Igreja “em saída”

    Iniciamos o mês de outubro, rico em celebrações e comemorações. Com Santa Terezinha do Menino Jesus começamos o mês das missões tendo como pano de fundo o tema do Brasil contemplando a missão como serviço e aprofundando a mensagem do Papa para o Dia Mundial das Missões que vai recordar a missionariedade da vida consagrada neste ano em que lhe é dedicada. Iniciamos também a Semana Nacional pela Vida que terá como ápice o dia do nascituro. É também o mês do Rosário recordando a famosa vitória de Lepanto assim como as demais celebrações marianas como Nossa Senhora de Nazaré e Nossa Senhora Aparecida, e aqui no Rio de Janeiro, Nossa Senhora da Penha. Ao iniciar o mês, no domingo que seria o dia de São Francisco de Assis iremos fazer a caminhada pela Paz – Somos da Paz – dentro deste ano assim denominado pela CNBB. Neste mesmo domingo teremos as eleições para os Conselhos Tutelares neste tempo tão importante de discussão dobre as crianças e adolescentes. Olhamos também a juventude que celebrará no final do mês o Dia Nacional da Juventude com seu tema especifico e o entusiasmo juvenil.  Em Roma vive-se o Sínodo dos Bispos sobre a vida e missão da Família na Igreja e no mundo contemporâneo, tema que será aprofundado e terá subsídios para uma futura encíclica pós sinodal do Papa Francisco.
    A recente viagem do Papa a Cuba e aos Estados Unidos, visitando a ONU e concluindo no Encontro Mundial das Famílias em Filadélfia deu a grande conotação de quem é o líder mundial preocupado com a vida e paz no mundo de hoje. Rezamos na intenção do Santo Padre. O grande missionário.
    Mergulhemos no mês missionário! “Não se abre uma rosa apertando-se o botão”, escreveu alguém.  É um pensamento muito próprio para uma reflexão sobre a vocação missionária do cristão para este mês de outubro, dedicado às missões. Jesus disse ao enviar os apóstolos para anunciar o ano da graça: “Eis que vos enviou como carneiros em meio a lobos vorazes” (Cf. Mt. 10,16). E, quando, mal recebidos em uma cidade, João e Tiago pretendiam mandar o fogo dos céus sobre aquele povo, mas Jesus os repreendeu “Não sabeis de que espírito sois. (Cf. Lc. 9,55).
    A primeira atitude do missionário deve ser a mansidão. O anúncio da Boa Nova é um anúncio de paz. O texto do profeta Isaias lido por Jesus na sinagoga de Nazaré (Cf. Lc. 4,16-22)) e a si próprio aplicado, diz: “O Espírito do Senhor está sobre mim, eis porque me ungiu e mandou-me evangelizar os pobres, sarar os de coração contrito, anunciar o ano da graça”(Cf. Is. 61, 1-4).
    E, logo a seguir, no Sermão da Montanha, revirando todos os princípios e conceitos que o pecado instilara nos corações dos homens, da sociedade e da cultura, declara bem aventurados os mansos, os misericordiosos e os que promovem a paz (Cf. Mt. 5).
    A violência e a agressividade afastam os corações. Não é a toa que Santa Terezinha foi declarada padroeira das missões, ela que jamais transpôs as grades de seu convento e, partindo deste mundo aos vinte quatro anos, podia prometer que dos céus enviaria uma chuva de rosas sobre a terra. São Francisco de Sales, igualmente ensinava que se apanham mais moscas com uma gota de mel do que com um barril de vinagre.
    Ainda no Evangelho lido na liturgia de dias atrás, diante da crítica dos fariseus, Jesus amorosamente acolhe a pecadora pública e lhe perdoa os pecados, e não reprime com exasperação o pecado dos “puros de todos os tempos”, mas os leva à conversão chamando-os ao amor. (Cf. Lc. 7, 36-50) Assim também em outro episódio, uma ceia junto a publicanos e pecadores, o Mestre disse aos que o criticavam: “Não são os que tem saúde que precisam de médico, mas os doentes. Ide aprendei o que significa: prefiro a misericórdia ao sacrifício” (Cf. Mt.9, 10-14).
    O cristão que tem, pelo batismo, a vocação missionária, a missão de anunciar a Boa Nova, tem de ter, ele próprio, um coração semelhante ao de Cristo, manso e humilde, como pedimos na jaculatória, “fazei nosso coração semelhante ao vosso”. Paulo VI, na Evangelii Nuntiandi exorta: “A obra da evangelização pressupõe um amor fraterno, sempre crescente, para com aqueles a quem ele (o missionário) evangeliza.” (nº 79) e cita São Paulo aos Tessalonicenses (2Tes. 8) como programa.
    O missionário, ao levar a Boa Nova a um mundo angustiado e sem esperança ou cuja esperança se esgota com o último suspiro, não pode se apresentar triste e desanimado, impaciente ou ansioso, mas deve manifestar uma vida irradiante de fervor e da alegria de Cristo. Nesse espírito o missionário, sem tergiversar sobre sua fé e sobre a mensagem, abra sua voz para “propor aos homens a verdade evangélica e a salvação em Cristo, com absoluta clareza e com todo o respeito pelas opções livres que a consciência dos ouvintes fará” (E.N 80).
    O anúncio do Evangelho é importante, urgente e todos nós somos protagonistas deste mandato apostólico do próprio Senhor Jesus: “Ai de mim se não anunciar o Evangelho”. Ser missionário não é somente uma tarefa de todo o batizado, mas a razão única para a nossa felicidade completa. A omissão na tarefa missionária é um pecado grave e devemos nos confessar para pedir a graça de sermos discípulos-missionários de Jesus Cristo.
    A pregação: muitos falam que é preciso pregar o Evangelho de Jesus e disto todos nós estamos de acordo. Mas não basta apenas a pregação se não vivemos aquilo que pregamos. Ao pregar somos chamados a ter caridade para com o irmão e nunca o desejo de destruí-lo. Os sinais maravilhosos dos milagres deve ser seguida de uma vida alegre e testemunhada em Cristo.
    Neste ano da esperança em que o gesto concreto em nossa Arquidiocese é justamente a missão em regiões especiais de nossas paróquias e que deve contagiar os corações para sermos “permanentemente missionários”, este mês de outubro se reveste de uma solenidade especial. A nossa missão é evangelizar, pelo testemunho e pela palavra. É anunciar a tempo e fora do tempo a boa notícia. E sabemos que todos esperam escutar essa Palavra que salva!
    A evangelização é uma missão de toda a Igreja. Assim, São Paulo, nos ensina que a iniciativa da pregação não é nossa, mas de um encargo em que a Igreja nos confia. “Assim, livre em relação a todos, eu me tornei escravo de todos, a fim de ganhar o maior número possível” (1Cor 9,19). Evangelizar e pregar o Evangelho com a nossa vida é o culto mais agradável a Deus. Vamos fazer isso de corpo e de alma!

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