Diocese de Picos e CPT realizam visitas a comunidades afetadas por projetos de desenvolvimento

A diocese de Picos (PI) promoveu, entre os dias 17 e 19 de agosto, a “Missão das comunidades em defesa da vida”. A ação, organizada em parceria com a Comissão Pastoral da Terra (CPT) regional do Piauí, com a paróquia São Simão e com movimentos sociais, compreendeu visitas missionárias a famílias atingidas pelos projetos de mineração e da ferrovia Nova Transnordestina nos municípios piauienses de Curral Novo, Simões e Paulistana.

Divulgação

As atividades contaram com a colaboração de 30 missionários, que visitaram mais de 200 famílias, em 19 comunidades dos municípios. O bispo de Picos, dom Plínio José Luz da Silva esteve presente na ação.

O objetivo da iniciativa foi de conhecer os anseios, as preocupações e apelos das famílias frente à mudança de realidade, afetada pelos projetos de mineração e pelas obras da ferrovia Transnordestina.

Das visitas realizadas, o grupo de missionários pôde elencar as principais características das comunidades e identificar, a partir dos relatos, dificuldades enfrentadas pelos moradores. Após este processo, foi feita uma lista de propostas para encaminhamento aos governos municipal, estadual e federal.

Comunidades

As comunidades de Curral Novo, Simões e Paulistana têm um aspecto religioso “muito forte”, de acordo com a diocese, com destaque para “a vivência da fé, as celebrações, as pastorais e movimentos religiosos, tendo como base fé em Deus, amor ao próximo, e luta e resistência pelos seus direitos”.

Sobre as características socioeconômicas, há a criação de animais de pequeno porte, como caprinos e ovinos. Outro elemento diz respeito à presença de infraestrutura de enfrentamento à seca, que é característica da região. Açudes, cisternas, poços artesianos e programas governamentais são alguns exemplos.

Desafios

A população dos três municípios apresentou aos missionários algumas dificuldades enfrentadas pela ausência de serviços públicos e relacionados à execução de obras na região. Foi relatada a deficiência na implantação e manutenção de políticas públicas, além do transporte escolar precário para os estudantes.

Em relação às obras, a diocese de Picos relata que “as comunidades estão sendo palco de implantação de grandes projetos, que ao invés de trazer o desenvolvimento para as famílias, estão trazendo o atraso e ameaças de expulsão dos locais que tradicionalmente vivem”.

A questão do acesso à energia elétrica foi outra indicação dos moradores. Segundo relato das famílias, a empresa mineradora tem dificultado a implantação de um programa governamental, impedindo que sejam instalados postes em seus terrenos na região.

Propostas

Missionários e moradores construíram, ao final das visitas, duas listas de propostas com o objetivo de entregá-las, às autoridades municipais, estaduais e federais.

No âmbito do município, as reivindicações referem-se ao transporte coletivo e escolar. Pedem ainda, o conserto da estrutura física e mobiliária das escolas, além da construção de prédios próprios onde não houver. Também solicitaram adequação na oferta de merenda escolar e contratação regular de funcionários.

As comunidades também pedem a implementação do Programa Luz para Todos; pagamento de indenizações justas, relacionadas aos impactos das obras da Nova Transnordestina; revisão de critérios de indenização, de modo a incluir benfeitorias e pessoas prejudicadas que não receberam a compensação; fiscalização contra abusos de empresas mineradoras e construtoras; revisão de licenciamento ambiental; e realização de consultas e audiências públicas com participação das comunidades.

Fonte: CNBB