunidade local sobre a destruição que será implodir 45 quilômetros de pedral”, destacou Carmem.

Rio Tocantins

Amanhecer na Vila Tauiry – Itupiranga (PA). Foto: Lucivaldo Sena/ Comunidade Amazônica

Com mais de dois mil quilômetros de extensão, o Rio Tocantins é o segundo maior curso d’água 100% brasileiro, atrás somente do rio São Francisco. Nasce em Goiás, atravessa os estados do Tocantins e Maranhão para desaguar no mar, aqui no Pará, perto de Belém. No encontro com o rio Araguaia, forma a Bacia Hidrográfica do Araguaia-Tocantins.

Ao longo do Rio Tocantins, no Pará, vivem indígenas, quilombolas, ribeirinhos, pescadores, extrativistas e agricultores familiares. Populações que tiram do rio o sustento para suas famílias e que movimentam a economia dos municípios da região.

A Caravana em Defesa do Rio Tocantins é uma realização da CUT Brasil, CUT Pará e Fetagri.Pa, em parceria com a Diocese de Cametá, Conselho Pastoral dos Pescadores, Universidade Federal do Pará, campus Tocantins Cametá, Levante Popular da Juventude, Sintepp – Cametá, Movimento dos Atingidos por Barragens, organizações de pescadores e de quilombolas da região, com o apoio do Solidarity Center/AFL-Cio, entidade sindical internacional.

Conheça mais sobre a defesa do Rio Tocantins:

Nesta etapa, o grupo vai conversar com lideranças que vivem em cinco municípios na região da barragem do Tucuruí sobre prejuízos socioambientais que devem ocorrer com as obras de construção da hidrovia Araguaia Tocantins.

Foto de capa: Encerramento do encontro das lideranças da jusante e montante 
da barragem. Lucivaldo Sena/ Comunidade Amazônica

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