Bom Pastor que acolhe e envia!

    O 4º Domingo do Tempo Pascal é considerado o “Domingo do Bom Pastor”, pois todos os anos a liturgia propõe um trecho do capítulo 10 do Evangelho segundo João, no qual Jesus é apresentado como Bom Pastor. É, portanto, este o tema central que a Palavra de Deus hoje nos propõe.

    Jesus é o Cordeiro Divino, pelo qual a humanidade foi redimida das armadilhas da morte, e o Pastor Verdadeiro, que nos conduz por caminhos de vida e de dignidade plenas.

    O Evangelho apresenta Cristo como o Bom Pastor, cuja missão é trazer a vida plena às ovelhas do seu rebanho; as ovelhas, por sua vez, são convidadas a escutar o Pastor, a acolher a sua proposta e a segui-l’O. É dessa forma que encontrarão a vida em plenitude. Jesus afirma que o Bom Pastor conhece as suas ovelhas e estas o escutam e o seguem. Para seguir o Ressuscitado, é necessário reconhecermos a sua voz, resistindo a sermos enganados por outras vozes que podem nos desviar do caminho. O Bom Pastor é aquele que se preocupa com o povo e dá sua vida por ele. É capaz disso porque está unido ao seu Pai, de quem recebe a força para a missão.

    O Bom Pastor é aquele que conjuga ao mesmo tempo três verbos: escutar, conhecer e seguir. O seguimento é possível quando reconhecemos a voz do Pastor. No percurso de sua vida, Jesus sempre procurou ir ao encontro das “ovelhas desgarradas” – dos pobres e descartados da sociedade.

    O Evangelista, em seguida, acentua a doação da “vida eterna”, que não significa apenas a vida que vem após este mundo. A “vida eterna” já começa no aqui e agora, no presente.  Trata-se de “vida plena”, que Jesus é o Pai e desejam a todas as pessoas já agora. A “vida eterna” é consequencia daquilo que tivermos vivido durante o tempo em que Deus nos concede.

    Deus entrega as suas ovelhas nas mãos de Jesus para que ninguém as arrebate das mãos do pastor. O Filho e o Pai mantém uma relação bonita e sólida, da qual Jesus tira a força e a coragem para cumprir fielmente a vontade de Deus e levar a termo sua missão.

    O cristão que escuta a voz do Pastor e o segue fielmente, não somente em palavras, mas com a prática do cotidiano. Por isso, quem de fato segue Jesus não cultiva arrogância, ódio e intolerância nem discrimina pessoas ou grupos – atitudes tão presentes na sociedade de hoje.

    Quem segue Jesus estabelece comunhão de vida com Ele e com o Pai. Jesus deseja firmar, com seus amigos e discípulos, a mesma relação que tem com o seu Pai.

    Jesus fala de ovelhas, no sentido coletivo, porque as ovelhas andam em grupos. O cristão é alguém que nãos e isola dos outros, mas procura viver em comunidade, partilhando a sua vida e os seus dons. Jesus nos convida a abandonar, como ovelhas, o isolamento e o individualismo, para buscarmos viver em harmonia com os outros.

    A primeira leitura(At 13,14.43.52) propõe-nos duas atitudes diferentes diante da proposta que o Pastor (Cristo) nos apresenta. De um lado, estão essas “ovelhas” cheias de auto-suficiência, satisfeitas e comodamente instaladas nas suas certezas; de outro, estão outras ovelhas, permanentemente atentas à voz do Pastor, que estão dispostas a arriscar segui-l’O até às pastagens da vida abundante. É esta última atitude que nos é proposta. Paulo e Barnabé continuam a sua missão evangelizadora entre os judeus da diáspora – que vivem fora da Palestina. Diante da oposição destes, os apóstolos sacodem a poeira dos pés – gesto que indica isenção de responsabilidade – e se dirigem aos pagãos, ou seja, aos não judeus. Com isso, o Evangelho inicia seu caminho até os “confins da terra”, pois a Boa-nova não deve ter fronteiras.

    A segunda leitura(Ap 7,9.14b-17) apresenta a meta final do rebanho que seguiu Jesus, o Bom Pastor: a vida total, de felicidade sem fim. O autor do Apocalipse continua a descrever as suas visões. Ele contempla a multidão dos mártires que deram a vida pelo projeto de Deus e estão reunidos em torno do Cordeiro, celebrando a solene liturgia. Esta leitura nos põe diante de uma Liturgia celeste. Milhares e milhares de pessoas, oriundas de todas as partes e culturas, elevam louvores ao Pai e ao Cordeiro. Vieram da grande tribulação. Vestidas de branco e com palmas na mão, puras, vitoriosas e alegres, suportaram as dores da vida terrena. Testemunharam o Cristo, lavando e alvejando suas vestes – sua vida – no Sangue do Cordeiro, Jesus. Recebem agora a recompensa: não sofrerão mais as privações da fome, da sede e da falta de teto. É a plenitude da vida e da paz! E, mais lindamente, o Cordeiro, antes imolado, agora vivo e ressuscitado, cumpre a promessa: o Cordeiro é o Pastor que as conduz às fontes vivas, saciando-as eternamente da graça benfazeja do Espírito: a água santa, refrescante. É o Céu, a Vida Eterna, prometida pelo próprio Jesus, o Bom Pastor, às suas ovelhas, como ouvimos no Evangelho de hoje: “Eu dou-lhes a vida eterna e elas jamais se perderão. E ninguém vai arrancá-las de minha mão”(Jo 10,28).

    Recordemos, com muita gratidão, pelos nossos pastores: bispos, sacerdotes e diáconos. Como é importante rezar pelos padres, particularmente, pelos que sofrem e estão doentes!

    Junto com eles rezemos por todas as nossas mães, a que caminham conosco, e aquelas que já nos precederam no céu. Ensina o Papa Francisco: “Quero recordar com gratidão e afeto todas as mães, confiando-as à proteção de Maria, nossa Mãe celeste. O pensamento também vai às mães que passaram à outra vida e nos acompanham do céu. Não somos órfãos, somos filhos da Igreja, somos filhos de Nossa Senhora e somos filhos das nossas mães!”. Mães, obrigado pelo seu testemunho de geração da vida!

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