Caminho para a perfeição humana

    Estimulados pela graça são inúmeros os cristãos que aspiram caminhar em busca da perfeição. Rompidos os laços com o pecado, surge o anseio de uma vida espiritual mais intensa. Entretanto. é preciso que cada um seja sincero consigo mesmo e reconheça quanta miséria há no fundo de seu coração. As consequências do pecado original exigem uma atenção contínua para que seja banida a perversidade a qual pode contaminar todas as ações. Nem sempre o batizado age segundo os interesses de Deus, mas de acordo com o que solicita o amor-próprio.  Contudo, para se atingir a autêntica santidade numa fidelidade contínua a Deus são necessárias a generosidade e uma lealdade completa. Para isto existem meios valiosos.  Cumpre pedir a Deus luzes para conhecer as intenções reais de tudo que se faz. O Criador deve estar em primeiro lugar e não os motivos egoístas que deturpam muitos esforços, malbaratando grandes méritos para a eternidade. A iluminação divina leva então o fiel a diagnosticar os motivos secretos de tudo que pratica. É preciso uma purificação dos desejos que levam à ação a qual deve visar unicamente a glória de Deus e o bem do próximo, escapando assim cada um das mais sutis ilusões geradas pelo egoísmo. Nunca deixar  de desconfiar de si mesmo para poder tudo realizar de acordo com o espírito de Deus. Eis por que a reflexão, a oração, o exercício da presença de Deus se tornam recursos valiosos para que se evitem os erros. Deste modo, se toma o Paráclito como guia e este conduz à renúncia de tudo que não se harmoniza com a vontade divina. Tudo isto se consegue no dia a dia, passo a passo, durante toda a vida. O Espírito Santo vai tornando o fiel cada vez mais dócil, enérgico e perseverante. O amor a Deus  passa a impregnar toda a atividade humana. Atinge-se aos poucos  desta forma uma espiritualidade eclesial autêntica alcançada pelo discernimento que o Espírito Santo vai comunicando aos que almejam um progresso ininterrupto na vivência de todas as virtudes. Há então um diálogo permanente com o Pai, sustentado pelo Evangelho sob a conduta do Espírito santificador. É nesta altura de sua vida que o cristão tem um poder especial para rezar pela conversão dos pecadores, sendo um sustentáculo dos trabalhos pastorais da Igreja no mundo inteiro. Olhos voltados para Cristo Crucificado, alimentados pelo Pão Eucarístico tais fiéis fazem resplandecer a verdadeira face de Deus. São as autênticas testemunhas do divino Salvador (At 1,8)..Este testemunho de vida  é o sinal mais importante de credibilidade das verdades reveladas e da presença divina como força transformadora  da existência humana. É a revelação luzidia da força do Evangelho. Apesar de suas limitações, os que procuram o progresso espiritual se tornam o homem novo de que se revestiram no dia do Batismo. Esta é uma realidade possível, mesmo porque  os cristãos são fortalecidos no Sacramento da Crisma para que os outros ao verem suas boas obras glorifiquem o Pai que está nos céus. Surge a dinâmica do amor em busca de uma comunicação da beleza da doutrina de Cristo.  Tudo isto resulta de uma leitura correta  e global de tudo que Jesus ensinou. O Filho de Deus  apresentou a perfeição como o fim que todos devem alcançar para uma transformação radical do mundo enquanto  espaço ocupado pelas forças do mal. Felizmente, a maioria dos cristãos  fazem uma opção livre de um tipo de vida em que possam exteriorizar o sábio radicalismo do Evangelho. A verdade é que a vida do cristão nesta terra deve ter uma consistência peculiar, rica em si mesma, digna de preencher por si só uma existência generosa e reta. É que todo cristão luta então para atingir a perfeição na sua forma peculiar de vida no lugar em que Deus o colocou, com suas tarefas específicas, mediante os carismas outorgados pelo Espírito Santo. Donde o valor essencialmente cristológico da vocação do cristão no mundo. Trata-se de uma vivência profunda do Sermão da Montanha ( Mt 5-7), programa fundamental  de vida cristã e parte essencial de todo  o espírito do Evangelho. Aí se encontram os conselhos da mais alta perfeição, caminho seguro para a santidade preconizada pelo divino Salvador. Deste modo, realiza-se o que São Paulo recomendou aos romanos: “Transformai-vos pela renovação da vossa mente, para  discernirdes  qual é a vontade de Deus, o que é bom, aceito a Deus e perfeito” (Rom 12, 2).  * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

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