Já avançamos na caminhada quaresmal. Vivemos no final da semana passada as 24 horas para o Senhor. As nossas comunidades estão já com os mutirões de confissões. Acontecem as Vias Sacras pelas ruas e igrejas. O tempo favorável está nos ajudando a renovar nossas vidas a caminho da Páscoa, quando renovaremos os nossos compromissos batismais na grande vigília pascal. Vamos refletir e recordar sobre a importância das celebrações e ritos próprios deste tempo privilegiado de oração jejum e esmola, o tempo favorável da Quaresma.
Estamos nos preparando para a grande Celebração da Solenidade da Páscoa do Senhor, que é o ápice de toda a nossa fé cristã e apostólica.
Assim, todos os ritos e celebrações deste tempo oportuno, nos colocam na direção e alcance desta alegria sem fim, que é a celebração da Páscoa de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Nas celebrações que antecedem as solenidades pascais, os fiéis são convidados a se preparar mais efetivamente através dos ritos penitenciais que são próprios deste tempo. É mandamento da Igreja confessar-se, pelo menos uma vez por ano, pela Páscoa do Senhor. Sabendo que somos chamados a fazer muitas vezes a confissão, no entanto, a ênfase que a Igreja dá a essa prática neste tempo é um convite insistente para que saibamos aproveitar dessa renovação de nossa vida cristã.
Toda a Igreja é convidada a partir do itinerário espiritual de preparação através das práticas penitencias, sobre tudo da caridade, para celebrar a Páscoa com um coração renovado.
E nas celebrações do tempo litúrgico quaresmal alguns sinais serão destacados: a luz, a palavra e água. Estes sinais simbólicos nos ajudarão a refletir de forma pessoal e comunitária, nossa vida e nosso relacionamento com o Senhor e com os irmãos e irmãs, para melhor acolher e viver o mistério da Páscoa.
É bom sempre recordar que o essencial está em nosso coração, e em nossa atitude interior. É aqui o começo desta jornada quaresmal, nosso caminho de conversão.
Nos ritmos e nos acontecimentos do tempo nos lembramos e vivemos os mistérios da nossa salvação. O Centro de todo o ano litúrgico é a celebração do Tríduo pascal: a instituição da Eucaristia na celebração da Quinta feira Santa com o gesto simbólico do lava-pés, e a celebração da Santa Ceia do Senhor, com o memorial do banquete eucarístico a partir do pão.
Na Sexta-feira Santa da Paixão de Nosso Senhor, recordamos na Ação Litúrgica da tarde, o sacrifício de amor do Crucificado e sepultado que culminará com a grande celebração da Solenidade da Ressurreição no domingo de Páscoa.
E no terceiro momento a grande vigília pascal, com a liturgia da luz, a vigília com suas leituras, a liturgia batismal e a eucarística solene.
Desde Domingo de Ramos os sinais irão sendo retomados para que tudo culmine na grande celebração pascal. Devemos recordar do grande significado que este tempo e estas celebrações evoca para a vida cristã e eclesial. Podemos dizer que através do ano litúrgico nós santificamos e consagramos o tempo do Senhor. O nosso tempo se torna sagrado e santificado.
Na realidade, o ano litúrgico é um tempo de humanidade, torna-se ajuda concreta ao serviço do homem. Em particular, com as celebrações do tempo da Quaresma.
O tempo da Quaresma, com suas celebrações e ritos próprio da sagrada liturgia quaresmal oferece a todos os crentes, mais uma vez, a possibilidade de retornar ao Senhor, refazendo e reconsiderando suas próprias vidas.
As celebrações deste tempo penitencial nos colocam na perspectiva do encontro, um encontro com Deus, conosco mesmo, e com os irmãos, sim porque, as celebrações são vivenciadas no clima de comunhão e irmandade.
Isso não ignora a atitude pessoal, porém, remete a dimensão fraterna do encontro eclesial. O Papa Francisco lembra que “a fraternidade precisa ser descoberta, amada, experimentada, proclamada e testemunhada” (cf. http://w2.vatican.va/content/francesco/pt/messages/peace/documents/papa-francesco_20131208_messaggio-xlvii-giornata-mondiale-pace-2014.html, in Mensagem do Papa Francisco XLVII Dia Mundial da Paz, 1º de janeiro de 2014, último acesso em 13 de março de 2019).
Nas celebrações litúrgicas da Quaresma, nas homilias dominicais e a catequese sobre o mistério pascal e dos sacramentos, os presbíteros, exortam os fiéis a partir dos textos sagrados, particularmente as passagens do Evangelho ilustrando os vários aspectos da vida e missão de Jesus em seu ministério, de pregação, caridade e unção.
Estas celebrações são uma oportunidade para podermos compreender a grandeza do amor de Deus, sobre tudo da sua infinita misericórdia.
No tempo da Quaresma a liturgia é sóbria e simples, sem flores no altar e a utilização dos instrumentos para sustentar os cantos. Assim decorre o caráter penitencial deste tempo.
Alguns cânticos são escolhidos, sobretudo, nas celebrações eucarísticas dominical da Quaresma, mas, também nos exercícios piedosos, canções adequadas especifica deste tempo e que respondam o mais possível aos textos litúrgicos.
Tudo isso deve ser incentivado e impregnado com o espírito dos exercícios devocionais que se harmonizam com o tempo quaresmal, como a celebração da Via Sacra e outros para conduzir mais facilmente as almas dos fiéis na celebração do mistério pascal de Jesus Cristo.
Também os momentos de adoração eucarística na Quaresma devem estar unidos ao mistério da sagrada paixão e ressurreição do Senhor. A celebração semanal da Via Sacra, a recitação diária do Santo Rosário e a Liturgia das Horas com a participação dos fies se possível, são meios que facilitam o máximo, o encontro com Deus.
É importante também lembrar que olhar para Jesus também significa acolher a face da misericórdia do Pai. Quanta necessidade de misericórdia hoje tem o mundo! Invocar e obter misericórdia do perdão penitencial significa borrifar a terra ressequida com orvalho divino por causa do pecado e da maldade dos homens. Será importante usar este tempo não só para redescobrir e celebrar o Sacramento da Reconciliação, mas, acolher como um lugar privilegiado para experimentar a misericórdia do Pai.
Somos convidados a desfrutar, no contexto de uma adoração Eucarística prolongada, como é maravilhoso para contemplar o rosto de Jesus, escondido na Eucaristia e deixe-se fixar por Ele contemplando o seu amor incondicional.
Assim, toda iniciação cristã tem um caráter pascal, sendo a primeira participação sacramental na morte e ressurreição de Jesus Cristo. Por esta razão, as celebrações e ritos do tempo da Quaresma deve alcançar o seu pleno como um tempo de purificação e iluminação interior.
Portanto, acolhamos toda simbologia e antes de tudo o espírito dos ritos e celebrações da Quaresma, e assim, com espírito alegre e confiante nos preparemos dignamente para a grande Solenidade da Páscoa do Senhor.