Anunciar sempre

    Neste sábado celebramos Santo Afonso Maria de Ligório, bispo e doutor da Igreja, fundador dos Redentoristas e grande missionário que incentivou as missões. Até hoje os redentoristas levam adiante esse carisma. Além disso ele se destaca na reflexão da teologia moral. Antes da vida eclesiástica foi um grande advogado que ficou decepcionado ao perder uma causa que sabia que estava com a razão, porém o júri tinha sido corrompido. Ele se revoltou e prometeu nunca mais trabalhar como advogado. Decidiu, então, entrar para a vida eclesiástica para servir a Deus e aos irmãos.

    Na assembleia virtual, nos reunimos na manhã de sábado iniciando o novo mês de agosto, mês vocacional, com seu tema “Amados e chamados por Deus” e que tem como lema “És precioso a meus olhos… Eu te amor” (Is 43,4), em que nós somos convidados, somos chamados a rezar por todas as vocações. Teremos cada semana a reflexão e oração para um tipo de vocação diferente.

    Neste sábado, a Palavra de Deus, dentro da sequência das leituras e das    celebrações nos fala da dificuldade do profeta e da não aceitação dele e, consequentemente, da perseguição pois o profeta é chamado a dar a vida.

     Nós ouvimos na primeira leitura Jeremias (cf. Jr 26,11-16.24), que tinha chamado à conversão o povo de Deus,  o povo de Jerusalém, dizendo das consequências, da dureza do seu coração. A leitura de Jeremias vai lembrar justamente de que ele acaba sendo condenado a morte: ele deve morrer. Pedem a cabeça de Jeremias, que tinha profetizado contra cidade. Que, na verdade, tinha chamado as pessoas à conversão dizendo as consequências da não conversão. E aí, como nós ouvimos, houve debate daqueles que não queriam escutar o chamado a conversão, e aqueles que, de uma certa forma, acabavam defendendo Jeremias, como nós faz referência o final da leitura.

    No Evangelho (cf. Mt 14,1-12) nós ouvimos que um outro profeta, João Batista, o precursor do Messias, o precursor de Jesus que O apontou como Messias, o Deus conosco. Ele também tinha chamado atenção de Herodes por ter se unido com a mulher do seu irmão, e, mesmo que Herodes gostasse de ouvi-lo, no entanto mandou prendê-lo. Herodes queria mesmo eliminá-lo, mas não o fazia porque era muito benquisto pelo povo. Mas nas circunstâncias como se narra no evangelho, aparece o pedido da filha de Herodíades que pede a cabeça de João. Então João Batista é decapitado e sua cabeça entregue a filha que a levou à mãe. Também Jesus em outras situações, olhando apenas a parte de humana da questão profetizou contra o templo e até mesmo chorou sobre a cidade. Foi uma das acusações contra Jesus: ele vai destruir esse templo feito pelos nossos antepassados! Não tinham compreensão do que templo que Jesus se referia era o seu próprio corpo (ressurreição). E em outra questão é dito sobre Jesus que, para salvar o povo ele deveria morrer.

    Tantas situações que, quando se prega e anuncia a conversão logo tentam calar a voz dos profetas, a voz daqueles que anunciam o chamado a conversão. Se não for pelo martírio, muitas vezes é pela difamação ou mentira como está muito em voga hoje. A perseguição ao povo de Deus é uma constante constatação nas Escrituras. Tanto no Antigo como no Novo Testamento, mas tem também conhecendo a história da Igreja, de ontem e de hoje: é evidente a perseguição. Dentro de tudo isso somos chamados a conversão. A Igreja sempre, de uma forma de outra, é perseguida. Incomoda a Igreja que testemunha os valores do Reino chamando a atenção para uma vida que não termina com a morte chamando as pessoas a conversão. Muitos tentam manipular a Igreja para seus próprios interesses, muitas vezes ideológicos, para que ela faça e leve as pessoas para aquilo que interessa nas questões de posicionamentos vários.

    Ao mesmo tempo somos impelidos como igreja a continuar testemunhando Jesus Cristo e chamando as pessoas a conversão, a uma nova vida, que é a transformação do coração, levando as pessoas a uma nova vida e, consequentemente, uma nova sociedade, também, como fermento no meio da massa.

    Nós celebramos na sexta-feira, dia 31 de julho, Santo Inácio de Loyola, e hoje, 1º de agosto celebramos Santo Afonso Maria de Ligório. Dois grandes homens que fundaram dois institutos importantes na Igreja. Ontem os jesuítas, hoje os redentoristas com o exemplo da própria vida. Os santos fundadores viveram santamente a vida; passaram por sofrimentos, por perseguições, por dificuldades. Eles, porém, eram pessoas que tinham no seu coração a intensa busca do Senhor. Hoje celebrando a memória dessa busca de Deus e dessa missionariedade, no caso de Santo Afonso Maria de Ligório que, além de seus escritos, da questão da Teologia Moral, da questão do direito, esteve fortemente em sua vida o apelo para a missionaria. A tal ponto que os redentoristas, até hoje, levam adiante esse carisma missionário, evangelizador.

    Vemos, porém, que aqueles que se dispõem a servir ao Senhor, são muitas vezes incompreendidos, mesmo que façam o bem, mesmo que procurem o bem nos outros! São também caluniados, são desprezados! Mas continuam firmes até o fim. A Igreja que é perseguida e aqueles membros da Igreja de ontem e de hoje e sempre, também sempre o serão. Porque temos os valores do Reino de Deus e que está inserida no mundo, na sociedade, presente na sociedade. Vivendo a vida com o povo de Deus. E que está presente nessa pluralidade de situações, mas que dá testemunho de algo que vai além desse nosso tempo e além, também, dessa realidade humana, que leva a gente para toda a eternidade. Vemos com clareza isso no incêndio aos templos como aconteceu neste final de semana na Nicarágua.

    Na palavra de Deus desse sábado, nós vimos justamente o caso de Jeremias: toda a questão de querer calar a boca de Jeremias. Nós vemos também João Batista, que acaba sendo degolado porque profetizou e chamou a atenção para a conversão de Herodes, além do próprio Jesus que, em várias situações que passou quantas vezes foi pensado querendo que ele se calasse.

    Mas nós sabemos, meus irmãos e irmãs, que quanto mais se tenta calar a voz da Igreja, a voz de Cristo na Igreja, mais aparece ainda o testemunho e a palavra de conversão. Logo no começo do Evangelho, quando Jesus aparece, pergunta Herodes “quem é ele”, pensando que é João Batista que tivesse voltado a vida. É por isso que se conta a história de João Batista, mas na dúvida, meus irmãos e irmãs, que é sempre Jesus que vai aparecer através daqueles que os seguem. E nós somos chamados, somos convidados, também, para dizer por que nós cremos em Jesus Cristo. Nós o anunciamos, nós o proclamamos como Senhor e, por isso mesmo, as pessoas que querem a vida, e a vida cada vez mais na plenitude, é o encontro com Jesus Cristo. Por isso nós não podemos deixar de anunciar. De anunciar Jesus Cristo e, consequentemente, a conversão dos nossos pecados, da nossa vida passada, caminhando com empenha para uma vida nova em Jesus Cristo nosso Senhor.

    Assim viveu Santo Afonso, viveram também os Santos que são exemplos para nós de vida cristã. E nos ajudam hoje pelo seu exemplo, pela sua emulação a nós também a colocarmos em prática a palavra do Senhor. Que neste dia de hoje, com essa palavra que nos ilumina, tenhamos a abertura de coração para deixar acontecer na nossa vida a Palavra do Senhor. Amém.

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