Nossa missão aqui na terra é uma constante e persistente romaria, como na canção: “Sou caipira, Pirapora / Nossa Senhora de Aparecida / Ilumina a mina escura e funda / O trem da minha vida”, mas na esperança da feliz e eterna romaria. Eis o nosso maior desafio: o de viver o Evangelho de Jesus. Fica patente o convite à conversão do nosso coração, na alegria de sempre mais redescobrir o amor verdadeiro, de nos inspirarmos no gesto da Mãe de Deus e de nos unirmos à Igreja em estado permanente de missão, pelos dons do Espírito Santo em Maria, neste outubro missionário.
Sabemos que cada pessoa, no exemplo acima mencionado, ao mergulhar na sabedoria divina, quer mais e mais exteriorizar, difundir e disseminar a ternura compassiva de Deus, carregando consigo, neste mundo, o segredo de seu mistério ou a razão de seu encargo ou dever de edificar o mundo e sua realidade contraditória. Embora se saiba que são muitos os que se encontram na aridez do deserto, também no seu calor escaldante e exaustivo procuram um poço de água, uma torrente miraculosa, no sentido de jorrar água redentora, a mesma de Maria no Rio Paraíba. É o amor transbordante de Deus que nos faz pensar, acima de qualquer metáfora ou alegoria, no mistério da Mãe de Deus.
Neste mês missionário de 2020 somos convidados a abraçar a proposta do Evangelho de Jesus, na compreensão generosa de que “a vida é missão, dom e compromisso”, na ordem vital e irrecusável de Jesus: “Ide pelo mundo inteiro e anunciai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16, 15). Deus nos conceda a graça da consciência de que fomos criados para apreciar e valorizar seu Reino, em sua beleza, não num sentimento de tristeza, nos limites precários e na transitoriedade da vida, mas longe de ilusões e vantagens deste mundo, com um sentimento de viva esperança, anunciada no Magnificat: “O Poderoso fez em mim grandes coisas. Seu nome é santo e seu amor para sempre se estende sobre aqueles que o temem”.
Aventura magnífica, a partir de Michelangelo (1475-1564), pintor, escultor, poeta, arquiteto e gênio italiano, ao retratar, evidentemente através da arte, essa tese, de um modo indizível, mostra a Virgem Maria nas sete dores sofridas com o corpo de seu filho Jesus, morto em seus braços, após a crucificação, com dores colossais e descomunais, que representam as dores da humanidade. Assim seja!